ponto turístico

Residência oficial de Juscelino Kubitschek, Catetinho reabre nos 62 anos de Brasília

Com investimento de quase R$ 400 mil na manutenção, toda a estrutura do do "Palácio de Tábuas" foi restaurada para receber turistas e estudantes

Jáder Rezende
postado em 21/04/2022 00:41 / atualizado em 21/04/2022 00:42
 (crédito: Thais Moura/CB)
(crédito: Thais Moura/CB)

O Catetinho, ponto turístico e primeira residência de Juscelino Kubitschek, reabre hoje (21) ao público como parte das comemorações dos 62 anos de Brasília.


Após dois anos fechado em tempos de pandemia, a residência do primeiro presidente da então nova capital nos anos 60, reinaugura para celebração da aniversário da capital federal após encerramento das atividades devido à pandemia da COVID-19. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) investiu R$ 396,6 mil para a manutenção do telhado ao piso de cimento da estrutura arquitetônica com pilotis, desenhada por Oscar Niemeyer, em 1956, que agora volta revigorada para visitação do público que poderá rever relíquias deste museu histórico. Depois da limpeza de forros e da troca de peças de ipê comprometidas, o Catetinho recebeu novas pinturas internas e externas.


“O Catetinho é espaço símbolo de toda a jornada de criação de Brasília. É uma preciosidade para o mundo”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues. Localizado na região administrativa do Park Way, com acesso novo e sinalizado via Brasília Country Club, o Museu do Catetinho passou por pinturas externa e interna do Palácio de Tábuas, Anexo e Sede Administrativa. Essa ação se deu depois da limpeza de forros e da troca das peças de ipê comprometidas. Orifícios na estrutura receberam tela e espuma para evitar entrada de insetos e outros animais.


O piso de cimento do pilotis foi recomposto. Banheiros históricos receberam limpeza dos revestimentos. Cera acumulada nos pisos foi removida. Vigas e pilastras ganharam verniz novo. Durante a manutenção, o acervo de 466 itens foi embalado, entre peças de mobiliário, utensílios, livros, discos e outros objetos, que Juscelino Kubitschek utilizou até 1959 – quando ficou pronto o Palácio da Alvorada –, e armazenado no Centro de Dança, espaço cultural da Secec.

Ao todo, foram investidos R$ 396,6 mil na manutenção que passou por várias etapas
Ao todo, foram investidos R$ 396,6 mil na manutenção que passou por várias etapas (foto: Thais Braga/CB)

A manutenção também ocorre na área externa, com recapeamento total do estacionamento de visitantes feito pela Novacap, que também fez a roçagem de gramados e poda em árvores. Também foi construída a rampa de acesso destinada a pessoas com deficiência e instaladas as sinalizações horizontal e vertical (projeto do Detran/DER). O sistema elétrico e de comunicação foram revisados. Os cuidados com a estrutura do “Palácio de Tábuas” incluíram o piso de cimento do pilotis, que foi recomposto. As vigas e pilastras ganharam verniz novo. A gerente do Catetinho, Artani Grangeiro, que acompanhou o movimento de trabalhadores em turnos de 9h às 17h, não esconde a ansiedade de ver o museu repleto de turistas, moradores do DF e estudantes. Em 2019, o espaço havia recebido quase 45 mil visitantes – 40% de estudantes, 23% do DF, 36% de outros estados e 1% do exterior. “Não vejo a hora de ter os ônibus escolares aqui de novo”, aponta.


O Catetinho está plantado numa espécie de santuário ecológico, na Área de Proteção Ambiental das Bacias do Gama e Cabeça de Veado e na Área de Proteção de Mananciais Catetinho. A beleza que cerca o local e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Morais a compor Água de beber (1960) – quando deram com um olho d’água local durante estada a convite de JK para que compusessem Sinfonia da Alvorada (mesmo ano) – também guarda ameaças ao patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1959. Cupins, brocas e outros insetos xilófagos (que se alimentam de madeira) encontram no Palácio de Tábuas um convidativo repasto. Esse ambiente obrigou a Gerência de Conservação e Restauro a recorrer a tintas com alta resistência às ações climáticas e que contêm fórmula fungicida moderna e de efeito prolongado, além de resinas que repelem água e evitam o empenamento da madeira.

