A retomada das aulas presenciais da rede pública do Distrito Federal ocorrerá nesta segunda-feira (2/8), com o encontro pedagógico. Os alunos devem voltar às escolas de forma híbrida e escalonada, começando com a Educação infantil, na próxima quinta-feira (5/8). Para saber as datas corretas de cada série, basta conferir o calendário com todas as datas e segmentos de cada um.
Desde o anúncio do Ministério da Educação (MEC) de que as aulas presenciais serão retomadas no mês de agosto, muitos pais, alunos e trabalhadores da rede de ensino têm se perguntado sobre como será feita essa transição.
O Correio abriu o espaço, por meio de um formulário, para que a comunidade deixasse seus questionamentos de forma anônima. Em dois dias, 51 pessoas responderam, entre elas estudantes, pais/responsáveis e trabalhadores da área da educação, como professores e servidores. Para que essas dúvidas fossem esclarecidas, foi listado algumas das perguntas mais recorrentes para que a médica infectologista Ana Helena Germoglio, respondesse.
A volta às aulas é segura?
Essa é a pergunta que toda a comunidade tem feito desde o anúncio. Devido à situação do Brasil, muitos têm se perguntado se a volta às aulas presenciais não traria consequências maiores no aumento de casos de covid. A médica infectologista, afirma que essa retomada será segura desde que se respeitem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Quando comparamos com outros países que retornaram às atividades escolares precocemente, na pandemia, eles não tiveram aumento de casos dentro da comunidade escolar. Desde que sigam todas as regras mínimas de controle da pandemia, como o distanciamento, uso de máscaras e ventilação adequada das salas de aula.” diz.
A médica também comenta que essa volta é essencial, pois durante o período de educação totalmente remota, houveram diversas perdas. A interação das crianças, o aprendizado e um agravamento na pobreza alimentar, já que muitas crianças e adolescentes faziam suas refeições na escola, são alguns dos problemas identificados.
“Já é consenso na comunidade científica que as escolas precisam ser os primeiros negócios a serem reabertos na pandemia e os últimos a serem fechados. Quando a gente compara com outros ramos, a escola vem sempre em primeiro lugar.” completa, Helena.
As crianças podem transmitir o vírus?
Esse questionamento está relacionado, principalmente, ao pensamento de que a criança pode contrair o vírus na escola e transmitir para algum familiar. Ana Helena explica que raramente uma criança contrai a doença dentro da escola e que, por isso, os pais devem ficar atentos aos cuidados dentro de casa.
“Normalmente quando tem uma criança com covid, se identifica que alguém do seu contato domiciliar também têm. Muito raramente esse contato é na escola, geralmente são pelos contatos familiares". A infectologista ainda complementa: “A gente já sabe que a covid, e qualquer variantes que seja, não é uma doença de criança ou adolescente. Mesmo os que têm, tendem a evoluir com quadros benignos e, às vezes, até assintomáticos".
Ana Helena alerta que os cuidados devem ser tomados em todos os ambientes em que a criança está exposta.
“Qualquer pessoa infectada com covid, são passíveis de transmissão. Nós até brincamos, ‘Todos são culpados até que seja provado o contrário’. Então, o convívio sem máscara deve ser feito apenas dentro do núcleo domiciliar.” afirma.
Alunos com comorbidades ou deficiência devem retornar? O aluno pode escolher permanecer em casa?
A princípio todos os alunos devem retornar ao ensino presencial, independente das comorbidades, deficiências ou preferências. No caso dos alunos com deficiência ou comorbidade, é importante conversar com a escola para saber a melhor forma para adaptação.“Não tem problema nenhum de esses alunos retornarem, desde que sigam as recomendações básicas”, diz.
Os alunos terão intervalo? Como serão realizadas as refeições?
Ainda não se sabe ao certo quais as recomendações exatas para esse momento. Segundo o guia de Implementação de Protocolos de Retorno das Atividades Presenciais nas Escolas de Educação Básica, publicado pelo MEC em 2020, existem algumas possibilidades que devem ser escolhidas pelas escolas.
A recomendação é que os intervalos funcionem em sistema de escala para que os alunos tenham acesso às cantinas e banheiros. Em relação às refeições, podem ocorrer dentro das salas de aula ou nas cantinas/refeitórios se houver espaço suficiente para o distanciamento de pelo menos um metro. Nesse último caso, a escola pode optar por fazer revezamento para garantir a segurança dos alunos.
Ponto de atenção
Para garantir uma melhor volta, o MEC compartilhou na cartilha de biossegurança, algumas recomendações individuais que devem ser realizadas pelos alunos e servidores.
Atenção para o uso da máscara. Este equipamento deve ser retirado apenas no momento em que o aluno for comer e colocado de volta assim que acabar a refeição.
Para garantir que em casos de contaminação, não tenha transmissão do vírus, é importante que ao apresentar sintomas como tosse, febre, coriza, dor de garganta, dificuldade para respirar, fadiga, tremores e calafrios, dor muscular, dor de cabeça, perda recente do olfato ou paladar, a pessoa deve comunicar imediatamente a Instituição. A infectologista Ana Helena reafirma a responsabilidade e cooperação de todos.
“Se tiver algum contato domiciliar ou algum funcionário, professor, ou aluno tiver algum sintoma que seja característico ou que gere dúvidas sobre a covid, o ideal é que seja afastada e não frequentar o local, até que se exclua o diagnóstico ou que se dê o diagnóstico e que se faça o isolamento necessário.”
Expectativas
No formulário também foi aberto o espaço para que os participantes deixassem suas expectativas em relação ao assunto.
Preparação
No mês de junho, a expectativa era de que os educadores das redes públicas e privadas fossem vacinadas. De acordo com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), 18 mil doses da Janssen estavam reservadas para profissionais da rede pública e 8 mil da Pfizer para a rede privada.
Em um levantamento feito nas 14 coordenações regionais de ensino (CRE), a Secretaria de Educação identificou que 2.100 profissionais ainda não haviam sido vacinados. Para resolver a situação na sexta-feira (30/7) e no sábado (31/7), esses profissionais compareceram ao posto reservado, na Praça dos Cristais no QG do Exército, para que fossem imunizados.
As escolas deverão ter espalhados álcool em gel, além de medir a temperatura dos alunos e fazer a vistoria para manter os protocolos de segurança. Em caso de infecções por coronavírus, a escola deve comunicar professores, servidores, alunos e responsáveis.
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo
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