Quando termina o ano, com uma cara, o senhor do calendário mira dezembro. Despede-se. E fecha a porta do ano velho. Com a outra, observa o ano que chega. Abre a porta e deixa-o entrar. Viva! Que traga sorte.
Eterno retorno
A cada 12 meses, a história se repete. Um ano acaba e começa outro. Nós não deixamos por menos. Mandamos cartões, e-mails ou torpedos. Alguns preferem votos coletivos. Recorrem ao Twitter ou ao FaceBook. Uns e outros têm um denominador comum. Precisam escrever ano-novo assim – com hífen e letras minúsculas.Mais do mesmo
A virada do calendário merece mais que ceia, champanhe e roupa nova. Faz jus à grafia nota 10. A francesinha réveillon mantém a forma original. Escreve-se com acento, dois ll e... letra inicial pequenina. Por quê? Apesar da pompa, é substantivo comum.Brindemos, senhores
Tim-tim, tim-tim, tim-tim. O borbulhante preferido por 10 entre 10 brasileiros recebe o nome da região onde é produzido. Sofisticada, a bebida gosta de tratamento VIP. Uma das bajulações que mais aprecia é o tratamento masculino. Sabe por quê? Ela é vinho sim, senhores -- o (vinho) champanhe: Vamos tomar um champanhe geladinho?Exclusivo
Sabia? Só existe champanhe francês. Por isso, dizer “champanhe francês” é pleonasmo. Joga no time do subir pra cima, descer pra baixo, elo de ligação, habitat natural e países do mundo. Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, todo elo é de ligação, todo habitat é natural, todos os países são do mundo. E, claro, todo champanhe é francês. Basta subir e descer. Elo, habitat e países, sozinhos, dão o recado. Champanhe é champanhe. Dispensa a indicação de nacionalidade. Xô!Italianinho
Toda unanimidade é burra? Nelson Rodrigues jurava que sim. Os fatos lhe dão razão. Os vinhos servem de exemplo. Muitos gostam de champanhe. Mas há quem prefira o espumante italiano. Ele mantém a grafia original. É prosecco.Sem pedigree
Olho vivo, marinheiro de poucas viagens. Eles são 12. Repetem-se ano após ano. Uns têm 30 dias. Outros, 31. Só um se conforma com 28. De quatro em quatro anos, ganha um de presente. Fica com 29. Apesar das diferenças de tamanho, os meses têm um denominador comum. Escrevem-se com a letra inicial mixuruuuuuuuuuuuuuca: janeiro, fevereiro, março, abril, maio.Vira-vira
As palavras são vira-casacas. Mudam de classe como mudamos de camiseta. Vale o exemplo do substantivo. Nome próprio vira comum sem cerimônia. É o caso de João, Maria, Pará, Brasil. Eles perdem o pedigree em joão-de-barro, banho-maria, castanha-do-pará, pau-brasil. Nome comum também vira próprio. O mês, em datas comemorativas, ganha nobreza. Grafa-se com a inicial grandoooooooooona: o 7 de Setembro, o 1º de Maio.Xô, ponto!
Ops! Ao escrever os números, usamos ponto a cada três algarismos – 1.426, 12.122, 3.342.600. Mas, ao indicar o ano, a história muda de enredo. Vem tudo coladinho. Assim: Ele nasceu em 1946. Trabalha em São Paulo desde 2000. Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Em 2019, o Palácio do Planalto terá novo inquilino.Leitor pergunta
Está correto falar em zero ano?Celso Silva, BH
Zero ano? Não existe. O bebê precisa viver 12 meses pra chegar ao primeiro aniversário. Comerciantes e órgãos públicos se esquecem do calendário. Num dia e noutro também, leem-se frases como estas: Roupas para crianças de 0 a 2 anos. Crianças de 0 a 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do 0 aos 12 anos.
Valha-nos, Deus! Querem obrigar a meninada a correr na frente do tempo. Não dá. Melhor respeitar a ordem: Roupas para crianças de até 2 anos. Crianças de até 6 anos devem ser vacinadas. Vivi com eles do nascimento até completar 12 anos.