O ano letivo de 2021 teve início, ontem, em 40 escolas particulares do Distrito Federal. De acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe), o número representa 20% das instituições filiadas. O sindicato estima que mais 100 escolas devem retornar às aulas na próxima semana.
Segundo o Sinepe, ainda não é possível saber quantos estudantes voltaram às escolas porque houve a opção pelas modalidades remoto, presencial ou híbrido. No entanto, o sindicato afirma que houve crescimento na procura pelo ensino presencial em comparação ao ano passado.
Contudo, um levantamento feito pelo Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep) apontou que a expectativa é de que, pelo menos 60% dos estudantes, permanecem na modalidade virtual, pelo menos até que a maior parte da população esteja vacinada contra a covid-19.
A retomada das aulas presenciais na rede particular tem exigido de pais, professores e alunos uma série de protocolos de higiene e distanciamento social. A médica infectologista Heloisa Costa Ravagnani recomenda que os pais devem orientar as crianças a não abraçar os colegas nem os professores, e evitar ficar próximos uns dos outros. “Além de enviar uma máscara extra e limpa para os filhos”, afirma.
Heloisa, que também é presidente da Sociedade Brasiliense de Infectologia, avalia que as escolas, além de disponibilizarem álcool em gel em todas as salas e máscara de proteção facial para os professores e funcionários, devem organizar intervalos de forma que os estudantes não se juntem. “É importante, também, evitar brincadeiras em grupo e aquelas em que as crianças têm de se tocar”, ressalta. É papel das escolas, professores e pais reforçar a necessidade de higienização das mãos, tanto nas instituições quanto em casa.
A médica orienta que, além das medidas mais conhecidas, como aferição de temperatura e instalação de tapetes de desinfecção na entrada das escolas, os colégios podem organizar o horário de entrada e saída dos alunos. “Se possível, colocar portões para diminuir o fluxo de pessoas por uma única passagem e pedir para que os pais esperem os filhos do lado de fora da escola, para diminuir o número de pessoas circulando dentro do ambiente”, acrescenta.
Preparativos
O Colégio Objetivo de Vicente Pires afirma estar pronto para receber os estudantes com todas as medidas sanitárias necessárias. A escola vai fazer um escalonamento das turmas, com horários diferentes e divisão de cada sala em grupos. Além disso, todos os alunos estarão com 1,5 metro de distância uns dos outros.
A diretora do colégio, Cleudia de Oliveira Neiva, afirma que os pais estão ansiosos e seguros com o retorno. “Total segurança. Devido a isso, eles estão confiantes e sabem que podem mandar os filhos. Eu, como pedagoga, afirmo: a criança precisa de socialização, entrar em contato com o outro”, diz Cleudia.
Ela explica que a escola tem mudado os hábitos de interação e brincadeiras dos alunos. “Não são mais em grupo. Passamos o conteúdo de forma que eles não se aproximem fisicamente. As atividades são mais individuais”, ressalta.
Diretor do Marista João Paulo II, na Asa Norte, Marcos Scussel conta que o colégio está pronto para todas as mudanças necessárias. “Tudo aquilo que já estava previsto pela orientação — tapete, aferição de temperatura, álcool em gel e desinfecção — nós fazemos diariamente. Esses procedimentos vêm acontecendo e vão continuar”, afirma.
Scussel, que também é vice-presidente do Sinepe, afirma que a rede particular está preparada para receber os alunos. “As escolas já demonstraram, desde o final do ano passado, que estavam preparadas. Elas querem retornar, estão preparadas, as famílias e também os estudantes precisam”, diz.
Para Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (Aspa), é necessário manter o diálogo entre os colégios e os pais. “Eles se sentem um pouco mais confortáveis de poder fazer opção de maneira segura e responsável. Os pais estão buscando esclarecimentos”, afirma Alexandre.
Próxima semana
A empresária Juliana Domiciano Moura, 42, tem duas filhas, Alice e Amanda, de 7 e 13 anos, respectivamente. As aulas das meninas têm data prevista para retornar na próxima semana. A mãe diz que elas tiveram baixo rendimento com o ensino a distância. “Minhas filhas passaram muito tempo em casa sem obter um ensino eficiente. Portanto, acho que devem voltar às aulas para recuperar o ensino e, também, gradativamente, o convívio social, sem desrespeitar as restrições”, diz.
Juliana fez questão de conferir as condições do ambiente onde as meninas vão estudar e acredita que a escola está preparada para recebê-las. “Eles têm o hábito de comunicar aos pais sobre novidades e mudanças devido ao atual cenário de pandemia, ouvindo e respeitando sempre o posicionamento e situação dos pais”, afirma Juliana.
Quem também acredita que o ensino presencial garante melhor rendimento dos alunos é a administradora Ana Paula Leite, 34, moradora de Águas Claras. Ela conta que as três filhas perderam o foco nos estudos durante as aulas remotas. “Com as aulas on-line, elas acabavam não se dedicando tanto. Se dispersavam, não conseguiam se concentrar no ambiente de casa. Então, acredito que elas se prejudicaram com esse ano letivo. Hoje, já existem vários protocolos para o retorno das aulas. É um novo formato e recomeço”, diz.
Colaborou Ana Isabel Mansur
Fiscalização
O Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep) vai fiscalizar o cumprimento dos protocolos de segurança contra a covid-19 nas escolas, por meio de uma equipe de trabalho. O processo inclui esclarecimentos sobre os protocolos de segurança que as escolas são obrigadas a cumprir. O grupo retornou as visitas, ontem, de acordo com o sindicato. O Sinproep também disponibilizou um canal de denúncias anônimas, caso o docente observe que a instituição não está cumprindo os protocolos de segurança. O número é 3321-0042.