*Raquel Magalhães
Uma pausa para refletir sobre os aprendizados que vivenciamos na educação nos últimos dois anos é necessária para projetar o futuro, que já bate à nossa porta. O ensino remoto já era uma tendência educacional que a pandemia antecipou. Mesmo assim, as escolas precisaram oferecer concomitantemente o ensino remoto e presencial. Professores, gestores e famílias se uniram e se revezaram nos papéis de aprendizes e executores para aplicar a “nova” prática pedagógica à distância.
Tivemos que reinventar a dinâmica de trabalho para que os conteúdos chegassem às casas dos alunos de uma forma criativa, leve e tranquila. Nosso maior desafio foi, sem dúvida, tornar o ensino remoto prazeroso, sem desmotivar as crianças de 7 a 10 anos, que compreende a faixa etária dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Foi necessário olhar de forma crítica para dentro do processo pedagógico e pensar estratégias para manter viva a vontade de aprender nos alunos. Esse novo olhar para a criança já fazia parte de amplas discussões e debates com o corpo docente, a direção da escola, as famílias e a mantenedora do Colégio Marista.
O que a pandemia fez foi catalisar o processo. Era preciso retirar da incubadora e amadurecer o novo, pensar a educação dessa criança exigente, imediatista e extremamente tecnológica, sem perder a nossa essência de educar com valores.
O primeiro passo foi perceber a necessidade de tornar o processo de aprendizagem mais motivador. Como? Tomando como referência o que a Base Nacional Comum Curricular prevê para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. De acordo com o documento, a criança “articula o trabalho com as experiências anteriores e valoriza as situações lúdicas de aprendizagem, estimulando o pensamento lógico, criativo e crítico, despertando sua capacidade de perguntar, argumentar, interagir e ampliar sua compreensão do mundo”.
A várias mãos desenhamos, então, algumas novidades para enriquecer nosso modelo curricular para o ano de 2022 baseadas em quatro pilares: formar uma base sólida para a vida; conhecer o mundo; ser socialmente saudável e brincar para construir. Tudo isso, dentro de uma proposta de conceder à criançamais autonomia e protagonismo no processo de aprendizado.
Montamos, a seguir, uma nova grade horária sem aumentar o tempo da criança na escola. Transformamos 5 tempos de 50 min em 6 horários de 45, tornando as aulas mais dinâmicas. A mudança possibilitou entrar com duas novas frentes: o Xadrez e a Educação Financeira.
O Xadrez porque desenvolve várias habilidades a serem usadas ao longo da vida. Ensina a perder, a ganhar, a observar o espaço e o adversário estrategicamente. Além de tudo isso, o jogo desenvolve o pensamento crítico, maturidade intelectual, aumenta a velocidade do raciocínio, melhora o foco e a disciplina.
É também papel da escola criar momentos e espaços de reflexão dentro da rotina de trabalho das crianças. Uma oportunidade para elas vivenciarem um mundo mais saudável e menos consumista. Foi nessa perspectiva que trouxemos a Educação Financeira para a nossa grade. Ajudar o aluno a pensar no poupar não apenas para gastar, mas refletir sobre a real necessidade do consumo.
A nova grade permitiu ainda aumentar uma aula de História, uma de Ciências e uma de produção de texto mais focada e individualizada. E possibilitou ainda colocar mais uma aula de inglês, introduzindo o Global Web, no qual um professor específico de Língua Inglesa trabalhará o aprendizado por meio de projetos diversos.
As mudanças vieram porque entendemos que as crianças têm direito de aprender de uma forma lúdica e mais prazerosa. A escola não pode parar no tempo e correr o risco de torna-se enfadonha. Precisa ser o espaço no qual o conhecimento é passado de forma criativa, onde o aluno tem voz e é coparticipante do processo de aprendizagem.
*Raquel Magalhães é coordenadora do Ensino Fundamental, anos iniciais, do Colégio Marista Asa Sul