Indicando tendência cada vez maior nas universidades do país, a modalidade ensino a distância (EaD) cresceu 474% entre 2011 e 2021, enquanto o número de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%. Os dados são do Censo da Educação Superior de 2021, divulgado nesta sexta-feira (4/11) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC).
De acordo com o presidente do Inep, Carlos Eduardo Moreno Sampaio, a oferta do EaD na rede privada foi a grande responsável por essa tendência de crescimento. Enquanto nas universidades federais o contingente presencial ainda é de 80%, no intervalo de um ano — entre 2020 e 2021 —, houve um aumento de 24,2% em instituições privadas.
O ápice foi observado em 2019, quando a quantidade de estudantes de EaD ultrapassou a de matriculados em cursos presenciais, chegando a 70,5% em 2021. Ao todo, 16.736.850 de estudantes estão em estudo remoto.
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Desafios
Uma das maiores preocupações, a partir do levantamento, é garantir que os cursos de ensino a distância tenham qualidade na formação da população. É o que defende o diretor da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Vandir Chalegra Cassiano. “Iniciamos um projeto em que a secretaria irá até esses polos para medir a qualidade do curso. Estamos preocupados pelas universidades que estão oferecendo cursos EaD com valores muito baixos, se tem a qualidade adequada”, ressaltou.
Um dos maiores desafios no Brasil é justamente promover políticas para elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, com o alcance de, no mínimo, 12 anos de estudo. As principais áreas de ataque, para o Plano Nacional de Educação (PNE) deverão ser as populações que vivem na zona rural e os 25% mais pobres. Esses grupos sociais têm, em média, até 10 anos de formação escolar.
Afastamento da licenciatura
Outro ponto de atenção é em relação à escolha dos cursos. A opção para licenciaturas é baixa, mas, de acordo com o levantamento, se torna menor quando são observadas as porcentagens entre universidades públicas e privadas. Os cursos de química e física nas universidades federais têm 51,7% e 52,7%, respectivamente, das vagas ocupadas. Enquanto isso, nas universidades particulares, a taxa cai para 2,8% e 2,2% para os mesmos cursos.
Segundo o presidente do Inep, Carlos Eduardo Moreno Sampaio, 71% dos professores estão matriculados em algum curso superior, mas, em 26% dos casos, esses profissionais estão estudando em outra área que não a licenciatura. Ele destacou que o dado deve ser tratado como um alerta para se iniciar uma política nacional de valorização da profissão.
“A questão salarial é um elemento importante, mas também é imperativo criar um ambiente de trabalho que motive, com um bom clima organizacional, a melhora da estrutura que é oferecida, por exemplo, para os profissionais que atuam com educação híbrida, proporcionando tecnologia. Como fazer isso? Com uma política nacional de valorização da licenciatura”, declarou.
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