Eu, Estudante

TEATRO

Monólogo (In) Cômodos: A Mulher da Ponte estreia na capital federal

Obra premiada no formato virtual entra em cartaz pela primeira vez presencialmente nos palcos do Distrito Federal de forma gratuita para escolas e público em geral

Em meio à constante intolerância humana, seja por gênero, raça, política, classe social, dentre outros temas, a Cia Em Comma, de Santa Maria (DF) resolveu levar para as luzes da ribalta um espetáculo que traz uma mulher comum, prostituta, que tem como sua única amiga a cadelinha Bina. Premiada no formato virtual, o monólogo (In) Cômodos: A Mulher da Ponte entra em cartaz pela primeira vez presencialmente nos palcos do Distrito Federal, de forma gratuita, para escolas e público em geral.

Com direção do festejado diretor Ernandes Silva e do dramaturgo pernambucano integrante da Academia Pernambucana de Letras (APL), Cícero Belmar, o monólogo volta, agora pela primeira vez, presencialmente e em versão repaginada.

O espetáculo, que conta com atuação de Clara Camarano, também premiada pela peça em sua versão on-line como melhor atriz nacional na V edição do Festeco — Confinamentos e Resistências (Mariana –MG), em 2021 —, estará em cartaz em apresentações inéditas nas regiões administrativas de Santa Maria e Gama.

Amor e respeito

(In) Cômodos: A Mulher da Ponte conta a história de uma prostituta que frequenta uma ponte. Divide seus dias ao lado da única e verdadeira parceira de vida: a cadelinha Bina. Em seu quarto, sofre a dor do abandono. Ali, o riso é substituído pela solidão.

A protagonista se vale de uma falsa autoestima para permanecer viva diante do caos e enfrentar a cólera da sociedade. A intolerância humana é o foco, mas a tudo isso sobrevive o amor.

“Ela é uma mulher que pode ser qualquer um de nós. Por isso, não tem um nome específico. A reconhecemos em alguma dor. Afinal, esta mulher vem para disfarçar a dor, o desencanto que são expostos em uma aparente fortaleza para sobreviver em um mundo cão, onde as pessoas parecem ter ficado cegas. Porém, queremos abrir os olhos, por meio da arte, para mostrar que não ficamos e não ficaremos”, destaca o diretor Ernandes Silva, ressaltando que, acima de tudo, a peça traz a mensagem de amor e respeito.

Incômodos de pandemia

Em meio à reclusão social, a falta de emprego e de perspectiva, inclusive mentais, para acabar com o ócio e a depressão, o monólogo surgiu em 2020, quando a Cia Em Comma resolveu adaptar uma obra de Cícero Belmar, autor pernambucano.

Segundo  Ernandes Silva, a versão independente, realizada por meio do site Catarse, reuniu diversos artistas que, mesmo sem verba, resolveram investir em um trabalho que poderia reverberar e falar algo para a sociedade. Ainda mais em tempos também incômodos, onde não saberíamos como sairíamos dos cômodos.

“Contamos com o apoio de uma grande equipe, da nossa família e de amigos. Todos investindo em algo que eu, meu diretor e a equipe sempre acreditamos. É muito importante falarmos de amor, de cura, de respeito. E é uma honra agora estamos nos palcos com um espetáculo voltado aos estudantes e ao público em geral”, diz Clara Camarano.

A peça on-line foi selecionada para diversos Festivais e foi vencedora do prêmio de melhor dramaturgia na 5ª Mostra Nacional de Curta de Teatro de Congonhas (SP). Confira mais detalhes no Instagram: @amulherdaponte_espetaculo.

Gratuito e não recomendado a menores de 14 anos, o espetáculo conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal e estreia nos dias 12 e 13 de novembro (sábado, às 20h, e domingo, às 19h), no Espaço Semente, no Gama.