São muitos os talentos que se destacam no Torneio Arimateia de futsal, mas um grupo específico tem um brilho especial: o da garotada. Tradição da virada de ano no Distrito Federal, o campeonato amador já teve em quadra os desfiles de nomes como Endrick, Reinier, Ângelo Gabriel e Robert Renan, crias do quadradinho que atualmente estão em ação por clubes do futebol mundial e servem de exemplo e inspiração para a nova geração candanga.
O carinho com os mais jovens começa desde a organização do torneio, que separa as categorias sub-7, sub-9, sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17 e reúne mais de 65 equipes. As partidas destas classes, com exceção da dos mais velhos, são a única ocasião em que o Arimateia para em caso de chuva, pois o maior campeonato a céu aberto da América Latina ganhou fama com os jogos mesmo durante dias chuvosos.
“Aqui temos muito cuidado com os times de base, porque, querendo ou não, eles são a alma da nossa competição. São esses meninos que se tornam craques no futuro e nunca se esquecem de terem jogado conosco. Se depender de alguns pais, o jogo acontece mesmo com chuva, mas queremos ver essa garotada jogar sem preocupação, podendo se divertir, porque aqui é o celeiro do futsal. Anos atrás saíram garotos daqui chamado Endrick e Reinier, mas daqui a cinco anos vamos ver mais outros e assim em diante. É muito legal ver isso acontecendo e as oportunidades chegando para eles”, conta José de Lima Téia, o Arimateia.
A missão de deixar a criançada se divertir, ao mesmo tempo em que competem pelo título, cuja decisão será neste domingo, recai nos ombros dos técnicos. Por ser durante o período de férias escolares, alguns treinadores enfrentam dificuldade com a ausência de alguns jogadores, mas aproveitam o lado positivo de lançar os talentos em quadra para juntar a diversão e o esporte.
“Colocar os meninos para jogar aqui no Arimateia, um lugar com grande público, torcidas e até pressão, ajuda eles a já irem se acostumando e os molda como jogadores. Já vi vários atletas que passaram por aqui e hoje estão na Copinha, por exemplo, então é um bom passo para eles desenvolverem o futuro deles no futebol. Além da carreira, ainda ajuda na formação do ser humano. São garotos que estão aqui, e o esporte pode fazer eles perderem a timidez, se relacionarem melhor, trabalhar em equipe, ficar menos nas telas e curtir as férias de uma forma ainda melhor”, avalia Tiago Mousinho, de 36 anos, treinador do sub-15 do Minas Brasília.
“Vemos muitos atletas que saem daqui e vão para fora, mas sempre mantemos contato e chamamos para participar de novo com a gente. Faz toda a diferença na formação deles como atleta, até porque aqui tratamos criança como criança deve ser tratada, sem xingamento, com cuidado, sem passar dos limites, e tentando motivar para que eles estejam vivos nos jogos. No nosso caso, não é fácil estar em um ambiente masculino, ainda mais nossa comissão formada apenas por mulheres, mas os pais abraçam e estamos fazendo um bom trabalho, reunindo esses jovens e colocando eles na situação para serem felizes jogando bola”, acrescenta Ingrid Cristine, de 30 anos, treinadora do Cesea.
No meio do suporte, os jovens não esquecem a importância da competição e mantêm a empolgação para tentar ser campeão e seguir os passos de outros craques que já passaram pelo Arimateia: virar jogador profissional.
"Meu maior sonho é poder jogar bola mundo afora e sempre olhar para trás lembrando onde passei, É gratificante poder participar de um torneio importante e onde pessoas que eu admiro também estiveram. Agora é focar nas próximas partidas, porque todos aqui querem ser campeões", mira Arthur Velasco, jogador do Minas no sub-15.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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