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TEATRO

Peça sobre amores e sonhos na velhice chega às escolas de Brasília

Espetáculo, com entrada gratuita em colégios de Taguatinga e Guará, fala sobre relacionamento e quebra de estigmas do envelhecer

Após apresentações de sucesso no Sesc Paulo Autran, em Taguatinga Norte, o espetáculo Outra História de Amor vai abranger, agora, escolas do ensino médio público e de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Distrito Federal. A peça, com entrada gratuita, entra em cartaz nesta quinta-feira (4), às 10h30 e 15h30 no Centro Educacional 06 (Setor L Norte – QLN 1), em Taguatinga. Na sexta (5), encerra temporada às 10h30 e às 16h30 no Centro Educacional 3 (QE 17/19 Área Especial B), no Guará 2.

Realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), o espetáculo tem dramaturgia e direção do reconhecido diretor teatral Zé Regino — também fundador da cena cultural da capital federal. A peça conta a história do casal Maria Lúcia (Ruth Guimarães) e Edgar (Humberto Pedrancini). Juntos há décadas, eles falam sobre relacionamento, sexo, sexualidade e a coragem de seguir sonhos e desmistificar o envelhecimento, naturalizando o envelhecer.

“Como discorrer sobre uma história de amor que resiste 45 anos, fruto de uma convivência ininterrupta? Como não reconhecer que a ficção nos provoca poeticamente? Como não reconhecer que essa não é simplesmente mais uma história de amor mas, sobretudo, um reposicionamento de um casal de velhos, diante do amor a dois? Emprestar meu corpo, minha voz e minhas emoções para Maria Lúcia, a personagem da minha idade real, 75 anos, tem sido mais um inusitado aprendizado no teatro e na vida”, destaca Ruth.

Cumplicidade

Nath Britto/Divulgação - Os atores Humberto Pedrancini e Ruth Guimarães Humberto protagonizam a peça teatral Outra História de Amor

E é dentro deste contexto de amor que será retratada a história destas duas pessoas. Com personalidades diferentes, Edgar e Maria Lúcia começam, nessa fase da vida, a ter um conflito existencial que pode romper com a cumplicidade de ambos. Afinal, eles enxergam a vida e a morte de maneira muito distintas.

“Nesse contexto, surgem personagens que trazem do passado várias inseguranças e a possibilidade de redesenhar a vida. Seria tarde demais? Eu falo que essa dramaturgia é meu manifesto anti-etarismo. É muito difícil viver num país onde pessoas na minha idade são discriminadas pela idade que têm. E nós temos sonhos, desejos que só morrem quando a gente morre. Este é só mais um momento da vida que está aí, pulsando. Uma pessoa com 70, 80, 90 anos, também tem seus anseios, seus sonhos”, comenta o dramaturgo e multiartista Zé Regino.

Reencontro

Outra História de Amor visa, também, propor o reencontro criativo desses pioneiros artistas na montagem de um espetáculo teatral que comemora e homenageia seus veteranos, utilizando como mote dramatúrgico a urgência de falar sobre o modo como a sociedade lida com o envelhecimento.

“É uma honra ser dirigido pelo Zé Regino e estar ao lado da Ruth. O mais interessante é que esse espetáculo busca quebrar os estereótipos de que velho não transa, que velho vai morrer. Não! A peça é sobre o contrário disso tudo. Fala sobre sonhos”, explica Pedrancini.