JUDÔ

Dezembro, o mês em que o Brasil se despede de ícones do judô

Modalidade que mais brindou o país com medalhas em Jogos Olímpicos vê Rafael Silva, o Baby, e Mayra Aguiar se aposentarem. Enquanto eles se vão, brasilienses que pedem passagem

A história da gaúcha Mayra Aguiar está ligada aos Jogos Olímpicos: ela acumla participações em Pequim-2008, Londres-2012, Rio-2016, Tóquio-2020 e Paris-2024, além de três bronzes -  (crédito:  Júlio César Guimarães/COB)
A história da gaúcha Mayra Aguiar está ligada aos Jogos Olímpicos: ela acumla participações em Pequim-2008, Londres-2012, Rio-2016, Tóquio-2020 e Paris-2024, além de três bronzes - (crédito: Júlio César Guimarães/COB)

Acostumamo-nos a ouvir que o Brasil é o país do futebol. Depois, nos tornamos a pátria do vôlei e do automobilismo. Hoje, somos, mesmo, a nação do judô. A modalidade é a que mais alegria nos trouxe em Jogos Olímpicos. Das 170 medalhas conquistadas desde a Antuérpia-1920 até Paris-2024, 28 foram contribuição dos tatames. Seis delas com Rafael Silva, o Baby, e Mayra Aguiar, os novos aposentados do nosso esporte. O sul-mato-grossense de Aquidauana confirmou a saída do alto rendimento em 11 de dezembro. Nesta quinta-feira (26/12), foi a vez da gaúcha de Porto Alegre dar o adeus às competições.

A despedida da dupla marca a transição do judô brasileiro. Baby se despede aos 37 anos. Neste ano, fechou a participação com o bronze por equipes mistas na Olimpíada da França. A nova conquista faz companhia aos bronzes em Londres-2012 e na Rio-2016. No dia 11, revelou ter esticado a carreira para competir em Paris, pois o plano inicial era encerrar a trajetória profissional após Tóquio-2020.

Rafael Silva, o Baby, se aposenta do judô
Em Paris, Rafael Silva se tornou o judoca mais velho a subir ao pódio, aos 37 anos e dois meses (foto: Gaspar Nóbrega/COB)

Mayra encerra os serviços prestados ao esporte quatro anos mais nova. Em Paris, ela não subiu ao pódio. Porém, segue como a judoca recordista de participações no megaevento, com exibições em cinco edições consecutivas, entre 2008 e 2024. De quebra, é a maior medalhista individual, com os bronzes em Londres, Rio de Janeiro e Tóquio.

"Vivi muito intensamente o judô desde os meus 14 anos, quando entrei pela primeira vez na Seleção Brasileira principal. Com apenas 16, disputei meus primeiros Jogos Pan-Americanos e, aos 17, minha primeira Olimpíada. Foi pesado. São quase 20 anos no esporte de alto rendimento, suportando viagens, lesões e uma rotina de treinos muito intensa. Agora, vou descansar um pouco e pensar no futuro", compartilhou à Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

A relevância de Mayra Aguiar e Baby para o esporte brasileiro não se restringe às Olimpíadas. Das 54 medalhas obtidas pelo país em Mundiais, 11 tiveram a assinatura da dupla. Baby fechou a carreira com três bronzes e uma prata. Mayra subiu ao pódio sete vezes. A gaúcha se orgulha de ser a única tricampeã mundial entre homens e mulheres e recordista de conquistas. São sete na versão adulta da competição — mais três bronzes e uma prata — e quatro na edição Júnior — um título, um vice e dois bronzes.

Mayra também é a única brasileira campeã dos tradicionais Grand Slams de Paris (2012 e 2016) e de Tóquio (2023), a última conquista dela no Circuito Mundial IJF. "Entreguei sempre tudo que eu tinha. Em cada competição, em cada luta, deixei o máximo no tatame. Sou muito orgulhosa por tudo que fiz e muito grata a todas as pessoas que me ajudaram nessa caminhada, porque ninguém faz nada sozinho. Agora, vou recuperar o corpo e a mente e dedicar mais tempo a mim e às pessoas mais próximas", finalizou Mayra.

A Seleção principal de judô tem outros nomes da "velha guarda". Bronze individual em Pequim-2008 e por equipes mistas em Paris-2024, Ketleyn Quadros, 37, também vive a turnê do adeus. A judoca nascida em Ceilândia é a única a conquistar medalhas no intervalo de 16 anos. Ouro na Rio-2016 e responsável por garantir o terceiro lugar da disputa coletiva na França, Rafaela Silva garante participação em Los Angeles-2028, aquela que pode ser a última dela.

Enquanto uns se despedem, outros pedem passagem. São os casos de três brasilienses. Guilherme Schimidt foi "suporte" em Tóquio-2020, titular em Paris-2024 e possivelmente estará nos EUA. Aos 19 anos, Bianca Reis acumula medalhas em Mundiais de base e pode pintar na próxima disputa. Para o ciclo de Brisbane-2032, Nicole Marques pode ser a novidade.

Victor Parrini
postado em 26/12/2024 21:02
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