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Educação

Enem digital: candidatos fazem em Brasília exame aplicado pela 1ª vez no país

Com máscara e álcool em gel, candidatos chegam com receio de enfrentar problema com a prova digital e relatando locais de prova longe de suas residências

Será aplicada neste domingo (31/1), pela primeira vez no país, o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) digital. Os portões fecharam às 13 horas e a prova tem início às 13h30, e seguem até as 19 horas. A versão digital do Enem está sendo feita em 104 cidades, em uma aplicação-piloto. A inscrição foi opcional, sendo que candidatos puderam escolher entre fazer a prova escrita (dias 17 e 24 de janeiro) ou a digital, sendo o primeiro dia neste domingo e o segundo no dia 7 de fevereiro, próximo domingo.

Ao todo, 93.079 pessoas se inscreveram nesta modalidade, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou 101,1 mil inscrições. No Distrito Federal, são 3.764 candidatos. Alguns farão o exame no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Com máscara e álcool em gel, eles relatam receio do novo coronavírus, além de medo de enfrentar problema com a prova digital.

É o caso de Gabriel Guimarães, de 20 anos, que disse ter se arrependido de ter escolhido fazer a prova digital, e não a impressa. Ele fez a escolha por saber que teria uns dias a mais para estudar. "Depois fui pensar nos possíveis problemas. Se a energia acabar, se o computador der problema, se eu tiver dificuldade...", ponderou. Ele também conta sobre a dificuldade que enfrentou para chegar ao local de prova, que fica a 22 quilômetros da região onde mora, no Paranoá. "Ônibus demorou uma hora para passar", contou.

Além disso, neste domingo em que a temperatura pode chegar a 32º no Distrito Federal, com umidade de 35%, Guimarães disse estar preocupado com o desconforto que pode sentir, com o uso de máscara em um local fechado por tanto tempo. "A gente vai ficar sufocado. Acho que vai ser desconfortável, e pensei em não vir fazer a prova por isso", afirmou.

Outros candidatos também queixaram-se da distância de suas casas ao local de prova, como Thiago Henrique Lopes, de 18 anos. Ele também mora no Paranoá e disse que a prova poderia ser mais perto de casa. 

Em outros casos, candidatos vieram de Goiás, como a recepcionista Ana Maria da Silva, de 30 anos, moradora de Luziânia (GO). Ela relatou que chegou a colocar o endereço de sua casa no ato da inscrição, e só quando foi divulgado o local de prova, viu que seria em Brasília. "Onde eu moro é muito ruim para passar ônibus. Hoje, demorou 35 minutos", disse.

O Inep, no entanto, divulgou em abril um edital com todos os municípios em que haveria o exame, e o número de vagas. Em Goiás, apenas Goiânia e Anápolis, que ficam a mais de 150 quilômetros de Luziânia, tiveram locais de prova. No site, divulgaram de forma equivocada o nome do município de Trindade, ao invés de Anápolis, no caso do estado de Goiás.

Exame em casa

A auxiliar administrativo Leidiane Albuquerque, de 34 anos, acabou perdendo a prova por um minuto. Ela chegou ao Ceub às 13h01. Leidiane informou que mora em Sobradinho II, a mais de 20 quilômetros do local, e que, como onde mora não tem ônibus para o plano piloto aos fins de semana, pegou o carro da irmã. Mas, por não ter costume de dirigir na região, acabou se perdendo.

A mulher contou que fez a inscrição para o Enem digital acreditando que poderia fazer a prova em casa. Isso a havia tranquilizado, uma vez que tem um filho de 14 anos com uma doença autoimune e a mãe ser uma idosa com hipertensão. "Fiquei sabendo que não era em casa meses depois. Não acho que deixaram isso claro no ato de inscrição. Se soubesse, tinha marcado o impresso mesmo", afirmou.

Saiba Mais

O estudante Thiago Henrique Lopes, de 18 anos, diz que escolheu o exame digital por acreditar que seria mais ágil, podendo, assim, ter mais tempo em cada questão. "Meu único medo era com o método, por ser a primeira vez. Medo de dar algum problema, do computador travar ou acabar a energia", afirma. 

A prova está sendo feita em mais de 4 mil laboratórios de informática no país. Para escolher os locais, o Inep fez um processo seletivo para observar a presença de requisitos mínimos para aplicar o exame, como a comprovação de ter ao menos duas salas ou dois laboratórios de informática com, no mínimo, dez computadores. 

Em relação ao novo coronavírus, o órgão diz ter adotado protocolos de prevenção com as empresas contratadas para a aplicação do exame, com base nas diretrizes do Ministério da Saúde e de outros órgãos de referência. "Entre as medidas implementadas estão a disponibilização de álcool em gel nas salas e a obrigatoriedade do uso de proteção facial durante a prova. O participante poderá levar mais de uma máscara para troca ao longo do dia", informou o órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).

Nos locais de prova, o Inep estabeleceu a necessidade de aferir a temperatura dos candidatos que, sem máscara, ficam proibidos de entrar.