O Concurso Nacional Unificado, o "Enem dos Concursos", ocorreu neste domingo (18/8). Ao todo, 1 milhão de pessoas realizaram a prova, de acordo com a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck. As provas foram aplicadas em 228 cidades, em mais de 70 mil salas.
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O Correio conversou com o professor Marquinhos Fonseca, do Gran Cursos, após o encerramento das provas, para entender logística, elaboração de conteúdos e taxa de abstenção do certame. Confira a seguir:
Professor, o que você achou da prova?
Eu achei a prova muito bem organizada. Não tivemos grandes intercorrências com relação à logística, não tivemos grandes relatos de atraso. Eu achei interessante que o próprio Ministério da Gestão e da Inovação, logo após o início das provas, já publicou nas redes sociais que as provas tinham começado em todo o país. Achei muito interessante a logística, a organização das provas. A primeira impressão que a gente tem do concurso é que foi uma prova muito bem organizada.
A questão da segurança das provas te chama atenção?
Sim, me chama atenção porque tivemos candidatos que saíram com as provas sem autorização, mas o próprio ministério já informou que essas pessoas serão desclassificadas do concurso. O presidente da Polícia Rodoviária Federal esteve presente na entrevista em que a ministra [Esther Dwek] fala sobre a segurança. Estão envolvidos Inep, Polícia Rodoviária Federal... Acredito que nesse quesito logístico e de segurança o ministério tenha marcado um belo gol.
O que você destacaria com relação às provas, especialmente dos blocos 1 a 7 (vagas com exigência de ensino superior)?
O que eu achei muito interessante nas questões, especialmente as discursivas, foram os temas técnicos que foram trazidos, totalmente vinculados aos blocos. Foi feita uma prova discursiva no Bloco 2 voltada para SQL e banco de dados. A prova discursiva do Bloco 4 foi voltada para os direitos trabalhistas da gestante em situação insalubre. Quando a gente vê esse tipo de tema sendo cobrado em cada bloco, cobranças vinculadas ao conhecimento específico de cada área, é muito bacana. Não teve nenhuma questão polêmica, que fugisse do edital.
Como esse modelo de concurso unificado pode trabalhar gargalos do serviço público?
Pelos temas cobrados nas provas discursivas, a gente vê que o governo trouxe problemáticas do serviço público nas questões. Essas problemáticas o candidato tinha que resolver para fazer um bom texto, e esse texto tinha um valor muito grande na nota. Se o candidato se viu no serviço público... Muitas vezes acontece de uma pessoa passar em um concurso e permanecer por conta da remuneração envolvida, mas não se sentir no serviço público. Eu achei que foi um grande planejamento do governo para mapear o candidato se tem perfil de servir ao público.
Chamou a atenção o fato de mais de 50% dos inscritos não terem feito a prova. Como se explica esses dados?
Vivemos um momento de grandes concursos públicos e muitos concursos públicos ao mesmo tempo. Vou citar só os do Poder Judiciário da União, que já saíram: CNJ, TRF 1, TRF 2, TRF 3, TRF 5, TSE, está para sair STJ. O CNU agora vai fazer oito meses desde a publicação de seu edital inicialmente. Quem começou estudando para o CNU, antes de todos esses concursos serem publicados, a pessoa se deparou com disciplinas inovadoras, que não são costumeiras nos concursos. Quando o candidato se deparou com o edital ele se assustou, mas já tinha feito a inscrição. E foram saindo esses outros concursos. As pessoas foram migrando, porém já estavam inscritas.
Além disso, a pessoa que sente que não fez uma boa prova da manhã normalmente não vai à tarde, sendo que a maior nota é justamente da segunda prova. Esse tipo de situação acaba impactando muito esse número de abstenção.