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Protesto

Estudantes protestam contra exoneração de professora que chamou PM de cagão

Imagens que circulam nas redes sociais, mostram os estudantes andando pelos corredores do colégio – fazendo o uso de apitos – e segurando cartazes pedindo a volta da vice-diretora

A exoneração de Luciana Martins, do cargo de vice-diretora do Centro Educacional 01 (CED 01), da Estrutural, provocou um protesto de alunos na manhã desta quinta-feira (5/5). A profissional de educação foi demitida do cargo após chamar o tenente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Aderivaldo Cardoso, diretor disciplinar da escola, de “cagão”.

Imagens do protesto a que o Correio teve acesso mostram os estudantes andando pelos corredores do colégio – fazendo o uso de apitos – e segurando cartazes pedindo a volta da vice-diretora. Além disso, em um dos vídeos, é possível observar uma aluna discursando em favor de Luciana no pátio da escola. As imagens do protesto não serão divulgadas em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma vez que os estudantes são menores de idade.

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O ato promovido pelos alunos foi pacífico, de acordo com a PMDF. No entanto, em um dos vídeos, um adolescente diz ter sido acusado por um sargento de estar armado com uma faca. Além disso, o aluno afirmou ter sido agredido pelo oficial. Questionada sobre a situação, a Polícia Militar disse apenas que “não há nenhuma informação oficial ou denúncias feitas à PMDF nesse sentido”.

A Secretaria de Educação (SEEDF) se pronunciou sobre o protesto por meio de uma nota. Confira o texto a seguir:

A manifestação dos alunos ocorreu de forma pacífica e foi encerrada por volta das 9h. As aulas aconteceram normalmente. A vice-diretora não era eleita, mas nomeada. Portanto, pode ser substituída a qualquer tempo. Como há uma investigação disciplinar em curso, a administração resolveu fazer a substituição. O modelo das escolas cívico-militares já está consolidado com sucesso no Distrito Federal. São 11 unidades de ensino contempladas na gestão compartilhada entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública e outras quatro com o Ministério da Educação.

Afastamento

A exoneração de Luciana Martins foi publicada no Diário Oficial do DF (DODF) de terça-feira (3/5). Ao Correio, a educadora disse que estava de férias, não foi comunicada previamente e que ainda pretende acionar a Justiça e seus advogados para tomar providências contra a exoneração. Ela alega perseguição de Aderivaldo Cardoso, diretor disciplinar da escola.

Sobre a exoneração da profissional, a Secretaria de Educação enviou nota dizendo que a vice-diretora do CED 01 da Estrutural foi afastada do cargo porque um procedimento investigativo contra ela está "em apuração" na Corregedoria da pasta, e que o teor das investigações é de "caráter sigiloso". 

A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) informou ao Correio que "tomou conhecimento dos fatos" e que vai investigar o ocorrido.

Entenda

O caso tomou grandes proporções depois que o tenente da PMDF registrou uma ocorrência por difamação – em 11 de abril – contra a servidora que, em um áudio enviado à diretora da escola, o chamou de “tenente cagão”. No dia 26, em entrevista ao Correio, Luciana revelou os motivos para ter ofendido o militar na gravação.

O embate, que foi parar na delegacia, começou no início deste ano, de acordo com a servidora. Segundo Luciana, desde que assumiu o cargo, o diretor disciplinar da escola prioriza certos alunos, com “sessões de coaching e balinhas”, enquanto trata outros com maior rigidez, à exemplo de estudantes que foram levados à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) por suposto desacato ao policial em sala de aula.

Na época, a Polícia Militar informou que o policial em questão registrou ocorrência contra a vice-diretora do CED 01, depois que a educadora o xingou “em um áudio enviado por meio do WhatsApp”, e que o tenente apresentou prints, áudios e vídeos que comprovam a gravação. Segundo a corporação, a SEEDF foi comunicada, também no período em que aconteceram os fatos, para que tomasse providências pertinentes.

“Importante destacar que, em regra geral, as escolas Cívico-Militares têm boa convivência entre a direção disciplinar e a direção pedagógica, por serem construídas em ações disciplinares e, dessa forma, são como espelho a ser seguido pelos alunos. O caso ocorrido no CED 01 da Estrutural é pontual e não representa a realidade dos Colégios Cívico-Militares em que a PMDF participa”, reforçou a PMDF, em nota. Procurado, o tenente informou que não se manifestaria sobre a polêmica.  

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