Com a demissão de Milton Ribeiro, envolvido em suspeitas de corrupção no Ministério da Educação, o Centrão busca indicar o substituto — o quinto a comandar a pasta na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). A pasta desperta a ambição do grupo de sustentação do governo no Congresso por ter um dos maiores orçamentos da Esplanada, em torno de R$ 159 bilhões.
O nome que desponta para ocupar a vaga é o do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia. Evangélico, ele tem recebido ligações de integrantes do Centrão para sondá-lo sobre a possibilidade de assumir o posto. Ontem, ele teria uma conversa com o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Cortes (RJ).
O reitor, de acordo com interlocutores, estaria disposto a aceitar o cargo e seria uma boa opção técnica, mas também alinhada aos evangélicos e ao Centrão. Bolsonaro chegou a considerar o nome de Correia para substituir o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, em junho do ano passado, mas optou por Milton Ribeiro.
Correia havia sido indicado por deputados da bancada evangélica, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP). Diante dos episódios envolvendo Ribeiro, Sóstenes — presidente da Frente Parlamentar Evangélica — declarou que o então ministro não tinha sido sua escolha e destacou a preferência pelo reitor do ITA. Agora, no entanto, a indicação está partindo de políticos ligados ao ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e não dos evangélicos.
Outro nome mencionado é Marcelo Lopes da Ponte, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que tem relacionamento estreito com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos caciques do Centrão. Correndo por fora estaria Garigham Amarante Pinto, diretor de Ações Educacionais do Fundo. Ao Correio, porém, ele negou a possibilidade. "Eu conversei com o presidente (do PL) Valdemar (Costa Neto), e ele me falou que essa indicação não procede", contou.
Milton Ribeiro pediu demissão 10 dias após denúncias, do Estadão, que revelaram a atuação de um gabinete paralelo no MEC, com cobrança de propina até em barra de ouro em troca da liberação de recursos para escolas. Nesse período, também, a Folha de S.Paulo divulgou um áudio no qual o então ministro dizia favorecer pastores por ordem de Bolsonaro.
Na carta de demissão entregue a Bolsonaro, Ribeiro afirmou que as denúncias provocaram "uma grande transformação" em sua vida. "Tenho plena convicção de que jamais realizei um único ato de gestão na minha pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o Erário", enfatizou. Ele disse deixar o cargo "de coração partido".
O ex-ministro foi ao MEC, ontem, esvaziar as gavetas. De acordo com funcionários da pasta, ele fez orações e agradeceu aos funcionários. A lei do silêncio imperava na pasta. "A ordem é não comentar sobre nada até que o presidente nomeie o novo ministro", disse um servidor. (com Agência Estado)
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