Ao todo, foram investidos R6,6 mil na manutenção do Museu do Catetinho que passou por várias etapas em seu processo de revitalização
Ao todo, foram investidos R6,6 mil na manutenção do Museu do Catetinho que passou por várias etapas em seu processo de revitalização (foto: Thais Braga/CB)


Marco da construção


"“O Palácio de Tabuas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações temporárias e definitivas erguidas na capital com características semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”" Maritza Dantas, arquiteta e urbanista.



Subsecretário do Patrimônio Cultural da Secec, Aquiles Brayner destaca que o Catetinho é marco fundamental na construção de Brasília. “A sua elaboração rústica de madeira, origem do termo ‘Palácio de Tábuas’, referência à sua função de residência presidencial, representa um marco arquitetônico na identidade moderna dos prédios de Brasília, os famosos pilotis, nos oferecendo a sensação de leveza e suspensão no ar.”


“O Palácio de Tabuas serviu como base para o ‘modernismo candango’, sendo modelo para edificações temporárias e definitivas erguidas na capital com características semelhantes, a exemplo do Brasília Palace Hotel e dos prédios residenciais nas superquadras”, reforça a arquiteta e urbanista Maritza Dantas na tese Brasília, Patrimônio Moderno em Madeira.


“O Catetinho incorpora, justamente, essa particularidade do movimento modernista brasileiro, o que está evidenciado no seu volume alongado, elevado sobre pilotis, mas elaborado em madeira, como os vernaculares (habitações que usavam materiais locais) uma vez foram erigidos”, ensina a arquiteta.


Segurança sanitária


Durante os períodos de liberação de espaços públicos ao longo da pandemia da covid-19, o Museu Catetinho não pôde ser reaberto porque não atendia às regras dos decretos, como o distanciamento e a sanitização. Dois anos depois do início da emergência sanitária, o cenário de vacinação e novas orientações de segurança facilitaram a reabertura. “Hoje, temos a orientação da Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz de que a limpeza com água e sabão é muito eficaz, diferentemente do que se sabia antes, quando apenas álcool ou cloro ativo eram recomendados”, observa Artani Grangeiro. Os espaços de exposição, por exemplo, estão sinalizados para que os visitantes não toquem nas superfícies, o que é praxe nos museus históricos. Há ainda dispositivos para desinfecção das mãos com álcool.


*Com informações da Secec-DF


Endereço


Museu do Catetinho
BR 040 – Saída Sul; Park Way/DF
CEP 72401 970 Brasília -DF
Telefone
(61) 3338-8803


Visitação


Terça a Domingo (inclusive feriados) – 9h às 17h
Segunda-feira – Fechado para Manutenção e serviços internos.
Entrada Gratuita


Condições de ingresso e permanência:


• Não é permitido entrada de animais domésticos (o museu está inserido em uma área de proteção ambiental)
• Não é permitida a entrada de alimentos e bebidas na área específica do Palácio de Tábuas e anexo.
• Proibido fumar na gleba do Museu
Serviços oferecidos
• Estacionamento gratuito
• Área para piquenique
• Visita guiada para estudantes (agendamentos: (61) 3338-8803)

  • Ao todo, foram investidos R$ 396,6 mil na manutenção que passou por várias etapas
    Ao todo, foram investidos R$ 396,6 mil na manutenção que passou por várias etapas Foto: Thais Moura/CB/D.A Press
  • Ao todo, foram investidos R$396,6 mil na manutenção do Museu do Catetinho que passou por várias etapas em seu processo de revitalização
    Ao todo, foram investidos R$396,6 mil na manutenção do Museu do Catetinho que passou por várias etapas em seu processo de revitalização Foto: Thais Braga/CB/D.A Press
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