ESPORTES OLÍMPICOS

Caio Bonfim é eleito o atleta do ano do Prêmio Brasil Olímpico

Medalhista de prata nos Jogos de Paris-2024, brasiliense desbanca a concorrência de Isaquias Queiroz e Edival Pontes (taekwondo) e conquista o troféu inédito. No feminino, Rebeca Andrade é laureada pela quarta vez consecutiva

Rio de Janeiro — Quatro meses atrás, um talento de Sobradinho engatou a quarta marcha em busca de um sonho. Caio Bonfim tinha a ambição de dar ao Brasil a primeira medalha olímpica na marcha atlética, após as tentativas frustradas nas edições de Londres, Rio, Tóquio. Em 1º de agosto, cruzou a linha de chegada em segundo aos pés da Torre Eiffel, na versão de Paris-2024, colocou a modalidade marginalizada no mapa do mina de conquistas do país e entrou em evidência. Nesta quarta-feira (11/12), o brasiliense de 33 anos foi novamente coroado ao vencer Isaquias Queiroz (canoagem velocidade) e Edival Pontes (taekwondo) ser eleito o atleta masculino do ano do Prêmio Brasil Olímpico. 

A conquista individual impulsiona a carreira do talento das pistas de Sobradinho. O atleta que sofria preconceitos durante os treinos no Distrito Federal curte a onda da prata obtida há 133 dias e surfa na onda de popularidade. A escolha do colégio eleitoral formado por especialistas pela escolha dele como o principal competidor do Brasil em 2024 dá a dimensão disso. Durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, Caio tinha 15.100 seguidores no Instagram. Hoje, tem os passos acompanhados mais de 455 mil fãs para além de Brasília.

O marchador que chegou se aventurar no futebol durante a juventude está com a bola toda. Além de atleta, virou palestrante, inspirador e incentivador. Tem participados eventos pelo país. Recentemente, foi embaixador dos Jogos da Juventude, em João Pessoa (PB). Caio não esconde a alegria da nova fase da carreira, cheia de holofotes. Não à toa, comemorou dobradinha na noite de gala. Além do prêmio principal da noite, colocou na mala de volta para o DF o troféu de Atleta da Torcida, de votação popular.

“É mais fácil marchar 20km do que vir aqui. Quero agradecer, me senti muito abraçado durante os Jogos. Ser treinado pelos meus pais e levar o legado deles e esse prêmio para casa, mostra que valeu a pena. É um momento muito especial para a nossa família, pois batalhamos muito nesse esporte. Das inscrições às piadinhas na rua, muito obrigado por respeitarem o nosso esporte”, discursou, emocionado. 

O Distrito Federal se orgulha de ter pela primeira vez o melhor atleta masculino. Até ontem, o maior protagonismo do país na cerimônia promovida pelo Comitê Olímpico do Brasil havia sido com a hoje senadora Leila Barros. Há 24 anos, a medalhista de bronze com a Seleção de vôlei em Atlanta-1996 e Sydney-2000 foi eleita nossa principal competidora. Caio quebra esse tabu.  

Grazie Batista/COB - Caio Bonfim recebe Prêmio Atleta da Torcida

Feminino 

Caio Bonfim era considerado favorito ao troféu de melhor atleta masculino, mas tinha a concorrência pesada de dois medalhistas em Paris. No feminino, embora tivesse a concorrência da campeã olímpica do judô, Beatriz Souza, e da popular Ana Sátila (canoagem slalom), Rebeca Andrade fez prevalecer a lógica ao conquistar o quarto prêmio consecutivo de melhor atleta da categoria feminina. Feito inédito na tradicional cerimônia, realizada desde 1999. Ela se igualou a Isaquias Queiroz como maior vencedor do principal prêmio do “Oscar” do esporte olímpico brasileiro. 

O Prêmio Brasil Olímpico chama a atenção para muito além das medalhas. Embora não tenha conquistado nenhuma medalha nas 15 provas disputadas em Paris-2024, Ana Sátila entra na vitrine dos destaques do Brasil. Responsável pelos melhores resultados do país em Olimpíadas, com a quarta colocação no caiaque e a quinta na canoa, a mineira de 28 anos mostrou até onde é possível levar uma modalidade sem tanto prestígio e popularidade. Nesta quarta-feira (11/12), levou o troféu Inspire. 

A judoca Bia Souza reforça o protagonismo das mulheres e negras. Apesar de não ter recebido o prêmio de melhor do ano, a paulista de Itariri comemora a excelente frase. Na véspera de cerimônia na Cidade Maravilhosa, foi indicada ao troféu de melhor judoca do mundo em 2024, promovido pela Federação Internacional (IJF, na sigla em inglês). 

Outros prêmios foram distribuídos na noite carioca, como para os melhores atletas de cada uma das modalidades olímpicas (veja a lista completa abaixo). Brasília também esteve representada com Stephan Barcha, o escolhido do hipismo saltos. Mente por trás de cinco medalhas olímpicas do vôlei verde-amarelo, o técnico José Roberto Guimarães foi homenageado com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva pelos serviços prestado ao esporte. 

