Lançamento

Busca da felicidade norteia livro de contos de jornalista brasiliense

Violência, luto, abandono parental e desejo de recuperar escolhas da juventude são ingredientes de 'Eu que Chorei Este Mar', do jornalista e escritor Edis Henrique Peres

Jáder Rezende
postado em 26/12/2022 17:38 / atualizado em 28/12/2022 19:48
O jornalista e escritor Edis Henrique Peres, que está, lançando o livro de contos 'Eu que Chorei Este Mar' -  (crédito: Ed Alves/Divulgação)
O jornalista e escritor Edis Henrique Peres, que está, lançando o livro de contos 'Eu que Chorei Este Mar' - (crédito: Ed Alves/Divulgação)

As relações, de afeto e angústia, são o fio condutor dos 22 contos do livro Eu que Chorei Este Mar (editora Mondru), do jornalista brasiliense Edis Henrique Peres, 24 anos.

Segundo o autor, a busca por vencer a passagem do tempo e encontrar a felicidade é um combustível que movimenta as personagens enquanto lidam com a violência, o luto, o abandono parental e o desejo de recuperar as escolhas da juventude.

As narrativas mostram que nada é tão simples como parece e o mesmo acontecimento ganha profundidade ao ser vivido por mais de um personagem. Do pai doente ao filho que quer ser o homem da casa, os recortes dos contos são de vidas cotidianas confrontadas pelas mudanças — ou pela falta delas —, e o destino que cada um decide traçar para seguir adiante.

Peres revela que os contos que foram elaborados ao longo de cerca de seis anos e que as narrativas foram estruturadas no funcionamento familiar e na busca pela satisfação e contentamento.

Capa do livro 'Eu que Chorei Este Mar', do jornalista Edis Henrique Peres
Capa do livro 'Eu que Chorei Este Mar', do jornalista Edis Henrique Peres (foto: Divulgação)

"Essas narrativas tentam desvendar o íntimo humano ao lidar com as inquietações impostas ou internas de cada personagem. Temos, por exemplo, a filha que enfrenta a morte do pai, ainda criança, e precisa lidar com o luto, e em outro conto uma mãe na terceira idade que sofre com certo abandono dos filhos”, diz o autor.

No capítulo que leva o título do livro, ele registra: "A mãe veio para debaixo da coberta e me abraçou. Em sussurro, perguntei: Nunca veremos o mar? Ela sorriu para mim. Saiu da cama, pegou um frasco de vidro pequeno e limpo que estava no móvel, colheu minhas lágrimas como se fosse feiticeira e depois me disse, em ordem: bebe. Eu não queria, mas ela insistiu. Quando experimentei o sabor de minha dor, perguntou:
Vê? Elas são salgadas. Limpou o rastro de lágrimas da minha bochecha. É porque o mar também vive dentro da gente."

No conto A tia, Peres fala sobre uma pessoa falsa, traiçoeira e com instinto assassino. "Certeza que, se duvidar, foi ela mesma que tinha matado o tio, dando-lhe veneno diário. Não que ele fosse santo. Era outro. Mas tinha uma legião que o defendia: coitado, casado com uma mulher dessas, diziam. No entanto, ele também não era lá homem que se admirasse. Só que a tia era cobra mesmo, às claras, sem esconder de ninguém."

Trata-se da segunda publicação de Peres que, aos 16 anos, publicou o romance Sublime. “Era um livro bem imaturo ainda, em uma fase que estava começando a escrever”, conta.

Peres foi um dos ganhadores do 52º Concurso Literário de Contos do Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup). No mesmo ano, emplacou o primeiro lugar no concurso de contos da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), com o texto A Onça.

Também publicou uma de suas narrativas na revista literária Trema. Apaixonado pela literatura, afirma que quando não está perdido nas páginas de um livro está escrevendo as próprias histórias.

Com 176 páginas, Eu que Chorei Este Mar terá lançamento virtual em 13 de janeiro, às 20h, no canal do Youtube Em Diálogo. Está previsto pra fevereiro lançamento presencial. Até lá, o livro pode ser adquirido no site, por R$ 44,90.

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