Canteiro de obras

Times eliminados dos estaduais usam tempo para construir e reformar equipes

Técnicos portugueses Renato Paiva, Leonardo Jardim e Pedro Caixinha são os mais pressionados na Intertemporada forçada

Futebol canteiro de obras -  (crédito: Valdo Virgo)
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Futebol canteiro de obras - (crédito: Valdo Virgo)

A vida dos clubes de futebol pede pausas. No caso de alguns times da Série A, elas são forçadas. Em meio às finais dos estaduais, Botafogo, Cruzeiro, Santos, São Paulo e Vasco viraram canteiros de obras. Todos ficaram fora das decisões domésticas e programaram o tempo ocioso para reformas. Três são comandados por técnicos portugueses.

Renato Paiva, Leonardo Jardim e Pedro Caixinha têm um desafio: defender a hegemonia dos treinadores lusitanos na elite nacional. Das últimas seis edições do Brasileirão, quatro foram conquistadas por treinadores da Terra de Camões: Jorge Jesus (2019), Abel Ferreira (2022 e 2023) e Artur Jorge (2024). A próxima edição começa daqui a 15 dias. Tempo suficiente para os últimos retoques.

O mestre de obras Renato Paiva assumiu a missão de reconstruir o Botafogo — atual campeão do Brasileirão e da Libertadores. O clima era de terra arrasada depois dos vices na Recopa Sul-Americana, na Supercopa do Brasil e do nono lugar no Carioca.

O novo dono da prancheta alvinegra acumula nove dias de trabalho. Aplica o estilo de jogo posicional e cobra preparo físico dos atletas, um dos pontos fortes em 2024. O Botafogo terá pela frente Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores e a Copa do Mundo de Clubes. Se for bi continental, o Glorioso retornará à Copa Intercontinental, em dezembro. A saúde mental e o bom relacionamento humano não saem do foco de Renato Paiva.

O primeiro teste do novo Botafogo será amanhã, em jogo-treino contra o Cruzeiro, às 17h, no estádio Nilton Santos. O segundo, diante do Coritiba no próximo dia 22, novamente no Engenhão. A riqueza de detalhes levantados por John Textor antes da contratação de Paiva pressiona o treinador. “Quando cheguei à reunião, me apresentaram uma ficha bem identificada sobre mim, com pontos fortes e pontos fracos das minhas equipes. Gostei muito do que vi. Acho que estava muito bem explicado. John Textor viu cinco jogos diferentes de várias equipes. Viu do Independiente (del Valle), Benfica B, Bahia e Toluca”, brinca o treinador, cujo sistema predileto é o 4-2-3-1.

O Cruzeiro é outro time em obras. Eliminado pelo América nas semifinais do Mineiro, o protagonista das contratações mais badaladas do ano recolhe os entulhos do péssimo início de temporada sob o comando de três profissionais diferentes. O time foi escalado por Fernando Diniz, Wesley Carvalho e Leonardo Jardim. O maior desafio é encaixar Gabriel Barbosa, Dudu, Matheus Pereira e companhia, ou tomar a decisão impopular de deixar algum deles no banco de reservas.

Além do teste de amanhã contra o Botafogo, o Cruzeiro enfrentará o Red Bull Bragantino no próximo dia 23. “O Jardim é uma novidade para nós. Estamos muito felizes pelo trabalho. Ele está fazendo uma pré-temporada. Muito serviço. Não estamos acostumados. Faz um trabalho bem diferente do que nossos técnicos aqui. Trabalha todos os jogadores. Um método bem avançado”, elogiou o empresário celeste em entrevista à TV Cruzeiro.

Leonardo Jardim não é refém de sistemas. Gosta dos times no 4-2-3- 1, porém o Monaco semifinalista da Champions League em 2016/2017 alternava facilmente para o 4-4-2 e o 3-5-2. Isso agrada ao novo patrão.

Pedro Caixinha é o engenheiro do Santos. A contratação de Neymar por seis meses tumultua os 55 dias de trabalho do português. Ele iniciou o ano sem o camisa 10. Quando parecia consolidar um estilo de jogo, o clube anunciou a contratação do craque por seis meses. Caixinha precisa construir um time com Neymar, sem ele, e um virtual definitivamente sem o astro.

Há peças-chave nesse processo. O volante Tomás Rincón, o meia-atacante Rollheiser e o centroavante David Washington podem transformar o Santos na estreia contra o Vasco. Antes, haverá ensaio diante do Coritiba.

Prestigiados

Eliminados do Paulista, respectivamente, o argentino Luis Zubeldia e o brasileiro Fabio Carille são pressionados pelos engenheiros de obra pronta do São Paulo e do Vasco.

Sincero, o treinador cruzmaltino admite. “Está muito longe do que eu espero. Algumas coisas serão feitas dentro do que eu acredito”, avisa.

Luis Zubeldia pode aprimorar a reinvenção de Oscar como segundo volante. “Me parecia importante que Oscar participasse da construção. Tem mais contato com a bola metros mais atrás, justifica o comandante tricolor.

 

Marcos Paulo Lima
MP
postado em 14/03/2025 06:00