A Administração de Ceilândia pede a retomada do Galpão Cultural, espaço onde ficava um antigo posto policial e foi abandonado por mais de um ano, e que foi reformado pelo projeto Jovem de Expressão. Revitalizado em 2018, o galpão se tornou um local para promover ações culturais e sociais para a comunidade de Ceilândia.
Abandonado em 2016, o espaço de 116 metros era um antigo posto da Polícia Militar, com a ajuda de voluntários e parceiros, o grupo Jovem de Expressão reformando o local que agora abriga sala de dança, teatro de bolso, estúdio audiovisual, galeria de arte, espaço para reuniões, palestras, aulas, cultos religiosos, terapias e entre outras atividades.
Segundo Antônio de Pádua, um dos coordenadores do programa, o espaço foi cedido pelo Estado e já realizou mais de 400 atividades desde 2018. “É um peso encerrar as atividades do Galpão, que hoje, além de ser o único local com uma galeria de arte da Ceilândia, um local com mais de 400 mil habitantes, impactaria mais de 120 jovens que realizam atividades nas oficinas do espaço, além de outros coletivos que utilizam para dança, educação e religião de uma cidade inteira”, afirma.
A Administração da Ceilândia informou que o Governo do Distrito Federal (GDF) quer o local de volta para armazenar remédios da Farmácia de Alto Custo, que funciona na mesma praça que o Galpão Cultural. Há outro prédio do GDF desocupado na mesma praça, porém, segundo informações da Administração, devido a problemas na estrutura, o local se torna inutilizável.
Rayane Soares, também coordenadora do Jovem de Expressão, explica que há muito a perder tirando o espaço da comunidade. “Os espaços culturais no DF ainda são muito precários e eles são muito importantes para a juventude em si, então perder isso é muito difícil. Nós agora começamos a trabalhar com cinema, desde oficinas para produção cinematográfica, direção executiva, roteiro e atuação, além disso, também temos o pré-vestibular comunitário que dá aulas para o PAS e o Enem”, explica.
“Nós não temos nada contra a saúde ou qualquer coisa do tipo, mas queremos entender porque encerrar as atividades de um projeto cultural reformado pela comunidade, sendo que existe outro espaço disponível maior e mais adequado e que pode ser revitalizado para uso? Além disso, o galpão agora é parte da antiga Secretaria de Cultura, o que acaba gerando conflito dentro do próprio governo”, ressalta Pádua. O programa abriu um abaixo-assinado pedindo a continuidade das atividades culturais e até agora com 5.650 assinaturas.
O Correio Braziliense entrou em contato com a Administração de Ceilândia a respeito da situação e questionando a decisão, porém, não houve resposta.
*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo