
Campinas (SP) — Não é muito difícil se distrair na primeira edição da CBC & Clubes Expo, a feira do Comitê Brasileiro de Clubes, das instituições esportivas vinculadas, marcas e entidades ligadas à formação e alto rendimento. Opções não faltam. Há uma enorme programação com palestras, networking e homenagens atletas até o encerramento, no sábado (15/3). Porém, os queridinhos de convidados e do público são os estandes interativos das modalidades. É possível ter um dia de Marcus D’Almeida no tiro com arco, de Hugo Calderano no tênis de mesa, de Bia Ferreira no boxe, de Gui Santos no basquete e até se aventurar no pickleball, mais um dos “primos do tênis”. O Correio se aventurou em algumas dessas modalidades.
Iniciamos a aventura na feira esportiva pelo tênis de mesa. Um dos objetivos do estande é mostrar como funciona a modalidade e como ela é levada a sério e não como brincadeira de ping-pong. Há jogadores vinculados à CBTM, a Confederação, para orientar, explicar as regras e até propor desafios com direitos a brindes. Amante da prática da pequena raquete há oito anos, Pedro Guedes é um dos instrutores.
“É importante para o pessoal diferenciar o tênis de mesa do ping-pong, as regras, ver e sentir como é o material, que não é o que eles pensam. É um esporte que demanda muito movimento, às vezes, acham que não é cansativo. Há materiais diferentes, que colocam e tiram efeito. É muito mais complexo do que a brincadeira. Às vezes, a pessoa olhando pela TV acha que consegue fazer, mas não é bem assim”, detalha.
A reportagem constatou isso. Observou e não conseguiu reproduzir nem mesmo por meio de uma disputa contra uma inteligência artificial na disputa com um óculos de realidade virtual. Saque e devolução são os principais fundamentos a serem melhorados. Mas o que vale é a experiência.

A poucos passos da experiência Hugo Calderano, é possível tentar reproduzir o que Marcus Vinicius D’Almeida, brasileiro número três do ranking mundial, faz com precisão nas mais importantes competições. Nosso instrutor foi Marcos Bortoloto, representante do Brasil nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. O instrumento que utilizamos é teoricamente simples, custa a partir de R$ 1 mil. O alvo não estava posicionado a 70m de distância, como manda as regras em Olimpíadas, mas foi desafiador 2m à frente do repórter. Combinar precisão e equilíbrio, pois é preciso se posicionar com as pernas para o lado e arco para frente, foi o principal desafio.
“É a forma que vejo para retribuir para o desenvolvimento do esporte é difundindo-o entre as pessoas. Todo mundo que vem, faz uma vez, dá uma volta e faz novamente. É viciante. Nada como ter um atleta como um dos primeiros do mundo. Isso faz com que o esporte ganhe corpo e se desenvolva”, destaca Bortoloto.
Em meio à febre do prodígio João Fonseca no tênis, outro “primo” da modalidade chama a atenção na CBC & Clubes Expo. Criado na década de 1960 nos Estados Unidos, o pickleball pede passagem no Brasil. A exposição interativa no evento em Campinas chama a atenção de curiosos. É uma modalidade com quadra quatro vezes menor do que as de tênis. É disputada com uma bola oca e perfurada. As raquetes são mais leves e permitem maior agilidade. Mas a maior curiosidade sobre a prática está próxima à rede. Há um retângulo de cor diferente e paralelo à divisão da quadra para sinalizar que, naquela área de 2,13m, não é possível pisar e rebater a bola no ar.

“Temos duas áreas de saque, com obrigatoriedade de sacar de forma cruzada. A pontuação que vai de 11, 15 ou 21, podendo ter vantagem ou não. Para iniciantes, recomendamos fazer a pontuação sem vantagem, que é mais fácil de aprendizado. Sem vantagem, uma partida pode durar cerca de 5 a 10 minutos. Normalmente, as pessoas jogam três modalidades: simples, dupla iguais e dupla mista”, detalha Marcus Paulo, preparador físico e diretor-técnico da Confederação Brasileira de Pickleball. A entidade foi criada em 7 de fevereiro de 2024 e observa crescimento do número de aptos.
“Ganhou força depois da pandemia. Pessoas jogam em todo o país. Hoje, o Brasil é o segundo país da América com mais adeptos. Como Confederação, levamos isso para os estados. Somos 21 federações. É um esporte totalmente inclusivo, fácil de jogar. Temos famílias inteiras jogando em competições nacionais”, explica. “Para mim, colocar uma quadra dessa em qualquer espaço e ainda fazer adaptações é muito interessante, pois nem precisa haver nível competitivo. Pode ser jogada em cimento, asfalto ou até terra batida. O interessante é que a bola quique”, completa Marcus Paulo.
Há opções interativas para todos os gostos na CBC & Clubes Expo em Campinas. Além de tênis de mesa, tiro com arco, pickleball, é possível testar habilidade com arremessos em cestas de basquete distribuídas pelo evento, com bolas em tamanho oficial e versão mini. Teste de força soco está disponível. O recorde era 933. O golpe mais feroz da reportagem obteve 702. Uma mesma proposta é acessível aos amantes do futebol. É possível incorporar o ex-lateral Roberto Carlos e mandar aquela bomba.
Aparelhos de musculação, recuperação física, esteira de escalada, minigolfe e até mesas de bilhar também cativam os visitantes. A modalidade está em evidência. Membros da Federação Paulista de Bilhar e Sinuca ficam de plantão para detalhar a prática e aumentar a exposição. Inclusive, uma das palestras desta quinta-feira (13/3) é “Sinuca e Bilhar: O crescimento e o potencial desse esporte no Brasil e nos clubes de prestígio”.



A CBC & Clubes Expo começou na terça-feira (11/3) e vai até sábado (15/3). São mais de 2.500 convidados diários, 25 clubes participantes e 18 marcas expostas em uma área de 8.380m².
O que é o CBC?
O Comitê Brasileiro de Clubes é uma associação civil de origem esportiva criada em 1990 com o objetivo de desenvolver e implementar a política de formação de atletas, por meio de apoio aos clubes.
A entidade recebe recursos das Loterias, por meio da Caixa Econômica Federal, voltados ao fortalecimento do sistema nacional de clubes. No Brasil, a base de atletas do alto rendimento é majoritariamente desenvolvida por clubes. Com base nos valores recebidos em 2024, estima-se que, em 2025, o repasse será de aproximadamente R$ 115 milhões.
*O repórter viajou a convite do Comitê Brasileiro de Clubes