Durante a cerimônia, foi exaltada a participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O país se despediu da França com 20 medalhas — três ouros, sete pratas e 10 bronzes. O resultado foi o segundo melhor em pódios, atrás somente da campanha em Tóquio-2020. 

Bastidores da jornada na França foram revelados, ontem, durante exibição do documentário Missão Paris: a trajetória do COB do Time Brasil até os maiores Jogos Olímpicos da história. O primeiro episódio foi disponibilizado ontem no canal do Time Brasil no YouTube. Os próximos irão ao ar hoje e manhã. O objetivo é destacar a complexidade e o trabalho multidisciplinar da equipe envolvida, além de destacar o trabalho dos atletas e dedicação de outros profissionais.

O Prêmio Brasil Olímpico encerra oficialmente o ciclo esportivo e de poder. No próximo mês, o presidente Paulo Wanderley Teixeira dará lugar a Marco Antônio La Porta. O ex-chefão da Confederação Brasileira de Triahtlon orquestrará o esporte para o ciclo dos Jogos de Los Angeles-2028. 

Para 2025, La Porta terá orçamento de R$ 594 milhões. Desse total, R$ 482 milhões serão destinados exclusivamente às ações esportivas e R$ 265 milhões repassados diretamente às Confederações vinculadas. Valor recorde. Os principais recursos do COB são provenientes da Lei das Loterias e de patrocinadores, como a Caixa Econômica Federal.

Homenagem 

O Prêmio Brasil Olímpico homenageou lendas e personagens do esporte que morreram em 2024: o tetracampeão mundial, Zagallo; o narrador Silvio Luiz; o pugilista Maguila; o ex-jogador de vôlei de Pampa; o ex-judoca Luiz Onmura; o jornalista esportivo Apolinho; e os nove integrantes do projeto Remar para o Futuro, vítimas de acidente no Paraná.

Todos os premiados

Troféu Rei Pelé Feminino - Rebeca Andrade
Troféu Rei Pelé Masculino - Caio Bonfim
Atleta da Torcida - Caio Bonfim
Prêmio Inspire - Ana Sátila
Prêmio Adhemar Ferreira - José Roberto Guimarães
Revelação - Gustavo “Bala Loka”
Treinador masculino individual - Francisco Porath
Treinador feminino individual - Sarah Menezes
Treinador masculino coletivo - Arthur Elias
Equipe mista - Judô
Equipe do ano - Seleção Brasileira feminina

Destaques dos Jogos da Juventude: Giovana Fioromonte (judô) e Lucio Filho (natação)
Influenciadora do ano: Flávia Saraiva

Atletismo - Caio Bonfim
Águas Abertas - Ana Marcela Cunha
Boxe - Beatriz Ferreira
Badminton – Juliana Vieira
Basquete 3x3 – Luana Batista
Basquete 5x5 – Marcelinho Huertas
Breaking – B-Girl Mini Japa
Canoagem Slalom - Ana Sátila
Canoagem Velocidade - Isaquias Queiroz
Ciclismo BMX Racing – Paola Reis
Ciclismo de Estrada – Ana Vitória ‘Tota’ Magalhães
Ciclismo Mountain Bike – Ulan Galinski
Ciclismo de Pista – Wellyda Rodrigues
Desportos no Gelo – Nicole Silveira
Desportos na Neve – Zion Bethonico
Escalada Esportiva – Rodrigo Hanada
Futebol – Lorena
Ginástica Artística - Rebeca Andrade
Ginástica Rítmica - Barbara Domingos
Ginástica de Trampolim - Ryan Dutra
Handebol – Bruna de Paula
Hipismo Adestramento – João Victor Oliva
Hipismo CCE – Rafael Lozano
Hipismo Saltos – Stephan Barcha
Hóquei Sobre a Grama – Lucas Varela
Judô - Beatriz Souza
Levantamento de Peso - Laura Amaro
Nado Artístico - Marina Postal e Eduarda Mattos
Natação - Guilherme Costa
Pentatlo Moderno – Isabela Abreu
Polo Aquático – Gabriel Sojo
Remo – Lucas Verthein
Rugby Sevens – Thalia Costa
Saltos Ornamentais - Ingrid Oliveira
Skate - Rayssa Leal
Surfe - Tatiana Weston-Webb
Taekwondo - Edival Pontes
Tênis - Beatriz Haddad Maia
Tênis de Mesa - Hugo Calderano
Tiro com Arco - Marcus Vinícius D'Almeida
Tiro esportivo – Geovana Meyer
Triatlo - Miguel Hidalgo
Vela – Bruno Lobo
Vôlei – Gabi Guimarães
Vôlei de Praia - Duda Lisboa e Ana Patrícia
Wrestling Greco-Romana – Joilson Junior
Wrestling Livre – Giulia Penalber

*O repórter viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)

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