Spencer Lee Christian Fjos Driessen Van Dijk. Quem lê, ou ouve, o nome do comandante do Brasília Vôlei na Superliga Feminina pela primeira vez pode até não associar, mas a assinatura incomum para um brasileiro está diretamente ligada ao segundo esporte mais popular do país. Pertence, de fato, a um apaixonado pela modalidade. Com mais de 30 anos de experiência e diversos títulos no currículo, o técnico mineiro de Passos, com ascendência holandesa, é o responsável por guiar o sonho da equipe local na elite nacional.
Profundo conhecedor do voleibol nacional, Spencer Lee sabe bem o caminho para colocar o Brasília Vôlei na rota das surpresas da Superliga — um dos poucos títulos importantes ausentes no currículo do profissional de 55 anos. Em entrevista exclusiva ao Correio, o treinador se define como um líder coach, mas consciente de quando deve ativar o estilo "paizão" com as jogadoras. A experiência dele ajuda as jovens atletas do time brasiliense a buscarem entregar o melhor em quadra. "Acredito que continuaremos lutando para estar entre as oito finalistas. Se isso não acontecer, espero ter conquistado a imagem de uma equipe com identidade, lutadora, com perfil, bem treinada, que é onde o treinador entra. E, acima de tudo, uma equipe competitiva, que faça nosso torcedor se identificar com o time", define.
Atualmente, o Brasília figura na nona colocação da Superliga Feminina, uma abaixo da linha de corte de classificação ao mata-mata. Na cidade desde agosto de 2024, Spencer Lee salvou o time do rebaixamento na última temporada e, agora, tem o desafio de transformar o sonho de playoffs em realidade. "No segundo turno, é trabalhar um pouco mais essa consistência dos nossos melhores momentos para que a gente possa enfrentar de igual para igual equipes com porte financeiro maior do que o nosso, um elenco mais experiente, com mais qualidade do que o nosso", planeja, com orgulho do jovem elenco do qual é responsável.
Qual a origem do nome Spencer Lee Christian Fjos Driessen Van Dijk?
Meu pai era holandês e veio para o Brasil com 13 anos. Eu sou o filho mais velho, Spencer Lee Christian é um nome americanizado e ele (o pai) colocou o sobrenome por parte do meu avô, Fjos Van Dijk. Lá em casa nós somos todos assim.
O que está achando de Brasília? Já deu para conhecer a capital além do vôlei?
Não muito. Minha família ainda mora em Ribeirão Preto (SP). Então, no final de semana, eu tento ir visitar minha filha e minha esposa. Depois que o campeonato começa é uma correria, acaba que não temos muita vida social por causa da rotina.
Qual a importância do psicológico dentro de quadra? Na partida contra o Unilife Maringá que venceram no tie-break, o mental foi um forte aliado para as jogadoras?
Sem dúvidas. Naquele momento do jogo, com quase três horas de partida, o cansaço, a ansiedade para fechar, o nervosismo e a vontade de ganhar dentro de casa, são elementos que mexem muito. O time teve uma grandeza emocional que foi determinante para a vitória, elas (as jogadoras), souberam dominar a ansiedade e o medo, transformaram todos os sentimentos na vontade de vencer.
E qual é o foco atual?
A gente tem incomodado as equipes, mas, em algumas situações, não o bastante para vencer esses jogos difíceis. Vida que segue. Voltaremos focados no trabalho do segundo turno para que a gente permaneça na briga para estar entre os oito melhores. Isso é o mais importante.
Tem algum sonho que ainda não conquistou no vôlei?
De todos os campeonatos que disputei na minha vida, só não ganhei a Superliga. Na carreira de técnico, não tem nada que eu não conquistei. Então, a Superliga fica esse sonho.
Se considera um líder? Se sim, que tipo se define?
Eu me coloco muito como líder, como um coach. Eu passei por muita coisa aqui dentro, eu posso ajudá-las nessas questões emocionais que envolvem dentro de quadra. Aqui fora, eu tento ser pai, do que for preciso, ajudo e aconselho.
Tem alguma inspiração nesse mundo do vôlei?
Dizer que Bernardinho e Zé Roberto não são inspiração para quem trabalha na minha profissão é falta de humildade. Eles ganharam tudo o tempo todo. Cresci assistindo-os jogar vôlei. Depois, sendo técnicos vencedores. Eles fizeram o voleibol brasileiro ser uma referência, ensinaram o mundo a trabalhar na forma Bernardinho e Zé Roberto.
Como está a adaptação das estrangeiras ao clube?
Elas estão aprendendo. A Panni (Petovary, da Hungria) tem uma facilidade muito grande em aprender línguas. Ela se vira bem, entende e fala algumas coisas. A Kate é canadense, é um pouco mais difícil. Falamos em inglês com ela. Mas elas se adaptaram super bem, apresentaram tipos de comidas para ela e amaram. Estão adorando o Brasil.
O Brasília Vôlei não tem nenhuma jogadora do DF no elenco. Até que ponto isso é ruim para a cidade?
Seria super importante para o Brasília Vôlei ter duas ou três candangas vindo das categorias de base do clube, figurando entre as jogadoras da Superliga. Isso ajuda a diminuir o custo, porque trazendo jogadoras de fora os gastos são maiores. Criaria uma identidade com a cidade muito maior e só agregaria para o clube. O ideal seria as equipes de base do Brasília Vôlei serem fortes.
*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz
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