O ex-presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, entrou com uma ação popular contrária à venda dos títulos de dívidas da WTorre ao BTG, pelo Banco do Brasil, referente à construção do Allianz Parque. O ex-mandatário solicita a divulgação de informações sobre contratos e valores envolvidos em busca de transparência na operação.
A operação determina a venda de dívidas adimplidas da WTorre, construtora sócia do Palmeiras no Allianz, à Enforce – ligada ao BTG, banco do qual André Esteves participa como sênior partner. A garantia dos títulos de dívida assegura participação na gestão do estádio, avaliado atualmente em mais de $ 2 bilhões.
“Entrei com essa ação popular para entender o motivo da venda, para que as pessoas expliquem. Afinal, por que essas ações acabaram vendidas com deságio de 60% se elas estavam recebendo pagamentos em dia? Por que um ex-executivo do banco que vendeu agora trabalha no fundo comprador? E também por ter preocupação com o Palmeiras. Não acho que seja uma boa o Allianz Parque virar Arena BTG”, explicou ao UOL.
Luiz Gonzaga Belluzzo
Na ação, Belluzo cita outro caso envolvendo a venda de títulos de dívida – sem motivos aparentes – por parte do Banco do Brasil. O ex-presidente alviverde menciona uma auditoria da Controladoria Geral da União de 2021, referente ao negócio de parte de sua carteira de crédito sem justificativa para tal.
Ainda de acordo com o Times Brasil, o BB vendeu nove títulos de dívidas (CCBs, cédula de crédito bancário) da WTorre para Enforce em maio deste ano. A empresa atua de forma especializada na compra de dívidas em inadimplência com grandes descontos.
Não houve divulgação sobre o montante da dívida à época da venda dos CCBs – tampouco o valor pelo qual o banco negociou os direitos de crédito. Na ação, porém, afirma-se que o Banco do Brasil, “por motivos inexplicáveis, cedeu créditos que estavam inadimplentes”. Estima-se que a quantia de face da dívida da WTorre girava em torno de R$ 690 milhões, e a Enforce comprou os títulos por algo entre 20% a 40% desse montante.
“Eu entrei com a ação pelo fato de ser eu o responsável pela operação envolvendo a WTorre. O contrato foi favorável ao Palmeiras. Fiz uma aposta keynesiana para ajudar meu clube de coração. Não sabia que teria esse resultado. Eu estou muito preocupado coma intrusão do BTG e, por isso, não vou abrir mão de garantir que não tenhamos uma operação financeira segura”, disse Belluzzo ao ‘Times Brasil’.
Ação
Afirma-se, portanto, que faltou transparência na ação que ocorreu em maio e não há motivo plausível para venda dos créditos bancários. A ação alega que as parcelas receberam todos pagamentos previstos e, sendo assim, não poderiam figurar como crédito podre.
O advogado de Belluzo afirma que Antonio Leopoldo Giocondo Rossin (diretor executivo da Enforce, segundo texto) “possivelmente teve informações privilegiadas, visto que trabalhou 27 anos no Banco do Brasil”. Afirma, ainda, que o empresário também “supervisionou as linhas de financiamento da WTorre”.
Palmeiras e WTorre
A construtora pagou à vista, em outubro, uma dívida de R$ 50,1 milhões ao Alviverde pelo Allianz Parque. O novo acordo assinado pelas partes pôs fim a uma batalha judicial de quase dez anos na gestão do estádio e prevê um saldo total de R$ 117,1 milhões para o Palmeiras.
Além do depósito do valor à vista, ficou acordado que o Alviverde ficará quatro anos sem pagar por camarotes no estádio e três anos sem arcar com quantias para o uso da loja do Avanti. O clube também poderá aumentar o Gol Norte em cerca de 1000 lugares.
Siga nosso conteúdo nas redes sociais: Bluesky, Threads, Twitter, Instagram e Facebook.