O verso Minha casa, minha vida, minha luta, minha dor, da canção Minha Casa, lançada em 1985 pela dupla sertaneja Milionário & José Rico, elucida com eficiência o cenário vivido pelos 10 clubes do Campeonato Candango a apenas quatro dias do começo da versão de 2025 da elite local. Quando em pauta, o assunto moradia própria costuma ser delicado. Existem lutas a serem travadas diante de questões diversas. Segurança, estrutura e decisões de mandos de campo para os "desabrigados" são dores frequentes necessitadas de sanação. Neste ano, a bola rola a partir de sábado. Três das seis arenas com jogos marcados para o torneio, no entanto, ainda não estão 100%.
Maior campeão do Distrito Federal com 13 taças, o Gama mandará as partidas no Estádio Bezerrão. A arena viverá a segunda edição do torneio desde a reabertura das dependências, em 2024. O Brasiliense jogará no Estádio Serejão. Outro a atuar na própria região administrativa é o Ceilândia, com partidas agendadas para o Abadião. Vice-campeão no ano passado, o Capital estará, mais uma vez, no Estádio JK, no Paranoá. Campeão em 2023, o Real Brasília jogará onde se sente mais à vontade: no Estádio Defelê, na Vila Planalto. Membro da primeira divisão pelo terceiro ano seguido após subir em 2022, o Samambaia atuará no Rorizão.
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Com a ausência de palcos importantes como o Augustinho Lima e o Cave — o primeiro passa por reformas e o segundo está abandonado desde 2014 —, parte dos estádios terá a responsabilidade de abrigar equipes desabrigadas. Sem poder jogar na região da qual é representante, o Sobradinho alugará o Defelê. A arena da Vila Planalto também será casa do exilado Paranoá. O Bezerrão será utilizado pelo Legião. O Serejão terá, ainda, partidas do Ceilandense. O Arara é um braço técnico do Brasiliense.
Com pendência
Às vésperas do início do principal torneio do calendário candango, os respectivos responsáveis pelas sedes escolhidas se movimentam para acertar os últimos detalhes estruturais e de segurança em tempo. Conforme apurou o Correio com os órgãos de segurança e os clubes envolvidos na competição local, metade dos estádios segue sem a aprovação plena para receber partidas. Embora singelos, alguns detalhes ainda precisam ser resolvidos. Abadião, Rorizão e Defelê são os que ainda possuem pendências.
De acordo com o Tenente-Coronel da Diretoria de Vistorias do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) Gabriel Duarte, a arena de Ceilândia teve a última vistoria realizada em 7 de dezembro passado. Exigências documentais, instalação de corrimãos e adequações na sinalização de emergência são os detalhes com resolução pendente para a liberação dos laudos necessários. O presidente do Ceilândia, Ari de Almeida, confirmou à reportagem que o Abadião terá as pendências resolvidas antes do início da competição. No sábado, o Gato Preto recebe o Real Brasília, às 16h. "Essas coisas, além de alguns ferros soltos para fazer solda, são simples, nada demais. Isso está sendo feito", garante.
Na Vila Planalto, o CBMDF relata que restam exigências documentais e adequações na sinalização de emergência. Assim como informa o Tenente-Coronel Gabriel Duarte, o Real Brasília deve entrar em contato para a realização de uma nova visita. O presidente do clube, Luís Felipe Belmonte, relata, em contrapartida, esperar o laudo dos bombeiros. "Dei a confirmação a eles na última quarta-feira. O laudo da Conmebol, inclusive, já chegou", conta. O Rorizão é outro com pendências simples a serem resolvidas. Ainda restam exigências documentais e a instalação de corrimão. Procurado, o Samambaia não se posicionou. A última vistoria por lá aconteceu em 26 de dezembro de 2024.
Liberados
Bezerrão, Serejão e o Estádio JK podem se considerar liberados. Os dois últimos, no entanto, têm observações. Na arena do Gama, a última visita feita pelos órgãos de segurança aconteceu na quarta-feira. À reportagem, o presidente Wendell Lopes confirmou a aprovação. Com vistoria feita em 7 de dezembro, o palco de Taguatinga foi liberado, conforme confirmado pela assessoria do Brasiliense, mas com as mesmas restrições anteriores de público: apenas cinco mil dos 27 mil lugares podem ser ocupados.
Totalmente reformada pelo Capital por meio do programa Adote uma Praça depois de 11 anos de inatividade, o Estádio JK, no Paranoá, está liberado para abrigar a mesma quantidade de pessoas. O local recebeu, inclusive, uma série de reformas. Com a instalação de luzes de LED, poderá, pela primeira vez, receber jogos noturnos, algo sonhado, mas ainda não conquistado pelo Ceilândia, no Abadião. De acordo com o Coruja, após a finalização da revitalização, o palco voltará ao poder público. "Desejamos que mantenham o estádio como um dos melhores gramados do DF. O clube continuará fazendo as solicitações legais devidas para que continue a realizar projetos sociais e mandar jogos oficiais no estádio", cita, em nota.
Apesar das pendências, o cenário é expressivo se comparado ao passado. Em 2020, por exemplo, três estádios da cidade não possuíam condições de abrigar jogos oficiais. Mané Garrincha, Abadião e Bezerrão, com 10 dias de distância do primeiro apito inicial, não tinham os laudos em dia. O Serejão era o único com condições. No entanto, possuía as aprovações perto do prazo de validade. As arenas do entorno, como o Serra do Lago, em Luziânia, o Estádio Diogão, em Formosa, e o estádio Urbano Adjuto, em Unaí, com requerimentos em dia, foram responsáveis auxiliar na questão.
Fora do Entorno
As escolhas para o torneio da vez perpetuam uma nova ordem. Este será o segundo ano consecutivo em que nenhum estádio do entorno da capital federal estará presente na elite. Anteriormente, arenas fora do coração do DF eram presenças assíduas. O Estádio Adonir José Guimarães, em Planaltina, fechou para reforma. O Serra do Lago, em Luziânia, foi utilizado em 2020, 2021, 2022 e 2023. Em decorrência da distância e da condição precária do gramado, acabou descartado. Antes casas de Sobradinho e Formosa, respectivamente, o Augustinho Lima e o Estádio Diogão também não compõem mais a relação local.
Veja a situação detalhada de cada um dos estádios do Candangão:
Bezerrão - Gama
Última vistoria: 8/1/2025
Status: Aprovado
Capacidade: 20.310
Estádio JK - Paranoá
Última vistoria: 9/1/2025
Status: Aprovado com restrições
Restrição: limitação da capacidade por questões de segurança
Público máximo: 5.000
Serejão - Taguatinga
Última vistoria: 7/12/2024
Status: Aprovado com restrições
Restrição: Apenas setor w1, w2 e tribuna estão liberados
Público máximo: 5.000
Abadião - Ceilândia
Última vistoria: 7/12/2024
Status: Aguardando resolução de exigências
Exigências documentais: necessidade de instalação de corrimão e adequações na sinalização de emergência
Rorizão - Samambaia
Última vistoria: 26/12/2024
Status: Aguardando resolução de exigências
Exigências documentais: necessidade de instalação de corrimão e adequações na sinalização de emergência
Defelê - Vila Planalto
Última vistoria: 10/12/2024
Status: Aguardando resolução de exigências
Exigências documentais: adequações na sinalização de emergência e público máximo de 975 pessoas
Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e clubes
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz
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