DF - Concursos - Lorena Pacheco
postado em 26/06/2019 08:00
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A Parada Gay reuniu 3 milhões de pessoas em São Paulo. Nas muitas quadras da Av. Paulista, sobressaíam duas palavras — orgulho e respeito. Cores coloriam as vias. As mais visíveis eram as do arco-íris. Fantasias, chapéus, guarda-chuvas esbanjavam vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Era tal a exuberância que, ao falar no assunto, pintou a dúvida. Qual o plural da duplinha? A resposta é fácil como andar pra frente. Ela é invariável: o arco-íris, os arco-íris.
Rastro no céu
Na mitologia grega, íris era a mensageira de Hera, mulher de Zeus. Criatura do ar, voava à Terra com recados da primeira-dama do Olimpo. Usava um xale colorido e, de tão rápida, deixava um rastro nas mesmas cores no céu – o arco de Íris. Com o tempo, o arco passou a simbolizar a ligação, ponte entre os deuses e os homens. Íris virou substantivo comum que dá ideia de cores. Eis por que a parte colorida dos olhos se chama íris.
O filho do Huck
Benício, filho de Angélica e Luciano Huck, sofreu um acidente enquanto praticava wakeboard no litoral sul do Rio. Por causa de uma pancada na cabeça, foi hospitalizado. Precisou ser submetido a neurocirurgia. Ao escrever a palavra, surgiu a questão: com hífen? Sem hífen?
Neuro- pede o tracinho quando seguido de h. No mais, é tudo colado: neuro-hipnose, neuro-hipófise, neuro-hormonal. Mas: neurocirurgia, neuromuscular, neuroendocrinologia.
Cochilo da Marinha
A Marinha do Brasil comentou o acidente de Benício. Na nota, escreveu que “o filho do apresentador esquiava em prática esportiva, desequilibrou-se da prancha e chocou a cabeça na mesma”. Ops! Tropeçou no emprego do mesmo. O dissílabo não tem vez no lugar de substantivo ou pronome: Vi Maria. A mesma embarcava no voo com destino a São Paulo. Xô! Vi Maria. Ela embarcava no voo com destino a São Paulo. O filho do apresentador esquiava em prática esportiva, desequilibrou-se e chocou a cabeça na prancha.
Dois empregos
O dissílabo mesmo tem dois empregos nota 10:
1. Quando reforça nome ou pronome, concorda com o termo a que se refere: Ele mesmo leu o discurso. Ela mesma leu o discurso. Nós mesmos (mesmas) lemos o discurso. Eles mesmos leram o discurso. Elas mesmas leram o discurso.
2. Com o significado de realmente, mantém-se invariável: Ele disse mesmo a verdade. Eles saíram mesmo às 18h. Caiu mesmo da escada sem se machucar.
Tropeção
Este aviso aparece na parede perto dos elevadores de norte a sul do país. Trata-se de lei. Por isso é reproduzido tim-tim por tim-tim: “Antes de entrar no elevador verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Valha-nos, Deus, Maria e Divino Espírito Santo! É a receita do cruz-credo.
O texto comete quatro pecados – na estrutura da frase, na pontuação, na colocação do pronome átono e no emprego do mesmo. A forma nota 10 é esta: Antes de entrar, verifique se o elevador se encontra neste andar. Melhor ainda: Antes de entrar, verifique se o elevador está neste andar.
Leitor pergunta
Li no jornal a seguinte frase: “O Brasil, tal quais os Estados Unidos, se construiu graças à contribuição dos imigrantes”. Fiquei na dúvida: “tal quais”? Por favor, explique.
Guimarães de Sousa, Brasília
A concordância da duplinha tal qual dá nó nos miolos. Como acertar sempre? Há duas respostas:
1. Os ortodoxos dão esta orientação — cada par concorda com o termo a que se refere. Veja exemplos: Queria que o filho fosse tal quais os tios. As meninas querem ser tais qual a amiga. Ele é tal qual o filho. Os cães, tais quais os donos, podem participar de várias atividades. O Brasil, tal quais os Estados Unidos, se construiu graças à contribuição dos imigrantes.
2. Os liberais mantêm a duplinha invariável porque entendem que ela equivale a como: Queria que o filho fosse tal qual os tios. As meninas querem ser tal qual as amigas. Ele é tal qual o filho. Os cães, tal qual os donos, podem participar de várias atividades. O Brasil, tal qual os Estados Unidos, se construiu graças à contribuição dos imigrantes.
Moral da história: É acertar ou acertar.