A Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado ouviu na manhã desta quarta-feira o presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos, sobre as suspeitas de manipulação de resultados no Candangão de 2024.
Em 8 de outubro, William Pereira Rogatto, autointitulado "Rei do Rebaixamento", preso nos Emirados Árabes Unidos à espera da extradição para o Brasil, fez acusações citando várias vezes o nome de Daniel Vasconcelos. O dirigente se defendeu na oitiva diante do presidente da CPI, Jorge Kajuru (PSB-GO), e do relator Romário (PL-RJ). Ambos o interrogaram. O presidente negou veementemente conhecer Rogatto, apresentou um dossiê com provas durante o depoimento e aceitou depor reservadamente depois da oitiva de 29 minutos.
"Não conheço esse cidadão. Nunca falei com, nunca troquei mensagem, nunca recebi uma ligação dele. A própria presidente do Santa Maria (Dayane) explicou aos senhores como ele chegou ao Santa Maria. Tudo que ele falou que foi através de mim e mentira. Sempre tive muito cuidado e zelo com isso. Eu fui ao Ministério Público alertá-los em fevereiro para relatar situações, inclusive ameaças. Entreguei o meu celular ao Gaeco à época", disse Daniel Vasconcelos, referindo-se à Operação Fim de Jogo deflagrada em março pelo Ministério Público do DF e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime (Gaeco).
Daniel Vasconcelos afirmou que a FFDF tem contrato com duas empresas de integridade. Citou a Sportradar e o Rei do Pitaco como parceiros responsáveis pelo monitoramento de possíveis contaminações nos campeonatos do Distrito Federal. "Esse cidadão deve ter acessado o processo e viu quem fez deu início às denúncias", afirmou.
O presidente da FFDF explicou como funciona a engrenagem no monitoramento de jogos via CBF até a entrega do relatório de possíveis partidas contaminadas em competições nacionais, regionais, estaduais e do Distrito Federal. "Alertei ao promotor de Justiça Eduardo Sabo sobre a situação do Santa Maria, o único clube que teria um investidor", afirmou.
Questionado pelo senador Romário sobre as acusações de William Rogatto de que o dirigente teria aberto o mercado do futebol candango para ele, Daniel Vasconcelos negou que o conheça e muito menos tenha feito contato com ele. "Quando ele soube da denúncia, tentou me prejudicar, inclusive em questões pessoais relativas à minha família, e tentou me prejudicar de todas as formas", reforçou.
O dirigente negou conhecer detalhes do acordo entre William Rogatto e o Santa Maria. Disse também não saber quem fazia parte do estafe na gestão do time rebaixado para a segunda divisão local. Satisfeitos, Romário e Kajuru pediram um depoimento reservado depois da oitiva e Daniel Vasconcelos concordou em aguardar a reunião fechada sobre detalhes específicos do dossiê apresentado pelo dirigente.
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