ELIMINATÓRIAS

Seleção Brasileira testou 11 centroavantes e nenhum se firmou

Atuação tímida de João Pedro na vitória por 2 x 1 contra a Colômbia em Brasília chama a atenção para a dificuldade da Amarelinha em fixar um camisa 9. Veja os desempenhos de outros testados

João Pedro tem 15 participações em gols em 25 jogos pelo Brighton, mas esteve longe de jogar bem como titular da Seleção -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
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João Pedro tem 15 participações em gols em 25 jogos pelo Brighton, mas esteve longe de jogar bem como titular da Seleção - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Há certas coisas que a vitória não é capaz de mascarar. No caso da Seleção Brasileira, a dificuldade em encontrar um centroavante eficiente e capaz de vestir a camisa 9. O triunfo por 2 x 1 sobre a Colômbia no Estádio Mané Garrincha deu novos capítulos ao drama no setor ofensivo.

Convocado pela primeira vez na Era Fernando Diniz, João Pedro iniciou como titular e não agradou. Foi pouco participativo durante os 60 minutos em campo: acertou cinco de 11 passes e não finalizou nenhuma vez. O mapa de calor do jogador formado nas categorias de base do Fluminense mostra que a faixa mais ocupada por ele em campo não foi nem a área adversária e, sim, o meio de campo.

A ideia de Dorival com o atacante de 23 anos era povoar a área colombiana e aumentar a estatura do ataque para brigar nas bolas áreas. João Pedro tem 1,88m de altura. Quatro centímetros a mais do que Matheus Cunha e 15cm em relação ao brasiliense Endrick. O sistema planejado por Dorival Júnior para o camisa 9 não funcionou.

Não é a primeira vez e talvez não seja a última. Entre as eras Tite e Dorival, 11 homens de referência foram testados. O caminho de Matheus Cunha na Amarelinha foi aberta por Tite em 2021. Yuri Alberto, Rony e Vitor Roque foram obras de Ramon Menezes após a Copa do Mundo do Catar. O atacante do Corinthians foi artilheiro do futebol brasileiro no ano passado, com 31 gols, tem sete em 17 jogos nesta temporada, mas só consta na lista larga do técnico Dorival Júnior. Fernando Diniz não aproveitou os atletas. Apostou novamente em Richarlison. Após o Mundial de 2022, o Pombo polemizou ao dizer "A 9 é minha, não tem que ficar escolhendo". O atacante do Tottenham não balançou as redes em nenhum dos seis jogos que disputou após a Copa.

Com Diniz, Gabriel Jesus também ganhou voto de confiança. Disputou quatro jogos, mas não se firmou. O campeão brasileiro pelo Palmeiras em 2018 tentou driblar as críticas dizendo que balançar as redes não era a grande virtude dele. "Tento, busco, me movimento, ajudo a equipe. O gol é inevitável. Acredito que não seja meu ponto forte. Mas eu faço gol, estou lá para fazer gol, tanto que fiz gol aqui na Seleção. E quando voltar a fazer gol, vai acontecer. É trabalhar, eu não sou de rebater crítica ou ficar feliz por elogio. Nada me incomoda mais", discursou em novembro de 2023.

Gabriel Jesus, inclusive, foi o camisa 9 titular no último superclássico contra a Argentina, o da derrota por 1 x 0 no Maracanã, pelo primeiro turno das Eliminatórias da Copa do Mundo. Dorival Júnior aproveitou parcialmente os atacantes convocados pelos antecessores, mas tenta encontrar o camisa 9 próprio. Testou Evanilson, mas sem sucesso, e chamou Igor Jesus em meio à boa fase com o Botafogo. Endrick tem três gols sob a batuta de Dorival Júnior, porém segue sem prestígio. Prova disso foi a ausência entre os 26 convocados para esta Data Fifa. O brasiliense de 18 anos só foi acionado porque Neymar se lesionou.

Embora esbarre em dificuldades para montar o quebra-cabeça do ataque brasileiro, Dorival Júnior tem uma solução para o setor: o flamenguista Pedro. Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil com o camisa 9, o treinador trabalha com a hipótese de ter o homem-gol para os compromissos de junho contra Equador e Paraguai. Pedro foi quase uma unanimidade entre os últimos técnicos da Seleção. Só não esteve com Fernando Diniz. Foi à Copa do Mundo com Tite, esteve na retomada dos trabalhos com Ramon Menezes e era o preferido do atual dono da prancheta, até se lesionar.

Enquanto Pedro não vem, a Seleção se aproveita do poder de definição de outras peças. Raphinha marcou quatro dos últimos oito gols da equipe. Vini Jr. decretou a vitória contra a Colômbia. Gerson, Andreas Pereira e Luiz Henrique também estufaram as redes recentemente.

Das oito seleções campeãs mundiais, seis têm atacantes unânimes. Há equipe que ostente até mais de um para a função, como a Argentina, com Lautaro Martínez e Julián Álvarez. O Uruguai não tem mais Edinson Cavani e Luís Suárez, mas confia a 9 a Darwin Nuñez. Na atual campeã da Euro, Espanha, não há badalação sobre Álvaro Morata, mas ele é um dos líderes da geração com Lamine Yamal e Nico Williams.

A França dispensa comentários, com Kylian Mbappé, a referência disfarçada de camisa 10. A Inglaterra tem um dos melhores do mundo, Harry Kane, maior artilheiro da história dos Three Lions, com 70. Tetra mundial, a Itália de Luciano Spalletti delega a função a Moises Kean em meio à lesão de Mateo Retegui.

A Alemanha passa por situação semelhante à do Brasil. Acostumada a Miroslav Klose e Thomas Muller, a Mannschaft passa por experimentos. Serge Gnabry, Tim Kleindienst, Jonathan Burkardt e Niclas Fullkrug foram testados pelo técnico Julian Nagelsmann.

Como eles se saíram

Endrick 13 jogos 3 gols
Evanilson 2 jogos e nenhum gol
Gabriel Jesus 64 jogos e 19 gols
Igor Jesus 4 jogos e 1 gol
João Pedro 3 jogos e nenhum gol
Matheus Cunha 12 jogos e nenhum gol
Pedro 6 jogos e 1 gol
Richarlison 48 jogos e 20 gols
Rony 3 jogos e nenhum gol
Vitor Roque 1 jogo e nenhum gol
Yuri Alberto 1 jogo e nenhum gol

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Victor Parrini
postado em 22/03/2025 06:00