
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) pediu que o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, seja retirado da lista de acusados do processo criminal que apura a responsabilidade pelo incêndio no Ninho do Urubu. O requerimento feito na última segunda-feira (3) pela promotora Roberta Dias Laplace.
O caso ainda passará pelo juiz. Se for adiante, vai livrar Bandeira do processo antes mesmo do julgamento do mérito da questão. O órgão entende que o caso prescreveu em relação a Bandeira, e ele não pode mais sofrer uma punição. A informação inicial foi do “Uol”.
O Ministério Público parte de algumas situações para o embasamento. Uma é o prazo para prescrição dos crimes nos quais Bandeira e os outros sofreram os enquadros. A segunda, e principal, é a idade do ex-cartola do Flamengo.
A prescrição é de oito anos caso o acusado não seja menor de 21 anos na data do crime ou tenha mais do que 70 anos quando a sentença for proferida. É justamente o cenário de Bandeira, que já completou 71 anos e fará 72 em março deste ano. Assim, a prescrição cai pela metade (quatro anos). O incêndio do Ninho do Urubu, aliás, vai completar seis anos no próximo dia 8 de fevereiro.
Posicionamento de Eduardo Bandeira de Mello
"Foi com surpresa que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.
Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição.
Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo.
Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.
Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência."
Relembre o caso
Na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019, um incêndio no Ninho do Urubu deixou dez mortos e três feridos. Outros 13 jovens escaparam. O fogo atingiu o alojamento do CT onde dormiam jovens das divisões de base do clube. Investigações chegaram à conclusão de que a tragédia começou com um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado, e o local não tinha todas as autorizações para funcionar por não cumprir as normas de segurança. Oito pessoas sofreram acusação de homicídio e tentativa de homicídio com dolo eventual.
Por fim, há um total de 10 acordos fechados diretamente entre clube e familiares. Aliás, o último trato do clube foi com Rosana de Souza, mãe de Rykelmo. Contudo, os valores dos acordos estão em sigilo. As cifras que envolveram os documentos não foram externadas por clube ou familiares. Os números, aliás, variam de acordo com a necessidade e situação de cada familiar.