Nove dias após conquistar o título inédito da Libertadores e dois depois de encerrar o jejum de 29 anos sem erguer o troféu do Campeonato Brasileiro, o Botafogo busca romper uma nova fronteira. Amanhã, às 14h, encara o Pachuca, do México, pelas quartas de final da Copa Intercontinental da Fifa, um torneio nostálgico. Com a criação do Super Mundial, o torneio retorna ao calendário 20 anos desde a última aparição. Foi disputado entre 1960 e 2004 como Intercontinental, mas chegou a ser batizado de Copa Toyota.
- Leia também: Técnico do Pachuca elogia Botafogo: ‘Grande time’
O Botafogo desembarcou ontem em Doha, após 17 horas de viagem, 44h antes do duelo contra o Pachuca. Os alvinegros aterrissaram em dois aviões fretados do New England Patriots, time de futebol americano. As aeronaves luxuosas eram equipadas com aparelhos de massagem. Tudo para defender o prestígio do Brasil na competição. O país fecha o pódio das nações mais vitoriosas do torneio, com seis títulos. Está atrás apenas da Argentina (9) e da Itália (7). As maiores contribuições para o futebol brasileiro vieram com Santos (1962 e 1963) e São Paulo (1992 e 1993). Flamengo e Grêmio completam a lista de campeões dos países com os sucessos em 1981 e 1983, respectivamente.
A equipe de General Severiano será a oitava a desfilar pelo torneio entre os melhores de cada continente, o terceiro carioca. Em 1998, o Vasco foi derrotado pelo Real Madrid no Estádio Olímpico de Tóquio. No ano seguinte, o Palmeiras caiu diante do Manchester United, por 1 x 0. O Cruzeiro acumula dois vices, após ser batido por Bayern de Munique e Borussia Dortmund em 1976 e 1997.
A missão da companhia orquestrada pelo português Artur Jorge indica ser a mais complicada. Para conquistar o troféu da Fifa contra o Real Madrid no dia 18, o Botafogo terá de disputar três partidas. É a primeira vez que isso acontece. O regulamento até 2004 previa final entre o campeão da Libertadores e o da Europa. Amanhã, o Glorioso mede forças com o Pachuca. Os mexicanos se credenciaram com a conquista invicta da Concachampions.
Apesar da conquista há seis meses, o ambiente não está tão favorável para a equipe treinada pelo uruguaio Guillermo Almada. Eles não jogam desde 9 de novembro, na despedida do torneio Apertura do Campeonato Mexicano. Terminaram na 16ª colocação da disputa com 18 times. Em 17 jogos, somaram apenas três vitórias. O esquema favorito de Almada é o 4-2-3-1, com variação para o 2-3-5 no momento ofensivo. O principal jogador da equipe é o centroavante venezuelano Salomón Rondón, companheiro do botafoguense Savarino na seleção. No banco, Almada tem à disposição o zagueiro brasileiro Eduardo Bauermann, ex-Santos. A diretoria, inclusive, tenta a contratação do atacante John Kennedy, do Fluminense.
O elenco do Pachuca é modesto em comparação com o do Botafogo. Segundo a plataforma especializada Transfermarkt, os mexicanos ostentam um elenco avaliado em R$ 295,62 milhões. O do Botafogo tem valor de pouco mais de R$ 1 bilhão. Se passar pelos representantes da Concacaf, o alvinegro terá pela frente o Al Ahly, do Egito, no sábado, às 14h. Os egípcios enfrentaram brasileiros seis vezes, todas pelo Mundial de Clubes. Jamais venceram. Amargaram derrotas para Internacional (2006), Corinthians (2012), Flamengo (2022) e Fluminense (2024). No entanto, eliminaram o Palmeiras nos pênaltis na edição de 2020. No ano seguinte, sofreram a revanche para o alviverde.
O Al Ahly é treinado pelo suíço Marcel Koller desde setembro de 2022. O ex-dono da prancheta da seleção austríaca costuma armar a equipe no 4-2-3-1. É uma equipe que gosta de povoar o meio de campo e se aproveita dos cinco homens na faixa central para servir o centroavante Kahraba ou chutar de longa e média distância. Os egípcios estão invictos na temporada, com sete vitórias em 12 jogos.
Tanto Al Ahly quanto Pachuca buscam um feito inédito. Jamais um clube fora da América do Sul ou da Europa conquistaram um torneio Fifa. Os sauditas do Al-Hilal bateu na trave em 2022 contra o Real Madrid. Duas temporadas antes, o Tigres desafiou o Bayern de Munique na decisão, após eliminar o Palmeiras, mas ficou com o vice. Al Ain (Emirados Árabes Unidos), Kashima Antlers (Japão), Raja Casablanca (Marrocos), Mazembe (RD Congo) são outros que bateram na trave.
O maior culpado por travar da ascensão de clubes de países emergentes do futebol é o Real Madrid. O recordista de conquistas da Liga dos Campeões (15) é o principal vencedor do Mundial (8) e coleciona três taças da Copa Intercontinental. Pelo caminho facilitado e elenco badalado, é o favorito ao título em 2024. No entanto, o momento da equipe comandada por Carlo Ancelotti pode ser explorado pelos rivais. No Campeonato Espanhol, o time merengue é
vice-líder a dois pontos do Barcelona. Na Champions, arrisca ficar fora do mata-mata após três derrotas em cinco jogos.
O clube merengue lida com drama de lesões. A mais séria, a do brasileiro Rodrygo. Com problema muscular na perna esquerda, o atacante não está garantido na Copa Intercontinental. O lateral David Alaba também não estará. O austríaco está longe dos gramados desde dezembro do ano passado devido ao rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Dani Carvajal, Éder Militão também serão ausências.
Agenda
Amanhã
14h Botafogo x Pachuca
Sábado*
14h Botafogo x Al Ahly
14 de dezembro*
15h Real Madrid x Botafogo
*Se avançar