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SAEB

Notas de matemática e português evidenciam a desigualdade na educação

Apesar do avanço no ensino médio, com maior crescimento histórico, desempenho dos estudantes em avaliação revela discrepância no nível do aprendizado nos estados. Para especialista, Fundeb poderá reduzir as diferenças

Ainda que o ensino médio tenha apresentado avanço inédito no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, com resultados divulgados nesta terça-feira (15/9), a diferença de cada estado mostra o abismo educacional que há no país. Segundo os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Amazonas tem a pior nota de matemática (251,7) e língua portuguesa (258,62) nesta etapa de ensino, enquanto o Espírito Santo tem as melhores notas em ambas as disciplinas - 298,49 na primeira e 293,14 na segunda.

As notas indicam a escala de proficiência dos alunos daquela região. Os níveis aumentam a cada 25 pontos. Na escala de língua portuguesa, por exemplo, os alunos do Espírito Santo estão no nível 3, um acima dos estudantes do Amazonas. Na escala de matemática, é a mesma situação — os alunos do ES estão um nível acima dos estudantes do Amazonas.

O Saeb é um conjunto de avaliações para que o Inep elabore um diagnóstico da educação básica no Brasil. Ele mede o desempenho do estudantes em avaliações de língua portuguesa e matemática. As notas são usadas, junto com a taxa de aprovação escolar, para calcular o Ideb de cada estado.

Em relação aos anos iniciais do ensino fundamental (1º a 5º ano), o Maranhão registrou o pior desempenho em língua portuguesa (191,77), enquanto o Distrito Federal obteve a maior nota (230,26). As duas unidades da Federação, neste caso, estão separadas por dois níveis. O que significa na prática, por exemplo, que os alunos do DF conseguem diferenciar opinião de fato em reportagens, enquanto os estudantes do Maranhão, não — conforme a escala de proficiência do Saeb.

Já no caso de matemática, o Amapá registrou o pior desempenho (202,83). São Paulo, por sua vez, alcançou a melhor nota (245,83). Na escala, enquanto o primeiro estado ocupa o nível 4, o segundo fica no nível 5.

Em relação aos anos finais (5º ao 9º ano), o Amapá também obteve a pior nota de matemática (238,87),  enquanto Santa Catarina marcou o melhor desempenho do exame nesta disciplina (275,57). Neste caso, os alunos de SC figuram no nível 4, enquanto os alunos do estado do Norte do país se situam no nível 2.

 

Pobreza e Fundeb

Coordenador do núcleo de inteligência do Todos pela Educação, Caio Sato aborda a questão da desigualdade socioeconômica para analisar as discrepâncias entre os estados. “A pobreza e a desigualdade não são determinísticas no resultado da educação. Ceará e Pernambuco estão aí para mostrar isso. Mas pesquisas científicas mostram há algum tempo que condição socioeconômica tem fortíssima correlação com aprendizagem”, afirma.

Ele pontua, no entanto, que esses estados tampouco têm conseguido implementar uma estratégia coerente de política pública educacional. Ou têm feito isso há pouco tempo, ainda sem os resultados necessários.  “Alguns estados passam por alta rotatividade de secretários de educação, que ainda não conseguiram consolidar políticas públicas de estado nos territórios”, avalia Caio Sato.

O integrante do Todos pela Educação afirma que uma das questões que ajudarão a melhorar as diferenças entre os estados é a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Esse recurso, na avaliação do especialista, tornará o financiamento da educação mais equitativo entre os municípios do Brasil.