Eu, Estudante

Humanização

Joca e Acnur promovem projeto para acolher jovens refugiados venezuelanos

Alunos do colégio CIMAN do DF participam do projeto Mi Casa, Tu Casa e escrevem mensagens aos refugiados em Roraima

O jornal infantojuvenil Joca promove o projeto “Mi Casa, Tu Casa” (Minha Casa, Sua Casa), em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), para integrar crianças de todo o Brasil em diversas ações com jovens venezuelanos em Roraima.

A iniciativa também tem o apoio da organização Hands On Human Rights e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo Stephanie Habrich, diretora do jornal Joca, o projeto representa um passo fundamental para o acolhimento dessas crianças e jovens venezuelanos. Ela explica que a mídia não expõe mais o que ocorre na Venezuela e pede que os jovens brasileiros sejam protagonistas nesse processo de humanização.

“A mídia tradicional parou de falar sobre a crise humanitária na Venezuela, que é a mais grave no mundo. E é num país vizinho ao nosso. Queria que as crianças entendessem o que está acontecendo para elas agirem”, reforça.

Stephanie visitou Roraima e conta que são mais de 13 abrigos de refugiados. Muitos deles são crianças que vêm para o Brasil sem os familiares. De acordo com levantamento feito pela Organização Das Nações Unidas (ONU), são 6.600 venezuelanos e 47% têm entre 0 e 17 anos.

Dasha Horita/Joca - Stephanie Habrich, diretora do Joca, acredita que a iniciativa visa promover acolhimento às crianças refugiadas

“Queremos fazer bibliotecas para as crianças que vêm de extrema pobreza, para que elas possam pelo livro receber um acolhimento, receber a educação, ter o mínimo, poder aprender português e se divertir”, explica.


Iniciativa incentiva o protagonismo juvenil

O papel das crianças de todo o Brasil é trocar cartas com os venezuelanos para contar como é ser brasileiro e em troca saber como é a vida na Venezuela e criar um vínculo humano entre eles.

Stephanie também ressalta o papel da literatura para levar conforto e pensar que o futuro pode ser melhor. Ela pede que nas cartas as crianças do Brasil todo deem dicas, como: “o que fizeram para gostar de ler?".

Entre as iniciativas estão a doação de livros infantojuvenis em português e espanhol (que estarão em armários-bibliotecas nos abrigos para venezuelanos), uma arrecadação (crowdfunding) e a troca de cartas. O prazo para que escolas e crianças possam participar da ação encerra em 24 de maio.


Estudante do DF escreve carta

 

Arquivo Pessoal - Kauã Soares Ferrari Feitosa, aluno do Colégio CIMAN, escreveu carta de acolhimento às crianças refugiadas

Kauã Soares Ferrari Feitosa, 11 anos, é estudante do Colégio CIMAN, na Octogonal. A instituição assina o Joca há dois anos e usa em sala de aula, com alunos do infantil ao ensino médio. Incentivado pelos professores, Kauã escreveu uma carta para ser enviada às crianças refugiadas.

"Sejam muito bem-vindos a minha casa, agora sua casa também. Nem imagino os sofrimentos que vocês enfrentaram para chegar ao Brasil. O Brasil está longe de ser um país perfeito. Foi muita coisa triste acontecendo aqui também, inclusive a pandemia. Porém, na pandemia vi muitas pessoas se ajudando, se cuidando e descobri que somos unidos”, disse o estudante na mensagem.

Arquivo Pessoal - Adriana Matias, coordenadora pedagógica do Colégio CIMAN, fica muito feliz com o envolvimento dos alunos em enviar cartas aos refugiados

A coordenadora pedagógica do CIMAN Adriana Ribeiro Matias, 54, explica que os estudantes do 6º ao 9º ano estão escrevendo cartas. Os professores de geografia e redação também levaram para a sala de aula a questão dos refugiados e os valores por trás da ação, como empatia e humanização. Ela também destaca o papel da educação em conjunto ao jornalismo

“O jornal possibilita ao professor ter uma leitura crítica e levar as matérias para sala de aula. O papel da educação é poder gerenciar essa informação e fazer com que os meninos tenham uma leitura cada vez mais crítica e responsável”, pondera.

Além disso, ela observa que o Mi Casa, Tu Casa proporciona um estreitamento do distanciamento social advindo com a situação de calamidade. Adriana conta que fica muito feliz com o envolvimento dos alunos no projeto, porque, nesse momento da pandemia, o exercício de valores humanos se tornaram fundamentais no dia a dia.

“Eles estão muito empolgados, já começaram a escrever cartas, inclusive em espanhol. Há uma expectativa muito grande de receberem a resposta dos refugiados”, conta. “É um projeto muito bonito que possibilita aos meninos poder participar de uma forma ativa e consciente, sendo agentes de mudança.”


Como participar do Mi Casa, Tu Casa

O projeto do jornal Joca incentiva que seus leitores, escolas e outras instituições de ensino participem da arrecadação de livros voltados ao público infantojuvenil tanto na língua portuguesa como da língua espanhola. Os livros podem ser enviados para a sede da Editora Magia de Ler, responsável pela publicação do Joca, no endereço: Rua Dr. Antônio Bento, 560, Santo Amaro, São Paulo (SP).

O Joca ainda convida os participantes a escreverem uma dedicatória às crianças e jovens venezuelanos nos exemplares arrecadados, para que se sintam reconhecidos e acolhidos. Para facilitar e possibilitar o envio de respostas dos venezuelanos que quiserem trocar mensagens, também serão enviados para os abrigos selos postais, papel e canetas. 

A expectativa é que os livros e cartas sejam encaminhados para Roraima na primeira semana de junho. Além disso, há uma campanha de arrecadação (crowdfunding), disponível no site do jornal, para cobrir as despesas do projeto, como a logística de entrega de livros e materiais para montagem da biblioteca, transporte e alimentação de equipe.


Conheça o jornal Joca

O Joca é um jornal produzido especialmente para o público infantojuvenil. A publicação explica o porquê as notícias estão ocorrendo, de forma contextualizada e lúdica para que o público alvo compreenda. O jornal impresso tem periodicidade quinzenal e vem em três línguas: português, inglês e espanhol. O site produz notícias diariamente.

Foi fundado em novembro de 2011, por Stephanie Habrich, em São Paulo, e é o primeiro jornal para jovens e crianças no Brasil.