Futebol feminino

Conheça Kethleen Azevedo, primeira mulher contratada para assumir o Minas

Desbravadora do esporte, treinadora de 34 anos é pioneira no futebol feminino brasileiro e assume novo desafio de liderar equipe da capital na Série A2 e no Candangão

Treinadora participou do título nacional do Mixto na Série A2 do Campeonato Brasileiro -  (crédito: Arquivo pessoal)
Treinadora participou do título nacional do Mixto na Série A2 do Campeonato Brasileiro - (crédito: Arquivo pessoal)

Um dos clubes mais tradicionais do cenário feminino no Distrito Federal, o Minas Brasília está de comandante nova. Natural de Ipatinga (MG), Kethleen Azevedo chega ao clube verde e azul para ser a primeira treinadora à frente da equipe. A profissional treinadora de 34 anos se despediu do Itabirito para assumir um novo desafio na carreira e liderar a equipe da capital nas disputas da Série A2 do Campeonato Brasileiro e o Campeonato Candango. Em bate-papo com o Correio, a técnica conta sobre a paixão pelo futebol feminino e a expectativa para o novo projeto.

Embora tenha pouca idade, Kethleen tem uma ligação antiga com o esporte, sempre presente na vida da mineira. Até mesmo muito antes de imaginar transformar a paixão em profissão. Em 2007, surgiu a Associação Recreativa Iguaçu, um projeto despretensioso que nasceu da vontade da treinadora e das amigas de jogarem bola. A equipe conquistou espaço na região metropolitana do Vale do Aço mineiro e, em 2008, se sagrou campeã estadual com a técnica do Minas ainda como jogadora.

"Eu criei o clube reunindo algumas colegas da escola e, na época, eu morava em frente ao campo. Pedi ao presidente para que pudéssemos treinar pelo menos uma vez por semana. Nem treinar, brincar de futebol. E aí, surgiu toda a história. O Iguaçu chegou a cinco finais do Campeonato Mineiro e foi campeão estadual em cima do Atlético-MG. Tivemos uma história muito bacana dentro de Minas Gerais", conta a treinadora.

Em 2015, veio a oportunidade de criar o departamento feminino do Ipatinga Futebol Clube. A história se repetiu. Segundo Kethleen, a ideia era se reunir, brincar de futebol uma ou duas vezes na semana. Pouco depois, veio a decisão de entrar no Campeonato Mineiro daquele ano. A busca malsucedida para achar um treinador capaz de assumir a equipe mudou o destino da mineira. "Na época, brinquei com as meninas: 'sou a mais ruim de vocês. Então, vou ficar à beira do campo'. Foi assim que começou a minha carreira como treinadora", relembra.

Logo em 2015, foram campeãs mineiras. A técnica ficou à frente da equipe durante sete temporadas. A despedida do Ipatinga veio logo após Kethleen aceitar o desafio de comandar a equipe do América-MG, na qual esteve presente no primeiro clássico feminino do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Na ocasião, o Coelho venceu o Atlético-MG, por 3 x 0. Após a passagem nas Spartanas, a treinadora retornou à cidade natal e criou o terceiro departamento de futebol feminino da carreira: o Ideal Futebol Clube.

Apesar de muito jovem, a técnica é um nome de destaque no cenário do futebol feminino brasileiro. O currículo é extenso. Foi a primeira mulher campeã mineira (pelo Ipatinga) e a primeira treinadora campeã do estado de Minas Gerais. Além de ter protagonizado o primeiro clássico feminino dentro do Mineirão. Quando chegou em Mato Grosso para treinar o Mixto, Kethlenn conquistou o troféu da Série A3 do Brasileirão, o primeiro título nacional de um clube mato-grossense em todas as categorias possíveis entre homens e mulheres.

"O futebol feminino é a minha vida. É o que eu me dedico 101%. Trabalho, busco melhorar, aperfeiçoar e adquirir conhecimento. Luto pela modalidade e pelo crescimento, não só pela competição e os títulos. Busco ajudar as meninas, fazer com que a categoria evolua cada vez mais e tenha esse reconhecimento. Temos que ter uma resiliência muito grande no futebol feminino e precisa amar muito. São várias histórias legais, bonitas para serem contadas e a minha é mais uma. Eu não desisti, tive muita persistência, acredito e amo muito o que eu faço" enaltece Kethleen.

Chegada ao Minas

A chegada no Minas Brasília coloca mais uma conquista no currículo por ser a primeira mulher no comando do time. "O Minas Brasília, para nós, é uma inspiração. Comandado por duas mulheres inteligentes e muito competentes (as presidentes Nayara e Nayeri Albuquerque), mostra que o futebol pode, sim, ser ocupado por mulheres capacitadas. Acredito que ter ido para o Minas me traz muito essa motivação e espero contribuir", pontua.

Kethleen mostrou sintonia com a história do clube no qual está desembarcando. "É uma camisa gigante no futebol feminino. A Série A2 do Brasileirão é uma competição na qual o Minas tem plenas condições de buscar o acesso. E o Candangão, um torneio no qual o clube vem batendo na trave nos últimos anos e que a gente tem perspectiva de voltar a vencer", projeta a treinadora, de olho na récem-iniciada temporada de 2025.

*Estagiária sob supervisão de Danilo Queiroz

Mel Karoline*
postado em 10/01/2025 17:01 / atualizado em 10/01/2025 17:06
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