Na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes que vão realizar a prova no próximo domingo puderam acompanhar uma live com professores de disciplinas de humanas, exatas e redação. O encontro on-line ocorreu ontem, em parceria do Correio com o Colégio Sigma. Durante o bate-papo, os docentes responderam a perguntas de estudantes e destacaram os temas que mais costumam cair na prova.
Questionada sobre como manter o foco nos dias finais da preparação para o exame, a professora de química Juliana Gaspar, coordenadora do Avante, destacou que os candidatos devem se concentrar na resolução de exercícios dos conteúdos que caíram em provas anteriores e, principalmente, cuidar da saúde física e mental. “O aluno tem que chegar bem para fazer a prova. Tanto fisicamente quanto psicologicamente, porque a tranquilidade é o diferencial”, ressaltou.
O professor de geografia Robson Caetano reforça que o momento atual deve ser livre de pressões. “Os candidatos devem pensar que o mais difícil foi chegar até aqui. Temos que desmistificar o peso dessa prova. Esse é um ano atípico para toda uma geração e o estresse é muito grande.”
Para a redação, o professor Eli Guimarães, supervisor do ensino médio e diretor do Sigma, afirmou que o treino é importante, mas que o ideal é contar, posteriormente, com revisão especializada, com o objetivo de sanar possíveis erros. “Existe um mito de que a pessoa tem que escrever muito. Isso é parcialmente verdadeiro”, disse. “É necessário produzir, porque é aí que o professor vai poder identificar os problemas e alternativas para aprimorar o texto”, resumiu.
Redação ponto a ponto
Um dos momentos que mais causam ansiedade na maioria dos estudantes é a redação. O importante, conforme destaca Eli Guimarães, não é o nível de complexidade do vocabulário utilizado no texto, mas a coerência. “Seja coerente no seu vocabulário. Não fique usando conectores que você nunca operou na vida”, apontou, dando como exemplo o advérbio “doravante”, de uso pouco corrente em textos como os cobrados no Enem. “O texto pode ser simples, mas coerente com o seu conhecimento”, detalhou.
Eli destacou, ainda, algumas apostas para o tema deste ano: saneamento básico; tabagismo e alcoolismo na juventude; periferização e favelização; reforma do ensino médio; e mobilidade urbana. Sobre os critérios que podem zerar a redação, o professor lembrou que textos com menos de sete linhas são desclassificados, bem como aqueles que desrespeitam os direitos humanos. “Essa é uma discussão que sempre aparece. O aluno pode ter, sim, opiniões de natureza preconceituosa. Mas, outra coisa é ele propor soluções que desrespeitem os direitos humanos, porque isso é ilegal”, ressaltou.
Sem medo dos cálculos
Dificuldade de muitos alunos, os cálculos podem embaralhar a mente dos estudantes durante a prova. A solução é manter calma e saber interpretar bem as questões. Essa foi a dica da professora Juliana Gaspar ao responder a uma das perguntas de espectador da live, preocupado com a cobrança de estequiometria na prova — cálculo que leva à proporção correta das substâncias em uma reação química.
“Primeira coisa: respire fundo. Só de ver a equação o aluno já fica nervoso. Olha se a equação está balanceada, primeiramente. Depois, no texto, identifique quais são as duas substâncias que farão parte do cálculo. Uma sempre vai te dar o valor e a outra quer o valor”, explicou. “É treino. Se você treina, vai descobrir que desenvolve um raciocínio e nunca mais vai errar nenhuma questão.”
Juliana explicou, ainda, sobre o cálculo da nota do Enem. O exame usa como parâmetro a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que tem como objetivo, a partir do grau de dificuldade das questões e do padrão de respostas dos candidatos, dar uma pontuação maior àqueles que tenham desempenho mais consistente. Nesse sistema, considera-se que o estudante que acerta itens difíceis deve acertar, também, os mais fáceis. É uma forma, portanto, de penalizar quem marca as alternativas ao acaso.
Tranquilidade nas humanas
Para tornar a leitura mais dinâmica e objetiva, o professor Robson Caetano destacou que, primeiramente, o candidato tem que se sentir bem com a prova. “O que a questão quer? Precisa ter segurança para responder e, aí sim, conseguir trabalhar. O mais difícil foi a preparação”, lembrou. Sobre os conteúdos que mais podem cair em geografia, Robson Caetano lembrou de globalização, geopolítica, industrialização, agropecuária, meio ambiente e clima. “Todos esses assuntos estiveram nas últimas cinco edições do Enem.”
Os professores também comentaram sobre a possibilidade de temas mais recentes, principalmente relacionados à pandemia, caírem na prova. “Apesar de haver um banco de questões, nada impede que caia algo sobre isso. As pessoas têm me perguntado muito se eu acho que vai cair algo sobre covid. Mas, eu acho que, até por uma questão da politização que houve em torno do problema, ele perde um pouco a chance de ser discutido”, afirmou o professor Eli Guimarães.