Muitos candidatos a concursos públicos, por considerarem ter limitações em casa, optam por estudar em bibliotecas públicas. Contudo, como o Correio apurou, nem todas estão devidamente preparadas, na opinião de vários desses usuários.
O DF, de acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, conta com 24 desses estabelecimentos. Segundo dados da pasta, em 2023, mais de 400 mil pessoas utilizaram as instalações.
Jeferson Bogo, 47 anos, professor em uma escola preparatória para concursos, confirma o porquê de alguns alunos quererem utilizar bibliotecas. "O barulho dos familiares, dos vizinhos atrapalha a concentração. E há muitas distrações, como televisão, celular. Na biblioteca, ela vai conseguir encontrar um ambiente favorável para os estudos", disse ele, que considera haver nesses locais ambientes motivadores para os estudantes se empenharem no aprendizado.
"Eu realmente não vejo (no DF) bibliotecas com um ambiente para os estudos, condição que eu considero de grande importância. Além disso, o acesso à internet é fundamental. As pessoas têm celulares, mas muitas não possuem um plano necessário para acessar conteúdos na web", acrescentou o docente.
No ano passado, a Biblioteca Nacional de Brasília ofereceu cursos para os servidores das bibliotecas públicas regionais. O objetivo da iniciativa era atualizar os conhecimentos desses profissionais com cuidados e adequação dos livros, além de aprimorá-los sobre o trabalho em outros serviços que prestam. Porém, como consideram o professor Bogo e outros frequentadores desses espaços no Distrito Federal, é necessário fazer bem mais para que efetivamente a comunidade seja atendida a contento.
Experiência
Rubens Santos, 32, utiliza a biblioteca pública de Samambaia, que considera deficitária. "O acervo (dos livros) para concurso deveria ser atualizado. E acredito que precisamos de um acesso mais rápido à internet", reclamou. O concurseiro listou o que deveria ser melhorado. "O local, apesar de ser espaçoso, deixa a desejar por haver barulho. E o teto, por ser coberto com isopor, em dias quentes, faz aumentar a temperatura, e o ambiente fica praticamente impossível para o estudo. Não existe ar-condicionado e os banheiros precisam de reformas. Sempre algum deles está interditado", lamentou.
Os estudos da advogada Cristina Amaral, 38, são feitos em uma área adaptada para servir como biblioteca, dentro da Administração Regional do Cruzeiro. "Está muito precária. Os livros, em condições ruins, e muitos deles guardados em sacos de lixo. Nem todas as cadeiras são boas. E as tomadas não funcionam bem, há até avisos para elas nem serem utilizadas. A fiação do ar-condicionado pegou fogo faz duas semanas", relatou.
Mas, se há contras, também há prós. Cristina se diz satisfeita por haver câmeras com reconhecimento facial. Isso, para ela, aumenta a sensação de segurança de quem vai ao edifício da sede da região administrativa. E, mesmo, com falhas na estrutura elétrica, a advogada se mostrou satisfeita com a infraestrutura e a manutenção do ambiente. "A biblioteca possui baias para estudos e computadores com acesso à internet", contou.
A estudante de concurso Isabel Pereira, 42, moradora de Arniqueiras, também se diz satisfeita com o espaço que frequenta no Guará. "A biblioteca possui computadores com acesso à Internet, o que facilita muito o estudo. O ambiente é limpo e tranquilo e os livros estão atualizados", relatou. Mesmo se sentindo bem atendida, entretanto, Isabel sugeriu algumas providências para melhorias. "O ambiente precisa de um ar-condicionado e a sala de estudos necessita ser ampliada", opinou.
*Por Alessandro de Oliveira, estagiário sob a supervisão de Manoel Martinez
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