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Dobradinha Libertadores/Brasileirão do Botafogo supera Mundialito

Mundialito não apaga o ano glorioso do Botafogo, dono da América e do Brasil

A matemática é simples e didática. Basta desenhar. Qualquer conversa honesta parte do pressuposto que os clubes sul-americanos nunca mais conquistarão o planeta por conta do abismo técnico e físico em relação aos europeus. Nem Botafogo, Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Mineiro, Fluminense, São Paulo, Santos, Cruzeiro, Vasco, Inter, River Plate, Boca Juniors ou Peñarol. O Corinthians de 2012 foi o último a entrar por esta porta, agora trancada a sete chaves. Então, quem obteve a glória maior? Um time que vence o Brasileirão e a Copa Libertadores, mas cai nas quartas de final do Mundialito. Ou aquele que leva o torneio continental, passa em branco no Nacional, ganha um ou dois joguinhos no Golfo Pérsico e perde somente na final do torneio da Fifa? Quem festejou mais taças? É a lógica, estúpido!

Em 15 dias, o Botafogo disputou cinco decisões em cinco cidades (São Paulo, Buenos Aires, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Doha), três países (Brasil, Argentina e Qatar) e dois continentes (América do Sul a Ásia). Levou duas de três taças possíveis e igualou façanhas históricas que somente o Santos de Pelé e o Flamengo de Jorge Jesus conseguiram. Venceu o Palmeiras, em pleno Allianz Parque, na “final” do Campeonato Brasileiro, no momento em que a equipe era mais desacreditada. Em seguida, no Monumental de Núñez, trouxe uma Libertadores para o palacete colonial de General Severiano, jogando com um a menos desde os 30 segundos de embate. De ressaca, como o próprio técnico Artur Jorge admitiu, bateu o melhor time do returno do Campeonato Brasileiro, fora de casa, no Beira-Rio, e ainda teve forças para emplacar outra vitória, no retorno ao Estádio Nilton Santos, colocando um ponto final na disputa pelo BR-2024.

Brasileirão não teve a celebração adequada

O Botafogo, nesta semana, deveria estar festejando as duas taças, com sua gente, nas ruas do bairro mais charmoso da Cidade Maravilhosa. No entanto, sabotado por CBF, Conmebol e Fifa graças a um calendário desleal e vergonhoso, terminou o Brasileirão no domingo (8), viajou ao Qatar no mesmo dia, encarou 17 horas de voo em um avião desapropriado para a ocasião e só teve 24 horas para se preparar diante do duelo contra o Pachuca, na quarta-feira (11), no tal Derby das Américas do Mundialito. Como consequência, sem recuperação, não teve pernas para evitar um 3 a 0, no Estádio 974. Além disso, extenuado, entrou em campo, em 2024, 75 vezes contra 49 do atual campeão da América do Norte/Central. Uma hora a conta chega!

Artur Jorge foi extremamente elegante ao não citar o cansaço do plantel alvinegro para valorizar os méritos do Pachuca na vitória sobre o Glorioso. E o treinador bracarense merece aplausos poupar alguns titulares e priorizar a partida contra o São Paulo, pelo Brasileirão, em detrimento de uma competição cujo público é proporcional ao de uma segunda rodada de Campeonato Carioca. Em Doha, somente 12 mil pessoas testemunharam o prélio entre brasileiros e mexicanos. Não havia tempo para mobilização ou engajamento. Por isso, cerca de 200 escolhidos se fizeram presentes na capital do Qatar, bem diferente da invasão à capital portenha.

A culpa nunca é da vítima

Por fim, a única crítica justa, nesta última partida de 2024, limita-se ao desempenho individual dos jogadores do Botafogo e até mesmo ao próprio técnico minhoto. John falhou feio no segundo gol. Almada entregou uma bola de graça para o Pachuca. Allan esteve mal na marcação. Eduardo andou em campo. Júnior Santos correu errado. Igor Jesus não se encontrou. Tiquinho entrou perdido. Artur Jorge bagunçou a equipe. No coletivo, contudo, este Glorioso não merece uma vírgula. Afinal, a culpa nunca é da vítima. Qualquer comentário, neste sentido, entra no território da canalhice e da desonestidade intelectual. Postura típica, aliás, dos abutres, decrépitos palpiteiros de boteco e ex-jornalistas da imprensa do 7 a 1, cínica e decadente. Estes borra-botas estão desde agosto esperando uma derrota do Mais Tradicional e ejaculam, precocemente, ao mencionar a palavra “vexame”.

O ano do Botafogo, portanto, é maior do que o Mundialito da Fifa. Fim de papo!

*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10

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