Três perguntas e algo mais

'As pessoas sábias falam porque têm algo a dizer. As tolas falam porque têm de dizer algo.' Platão

DF - Concursos - Lorena Pacheco
postado em 29/04/2019 14:53
int(0)
Ninguém sabe por quê. Mas trios bajulam os ouvidos. Pai, Filho e Espírito Santo formam a Santíssima Trindade. Liberdade, Igualdade e Fraternidade foi o lema da Revolução Francesa. Governo do povo, para o povo e pelo povo proclamou Abraham Lincoln. Vim, vi e venci, orgulhou-se Júlio César. Começo, meio e fim são as partes de uma exposição. Ou, se preferir, introdução, desenvolvimento e conclusão. Gênero, forma positiva e voz ativa são três perguntas de leitores. Vamos a elas.

Sem exagero

Cargos e funções se flexionam em gênero? Sim. Se exercidos por mulher, escrevem-se no feminino. Presidente (ou presidenta), agente administrativa, secretária-executiva servem de exemplo. Atenção ao exagero. Siga a índole da língua. Na concorrência de feminino e masculino, fique com o masculino plural. Filhos engloba filhos e filhas. Brasileiros, brasileiros e brasileiras. Amigos, amigos e amigas. Não caia no modismo irritante de discriminar — sem necessidade — o sexo das pessoas: os presentes e as presentes, os leitores e as leitoras, os embaixadores e as embaixadoras. Cruz-credo!

Nãoooooooooooooo

O não provoca arrepios. Por quê? Talvez por lembrar repressões da infância. Não faça isso, não faça aquilo. Não pode isso, não pode aquilo. Os nãos acompanham a pessoa vida afora. Mas ninguém os ama, ninguém os quer. Muitos preferem mantê-los no esquecimento. Por isso a forma positiva ganha banda de música e tapete vermelho. A regra é dizer o que é, não o que não é. Não ser pontual é ser impontual. Não lembrar é esquecer. Não assistir à aula é faltar à aula. Não duvidar é ter certeza. Não fazer mudanças na equipe é manter a equipe. Não votar o projeto hoje é adiar a votação.


Assumir é o verbo

Na frase “Maria escreveu o livro”, o verbo está na voz ativa. Em “O livro foi escrito por Maria”, na passiva. Qual a preferível? Dizem que o brasileiro dá uma boiada para não assumir compromisso. A voz passiva lhe presta uma senhora ajuda. O agente fica lá atrás ou nem aparece. Resultado: a declaração soa frouxa, flácida e desbotada. Salvo exceções (raras), melhor apelar para a ativa. Ela é mais direta, vigorosa e concisa que a passiva. Dê-lhe preferência sempre que puder. Deputados gastaram nove horas pra votar a admissibilidade de reforma da Previdência é construção preferível a Nove horas foram gastas para deputados votarem a admissibilidade da reforma da Previdência.  Glennvan Ekeren escreveu: "Preciso fazer algo resolverá mais problemas do que algo precisa ser feito".


Eis a questão

Ouvido no tribunal: “O médico me disse que só me restavam dois meses de vida. Matei o médico, e o juiz me deu 30 anos. Se eu não reajo a tempo, tinha me lascado”.

Ser chato é...

Num chat sobre música, insistir em falar de futebol.

Leitor pergunta

Penalizar é punir?
Samanta Guimarães, BH

A propriedade vocabular pega bem como usar o cinto de segurança, pedir licença ao interromper uma conversa, dar boa-tarde ao entrar no elevador e distinguir penalizar e punir.

Penalizar significa causar pena, solidariedade, pesar. Punir é castigar: A situação dos imigrantes venezuelanos nos penaliza. É preciso punir quem desrespeita os limites de velocidade.

*** 
Ouvi uma comentarista da tevê dizer que não era “pão-dura”. Estranhei o feminino. Está correto?
Lucas Nobre, Santos

O estranhamento procede, Lucas. O adjetivo concorda com o substantivo. Pão é masculino. Duro só tem uma saída – ir atrás: José é pão-duro. Maria é pão-duro. Maria e José são pães-duros.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação