Onze artistas estrangeiros e brasilienses lançaram o livro Cerrado Ecoarte, financiado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e resultado de uma imersão artística. A obra recém-lançada reúne textos ligados ao bioma típico do coração do país. Narrativas, saberes populares, histórias de ancestrais da região, orientações de como reconhecer as plantas e reutilizar materiais descartáveis, além de quatro coleções de fotos compõem os 15 capítulos da publicação.
O projeto Cerrado Ecoarte surgiu a partir de um programa de residência artística no Jardim Botânico, com organização da artista e mestranda em artes visuais da Universidade de Brasília (UnB) Thaís Kuri, 31 anos.
A valorização do cerrado defendida no livro coincide com a urgência de prevenir e parar a devastação e a destruição dessa natureza. De acordo com pesquisa feita pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de 18% dos incêndios registrados no Brasil em agosto ocorreram no cerrado.
O público-alvo da coletânea é formado por formadores de opinião, pesquisadores, ONGs e escolas. Thaís explica que os leitores prioritários devem ser de instituições de ensino. “O livro tem que chegar até professores e professoras para que eles possam trabalhar esse conteúdo com os alunos”, afirma.
“A gente espera que esse trabalho traga, de uma forma poética, inspiração para que qualquer pessoa possa despertar para a necessidade de uma mudança de paradigma em relação à forma com que as pessoas vivem e se relacionam com o ambiente”, pontua a artista plástica.
Semente plantada
O livro digital já alcançou algumas organizações sem fins lucrativos. “Fiquei muito encantada e muito feliz em perceber que a obra está tendo força para inspirar e conectar pessoas”, celebra Thaís. Para conquistar mais leitores, inclusive estrangeiros, a obra foi traduzida para o inglês.
A divulgação do livro também continuará por meio de rodas de conversa on-line. Thaís acredita que o Cerrado Ecoarte é uma semente que ajude a despertar nas pessoas, desta e das próximas gerações, a consciência para viver em equilíbrio com o ambiente.
Como tudo começou
A inspiração original para o projeto nasceu quando Thaís se mudou de Governador Valadares (MG) para Brasília a fim de estudar artes plásticas, há 13 anos. O encontro com a capital federal e com o cerrado foi marcante. “Eu era uma pessoa bem urbana e não tinha esse contato com a natureza antes disso”, explica a socioeducadora.
Em Brasília, Thaís morou na Casa do Estudante Universitário (CEU/UnB). O câmpus Darcy Ribeiro é todo permeado pelo cerrado, e ela descobriu no bioma o potencial para usar a arte como ferramenta para despertar nas pessoas a necessidade de mudança.
Thaís escreveu a proposta do projeto em 2016, para submeter ao FAC, quando voltou de uma residência artística nos Estados Unidos, mas o projeto não foi aprovado. Em 2017, a ideia enfim foi contemplada com o recurso, liberado no fim de 2018. A imersão criativa no Jardim Botânico ocorreu no ano passado. O livro teve uma equipe muito engajada, liderada por ela e outras duas mulheres: Maria Carolina Santana, jornalista, e Alessandra Tótoli, designer.
Saiba mais e leia!
Para mais informações sobre o livro e projetos futuros, conheça a página do projeto no Instagram. Interessados em fazer o download gratuito da obra, podem acessar este link.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa