A 36ª edição da Feira do Livro de Brasília (FeLiB) prossegue com programação imperdível até o fim de semana. Além de visitar os tradicionais estandes, os brasilienses podem participar de seminários e oficinas dedicadas ao universo da literatura.
Nesta terça-feira (21), a dupla Carlos Madson e Eloísa Barroso comandam o seminário “Quadradinho: tradição e modernidade na cidade inventada”. A apresentação pretende destacar o dinamismo da vida urbana e os diversos sentidos atribuídos à Brasília.
Segundo Eloísa Barroso, parte de sua inspiração é fruto da dissertação de sua dissertação de doutorado “Brasília: as controvérsias da utopia modernista na cidade das palavras”. Ela apresenta as três conclusões observadas entre os escritores: o encantamento com o Quadradinho, a “cidade mística”; a ausência do sentimento de acolhimento e pertencimento na “máquina de morar”; e a cidade como ela é, reúne o símbolo das pessoas que vivem em Brasília. “A cidade define o homem como o mesmo define a cidade. Nós precisamos decifrar a cidade para nos descobrimos”, diz Eloísa.
Na quarta-feira (22), a pedida é o seminário“Pela estrada de tijolos amarelos, entre palavras, livros e bibliotecas”, que será apresentado pelo escritor Eraldo Miranda e Ana Paula Bernardes, que vão destacar a importância do papel da literatura e das bibliotecas no processo de expansão do modo de pensar das crianças.
Ana Paula, por meio de um bate-papo, compartilhará suas experiências na criação de bibliotecas por todo país. Entre elas, as instaladas no Rio Cuieiras (AM) – próximo a comunidades indígenas –, no Rio de Janeiro (RJ), em Teresina (PI), e em Ceilândia, onde coordena, há 16 anos, o projeto Roedores de Livros.
Segundo ela, o objetivo da roda de conversa é resgatar o lado prazeroso de estar na biblioteca, além de expandir os horizontes das crianças. “As bibliotecas são equipamentos que precisam estar disponíveis para todos, em todos os lugares, seja na capital ou no interior”, defende.
Com mais de 40 obras publicadas, Eraldo Miranda explora sua trajetória de escritor de livros infantis e, como isso, se tornou uma missão para introduzir os pequenos ao universo literário. "Mergulhei no mundo da literatura aos 14 anos. Antes, minha fonte de leitura era recortes de jornais antigos", conta o escritor, que nasceu em Alumínio, pequena cidade do interior paulista cortada pela Rodovia Raposo Tavares.
Ele lembra que em suas andanças pelo país percebeu que muitas cidades, sobretudo as pequenas, não contam com bibliotecas públicas. Daí sua preocupação em levar a literatura para um número maior de crianças e também de adultos.
A apresentação “Literatura Negro-Brasileira do Encantamento Infantil e Juvenil: caminhos possíveis para repensar a literatura", ministrada por Kiusam de Oliveira e Raquel Oliveira Moreira, marca o último dia de seminários, 23 de junho.
O objetivo é mostrar ao público como, historicamente, a literatura contribui com a sustentação das bases do racismo estrutural, ao invisibilizar a comunidade afrodescendente nos livros de literatura infantil. Kiusam vai evidenciar o protagonismo das pessoas negras, mergulhando na fonte da cultura africana. Além disso, a professora Raquel apresenta pesquisa sobre o debate educação básica e o fomento ao debate plural e decolonial.
As oficinas ocorrem durante toda a semana, com temáticas destinadas tanto para o público infantil e escolar quanto para o familiar. Entre elas, as facetas da leitura de poesia a partir da meditação, dicas para narradores de histórias, práticas que ajudam a disseminar a leitura nas escolas, escrita criativa, mudar a perspectiva de consumo da literatura infantil, e aulas para ensinar os adultos a contarem histórias para bebês e crianças.
*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende