O envelhecimento e a chegada da aposentadoria do corpo docente oferecem um risco para a educação brasileira, já que há um déficit de professores em todas as etapas da educação básica. Essa insuficiência pode chegar, em 2040, a 235 mil profissionais, de acordo com uma pesquisa inédita, divulgada nesta quinta-feira (29/9), pelo Instituto Semesp.
Há um desinteresse generalizado dos jovens pela formação em docência, problema que já ocorria, mas foi agravado pela pandemia. Entre 2010 a 2020, enquanto os demais cursos obtiveram um crescimento de 76% de calouros, as licenciaturas aumentaram apenas 53,8%. O instituto considerou essa diferença alta.
A porcentagem de ingressantes em cursos de licenciatura até 29 anos cresceu apenas 29,7%, enquanto nos demais cursos esse número chegou a 49,8% na mesma faixa etária. A média de universitários com idade acima dos 29 anos nos mesmos cursos é um pouco menor, saiu de 62,8% em 2010, para 53,0%, em 2020.
“Esse crescimento de estudantes acima dos 29 anos se dá, em sua maioria, por pessoas que já trabalham na educação. Isso acontece em razão da lei que obriga o professor em exercício a ter formação mínima na área de pedagogia ou em licenciaturas para o magistério na educação básica”, Lúcia Teixeira, presidente da Semesp.
Apagão de professores
De acordo com cálculo do Semesp, se for considerada a proporção de 20 pessoas, entre três e 17 anos, para cada docente em exercício na educação básica, em 2040 serão necessários 1,97 milhão de professores para atender a demanda.
Porém, se a taxa de crescimento na docência se mantiver como a de 2021, o resultado será um decréscimo, que chegará à proporção de 20,7% daqui a 18 anos (ou seja, 1,74 milhão de profissionais ativos). Professores em atividade nesse ano será de 1,74 milhão. Logo, considerando a demanda e a oferta, o déficit de docentes na Educação Básica em 2040 deve chegar a 235 mil.
Os problemas estruturais da profissão são os maiores impeditivos para que os aspirantes ao mercado de trabalho optarem por seguir na docência. O problema ampliou com as questões de saúde que vieram junto com a covid-19, a falta de estrutura e de soluções planejadas para o segmento mostraram o abandono governamental no qual esse mercado se encontra.
A precarização da profissão, como a baixa remuneração, a falta de reconhecimento, precárias condições de trabalho, como infraestrutura ruim das escolas, falta de equipamentos e materiais de apoio, violência na sala de aula também são outros destaques que contribuem para a desistência dos jovens na docência.