Eu, Estudante

Literatura

Confira 5 livros da literatura brasileira escritos por mulheres

São obras das escritoras Lygia Fagundes, Carolina de Jesus, Clarice Lispector, Cora Coralina e Eliane Potiguara

Nesta segunda-feira (8/3) é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data foi estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) quando oficializou o dia de reflexão pelos direitos das mulheres, em 1975.

O Eu, Estudante aproveita a data para relembrar cinco grandes livros da literatura brasileira escritos por mulheres.

Ciranda de Pedra (1954) - Lygia Fagundes Telles

 

Agência Brasil - Lygia Fagundes e seu livro Ciranda de Pedra, de 1954

Sinopse: primeiro romance da escritora Lygia Fagundes Telles, datado de 1954, ocorre quando um casal de classe média se separa e a caçula, Virgínia, é a única das três filhas que vai morar com a mãe. É do ponto de vista dessa menina deslocada e solitária que se narram os dramas ocultos sob a superfície polida da família. Loucura, traição e morte são as forças perversas que animam o romance.

Indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em 2016, Lygia Fagundes nasceu na cidade de São Paulo. Outros livros importantes da trajetória de Lygia são Histórias do Desencontro (1958), que recebeu o Prêmio do Instituto Nacional do Livro, Antes do Baile Verde (1970), cujo conto principal dá título ao livro que recebeu o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Escritoras, na França. Ainda recebeu os Prêmios Jabuti, Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras e “Ficção” da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo romance As Meninas (1973) e Seminário dos Ratos (1977) foi premiado pelo PEN Clube do Brasil.

Um importante prêmio recebido por Lygia foi o Prêmio Camões (2005) pelo conjunto da obra da escritora. Lygia foi ainda presidente da Cinemateca Brasileira e hoje é membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira 16. Atualmente, a escritora tem 97 anos.

Quarto de despejo - Diário de uma Favelada (1960) - Carolina Maria de Jesus

 

Reprodução/Pinterest - Carolina Maria de Jesus e seu livro Quarto de despejo - Diário de uma Favelada, de 1960

Sinopse: O livro narra o cotidiano da favela. Negra, catadora de papel e radicada no subúrbio de São Paulo, Carolina Maria de Jesus divide o livro em dias, meses e anos, no formato de um diário. Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. Mãe de três filhas e solteira, Carolina descreve a frustração da extrema pobreza. O livro carrega também uma carga de fé, quando por diversas vezes o religioso aparece como impulso para que Carolina continuasse.

Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914 em Sacramento, uma comunidade rural de Minas Gerais. Ela era filha de pais analfabetos. Após a morte da mãe, a então grávida, foi tentar a vida na capital paulista e se mudou para a favela do Canindé, onde relata as dificuldades pela qual passou. Os cadernos de Carolina eram o resto do material que recolhia no lixo. Seu principal diário, Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, virou best-seller e foi vendido em 40 países.

Carolina também publicou outras obras como: Casa de alvenaria (1961), Diário de Bitita (1986) e Meu estranho diário (1996). Mas estas produções não fizeram tanto sucesso quanto a primeira e a autora terminou a vida esquecida pela crítica quando morreu em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória. Diário de Bitita, por exemplo, foi publicado no Brasil só 10 anos após sua morte. Antes, na França, fora lançado com o nome Journal de Bitita.

Recentemente o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Consuni/UFRJ) aprovou o título póstumo de doutora honoris causa à escritora.

A maçã no escuro (1961) - Clarice Lispector

 

Divulgação/Rocco - Clarice e seu livro A maçã no escuro, de 1961

Sinopse: Em A maçã no escuro, Clarice Lispector conta a história de Martim, um homem que foge da cena de um crime. Durante a fuga, ele tem pensamentos filosóficos sobre a vida e a existência humana. O livro é dividido em três partes, sendo a primeira chamada “Como se faz um homem”, a segunda “Nascimento do herói” e a terceira “A maçã no Escuro”.

Clarice nasceu em Tchetchelnik, uma aldeia na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Embora não seja brasileira, ainda nova Clarice veio com a família para o Brasil. Como escritora, Clarice publicou dezenas de livros com relevância histórica e cultural. Seus principais escritos, além de A maçã no escuro, são Perto do coração selvagem (1944), Laços de família (1960), A legião estrangeira (1964), A paixão segundo G.H. (1964), Felicidade clandestina (1971), Água viva (1973) e A hora da estrela (1977).

Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro, em 9 de dezembro de 1977. Dez anos antes, em 1967, a escritora quase morreu após dormir com um cigarro aceso. Ela sofreu várias queimaduras no corpo e principalmente na mão direita. Por isso, precisou passar por várias cirurgias.

Vintém de Cobre (1983) - Cora Coralina

 

Reprodução/Pinterest - Cora Coralina e seu livro Vintém de Cobre, de 1983

Sinopse: Livro de meias confissões de Aninha, que é a própria autora da produção. Na obra Ana narra casos que se passaram na cidade de Goiás – uma cidade que nasceu no ciclo do ouro e teve seu auge no século XVIII. A autora leva os leitores a conhecer personagens que fizeram parte de sua vida e conta a história de sua cidade, de sua infância e de seus sentimentos.

Cora Coralina é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto, que nasceu na cidade de Goiás, no Estado de Goiás, em 20 de agosto de 1889. Poetisa, Cora estudou só até o primário quando criança. Começou a escrever com 14 anos e, só em 1965, com 75 anos, Cora Coralina realizou um sonho e publicou o primeiro livro O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Cinco anos depois, passou a ocupar a cadeira nº. 5 da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Em 1976, lança seu segundo livro Meu Livro de Cordel.

A poetisa escreveu sobre o seu tempo e sobre o futuro, destacando a realidade das mulheres dos anos de 1900. A casa onde morou a poetisa Cora Coralina é hoje o museu da escritora. Cora Coralina faleceu em Goiânia no dia 10 de abril de 1985.

Metade Cara, Metade Máscara (2004) - Eliane Potiguara

 

Divulgação/ Eliane Potiguara - Eliane Potiguara e seu livro Metade Cara, Metade Máscara, de 2004

Sinopse: A obra conta o amor de um casal indígena que se separou na época da colonização brasileira, causando violências e destruições étnicas. Em uma viagem de cinco séculos em busca de um e outro, eles conhecem todas as Américas e suas histórias. O romance consegue abordar temáticas como amor, relações humanas, paz, identidade, história de vida, mulher, ancestralidade e família.

Eliane Potiguara é professora, escritora, poeta, ativista e empreendedora, além de ser de origem étnica potiguara. Cursou letras e educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e hoje já conta com sete livros publicados. Ela participou da elaboração da Declaração Universal dos Povos Indígenas/ONU por seis anos nas sessões em Genebra e recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Cultural do Brasil pelo Ministério da Cultura.

Nascida em 1950, Eliane publicou também A terra é a mãe do índio (1989), AKAJUTIBIRÓ, Terra do índio Potiguara (1994), O Coco Que Guardava a Noite (2012), O pássaro encantado (2014) e A Cura da Terra (2015), entre outros.

*Com a supervisão da editora Ana Sá