Sorriso no rosto, cabelos castanhos ondulados, recordes pelo caminho, vitórias históricas e muita velocidade. É assim que Rafaela Ferreira brilhou em 2024 e se consolidou como um dos principais destaques da nova geração de pilotos brasileiros. A jovem de 19 anos, natural de Criciúma, Santa Catarina, marcou o nome na Fórmula 4 Brasil ao se tornar a primeira mulher a vencer uma prova na categoria. Agora, acelera para ser a segunda representante verde-amarela a guiar na F1 Academy, principal competição feminina de base do automobilismo mundial.
Não bastasse o feito histórico de ser a dona da primeira vitória de uma mulher na F4 Brasil, Rafaela repetiu a dose duas vezes. Os três triunfos, somado aos outros pódios e pole positions, rendeu a ela a quarta colocação geral no campeonato e o título de equipes pela Racing TMG, time pelo qual competiu por duas temporadas.
"Foi um ano de muita evolução. Foram bons resultados, momentos importantes, aprendizados e fico feliz com tudo que a gente fez na F4", disse ao Correio, durante o Grande Prêmio de Interlagos de Fórmula 1, em novembro.
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O próximo passo dela é internacional. A catarinense será a piloto da Racing Bulls (RB), equipe irmã da Red Bull, na F1 Academy. Criada em 2023, a competição é 100% feminina e tem a tutela da Fórmula 1 para trabalhar o desenvolvimento de jovens mulheres no automobilismo. Aurelia Nobels, de 17 anos, representou o Brasil na última temporada e ficou em 12º. O título ficou com Abbi Pulling, da Alpine.
"Estou muito feliz. É um grande passo para a minha carreira, estar perto e trabalhando com um time da Fórmula 1. A gente sabe que vários pilotos passaram por lá e construíram uma carreira importante, então é muito legal ter essa possibilidade de aprender com eles", contou a jovem, que teve o primeiro fim de semana junto à construtora, durante o GP de Interlagos, em São Paulo, no começo de novembro.
"Estar por dentro dos boxes, ver o trabalho de perto, conhecer as pessoas e ver o quanto elas levam a sério esse esporte é uma oportunidade e tanto. Espero evoluir muito no ano que vem, continuar dando meu melhor, assim como fiz na Fórmula 4 e poder disputar o campeonato nas primeiras posições. Quero estar lutando na F1 Academy e fazer de tudo para levar a RB ao pódio e ter vitórias lá fora", completou Rafaela.
O exterior, inclusive, é apenas mais um dos muitos desafios que compõem a trajetória dos brasileiros que alimentam o sonho de pilotar nos principais palcos mundiais. Até por isso, o Brasil passou sete anos sem ter um representante na Fórmula 1, jejum encerrado após Gabriel Bortoleto ser anunciado como futuro titular da Sauber. Para a catarinense, ainda há o empecilho extra de ser mulher e precisar enfrentar os preconceitos, mas a resposta é dada nas pistas.
"Para ser um piloto bom, disputando na ponta em grandes categorias, é preciso um conjunto de fatores. A gente começa a ir para fora muito cedo, ficar longe de casa, em um país desconhecido, o que é uma dificuldade logo de cara. A parte financeira ainda pesa muito, até porque é tudo em euro ou dólar. É uma série de coisas que atrapalham, mas seguimos batalhando. O importante é sempre seguir em frente", compartilhou.
Ainda assim, independentemente de qualquer empecilho, o foco é claro: acelerar. Mais perto da Fórmula 1, Rafaela quer seguir aprendendo para alçar voos e velocidades cada vez mais altas, além de, claro, vencer.
"Começamos os preparativos para o ano que vem, treinando com as garotas que vão competir comigo e também conhecendo as pistas do exterior. Acho que vai ser uma temporada muito boa, a RB participou da última edição com a Amina (Al Qubaisi), então tem os dados, as gravações on-board (vídeo na visão do piloto) e tudo que precisar", detalhou. "Quero estar nas primeiras posições e levantar a bandeira do Brasil. Sinto o carinho do povo brasileiro, sempre apoiando e incentivando, então planejo dar alegria ao nosso país e sempre poder representar as mulheres", discursou.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima