ELIMINATÓRIAS

Atuações do Brasil: como se saíram os jogadores contra a Argentina

Problema na saída de bola, falhas individuais e postura tímida dos astros marcam o desempenho da equipe na goleada sofrida por 4 x 1 no superclássico em Buenos Aires

O time titular da Seleção entrou em campo com seis mudanças em relação ao duelo contra a Colômbia       -  (crédito: Luis Robayo/AFP)
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O time titular da Seleção entrou em campo com seis mudanças em relação ao duelo contra a Colômbia - (crédito: Luis Robayo/AFP)

A escalação da Seleção Brasileira, com seis mudanças para o superclássico contra a Argentina, era um spoiler do drama da noite de terça-feira no Estádio Monumental de Núñez para Dorival Júnior e companhia. Empurrados pelo canto de 85 mil torcedores, os atuais campeões do mundo deram um choque de realidade ao técnico da Amarelinha. A tese do dono da prancheta de que a equipe está no caminho correto foi totalmente refutada com a derrota por 4 x 1. Julián Álvarez, Enzo Fernández, Mac Allister e Giuliano Simeone marcaram para os hermanos. Matheus Cunha descontou e desencantou ao anotar o primeiro dele pelo país. 

A vitória por 2 x 1 sobre a Colômbia, cinco dias atrás, em Brasília, mascarou o desempenho brasileiro. A equipe tem tido grandes dificuldades contra adversários emergentes e tem sido exposta contra rivais de alto patamar. Os cortes por lesão e por cartões atrapalham, mas não são muletas. Há falta de entrosamento, como na dupla de zaga que iniciou a partida, formada por Marquinhos e Murillo, e ausência de padrão. Joelinton e André não foram capazes de emular Bruno Guimarães e Gerson. Rodrygo e Vini Jr. estiveram abaixo. A boa notícia é Matheus Cunha no papel de referência. A jogada do gol parte de uma iniciativa dele de apertar a saída de bola e chutar rasteiro da entrada da área. 

Vejas as notas

Bento — Nota: 3,5
Demonstrou fragilidade na saída de bola. Errou ao tentar se antecipar na jogada do terceiro gol, marcado após a infiltração de Mac Allister. No arremate de Simeone, que decretou a vitória, fechou mal o ângulo esquerdo. Porém, fez duas grandes defesas e evitou placar mais elástico.

Wesley — Nota: 4,0
Entrou sob grandes expectativas para dar fluidez ao jogo ofensivo. No entanto, praticamente só se preocupou com o papel defensivo. Deu dois desarmes, ganhou duelos, mas falhou no quarto gol hermano ao chegar atrasado para tentar fechar o passe de Tagliafico.

Marquinhos — Nota: 3,5
Capitão e intocável na defesa de Dorival Júnior, foi tímido no jogo, mas decisivo na jogada do primeiro gol. Saiu do posicionamento, não deu o bote e observou a infiltração de Julián Álvarez.

Murillo — Nota: 3,0
Ao lado de Marquinhos, sentiu o peso da partida e mais observou do que participou para conter os avanços albicelestes. Pareceu desnorteado em campo. Desviou mal na jogada do segundo gol.

Guilherme Arana — Nota: 3,0
Demonstrou, principalmente no primeiro tempo, que era o caminho mais fácil para os avanços. Ofensivamente, pouco ajudou. Muitos passes para o lado ou para trás. Perdeu seis bolas e não acertou o drible que tentou.

André — Nota: 4,0
Substituto de Bruno Guimarães, não foi o cão de guarda que se esperava. Reforçou o quão fraca tem sido a saída de bola da Seleção. Sofreu dribles e desarmes que desequilibraram o setor.

Joelinton — Nota: 3,0
Assim como no jogo contra a Colômbia, demonstrou dificuldades para colaborar com a saída de bola. Sofreu com desarmes, demonstrou lentidão.

Raphinha — Nota: 4,0
Havia expectativa para que repetisse o nível de atuação dos primeiros minutos contra a Colômbia. No entanto, foi anulado pela marcação individual argentina. O ponto alto no jogo foi cobrança de falta, que acertou o travessão. Envolveu-se em confusões.

Rodrygo — Nota: 3,5
O camisa 10 não se encontrou. Não à toa, foi substituído pelo técnico Dorival Júnior no intervalo. Não cumpriu o papel que se esperava como atacante pela esquerda ou como um meia criativo em momentos da partida.

Vinicius Junior — Nota: 4,0
Buscou a jogada individual, teve oportunidades para se projetar ao ataque com velocidade, mas esbarrou nas dobras de marcação. Falhou em tomadas de decisão, como passes nas costas dos companheiros em projeção, e cruzamentos descalibrados.

Matheus Cunha — Nota: 6,0
Autor do gol da Seleção, foi o melhor em campo. Era a referência no ataque, mas teve de voltar para buscar a bola para gerar alternativas para o ataque. Foi bem ao morder a saída de bola hermana e ser recompensado com o primeiro gol com a equipe principal.

Dorival Júnior (técnico) — Nota: 2,5
Apesar das mudanças forçadas na equipe titular, foi mal ao optar por Murillo como dupla de Marquinhos. Tinha a opção de começar com Ederson, com passe mais refinado, mas bancou Joelinton. Rodrygo poderia ter sido aproveitado no início do segundo tempo, para manter qualidade no passe e opção de jogada individual. Insiste no discurso de que a Seleção está no caminho certo, embora o time não demonstre identidade alguma.

Reservas

Léo Ortiz — Nota: 3,5
Entrou no lugar de Murillo após o intervalo. Havia a expectativa de que melhoria a zaga, mas encontrou uma Seleção desafinada. Teve duas falhas individuais que quase custaram caro.

João Gomes — Nota: 4,0
Substituiu o Joelinton, mas pouco mudou a dinâmica da partida. Sofreu ao entrar em um time descompassado.

Endrick — Nota: 4,0
Embora tenha atuado durante todo o segundo tempo, foi colocado “na fogueira” em meio a uma Argentina extremamente bem ajustada. Acertou dois de três dribles, sofreu uma falta, mas não finalizou. Demonstrou vontade ao receber a oportunidade em mais um jogo grande.

Savinho — Nota: 3,5
Entrou a 20 minutos do fim e foi pouco participativo. Ocupou o lado direito do campo e errou passes. Falhou no lance do quarto gol ao desempenhar um papel que não era dele.

Ederson — Sem nota
Foi a última substituição, no lugar de André, a seis minutos do fim. Não recebe nota, devido ao tempo insuficiente para avaliação.

Correio Braziliense
postado em 25/03/2025 23:26 / atualizado em 25/03/2025 23:34