Até domingo (8), 29 anos separaram o Botafogo do título brasileiro. Nos últimos dias, o time não só encerrou o jejum do torneio como conquistou uma inédita Copa Libertadores. Ou seja, entregou muito mais do que o esperado no início deste ano. O Glorioso, nas projeções dos primeiros meses, não fazia nem sombra aos favoritos frequentes: Flamengo e Palmeiras, com o Atlético-MG correndo por fora. Fluminense, o então campeão continental, e Internacional, badalado com reforços de peso, tinham mais protagonismo que o Alvinegro.
O Jogada10 enumera, na sequência, alguns dos inúmeros trunfos para que o Botafogo chegasse a uma façanha que só o Santos de Pelé e o Flamengo de Jorge Jesus conseguiram: ganhar as duas competições na mesma temporada.
Zaga BB
Bastos e Barboza formaram uma das melhores zagas de todos os tempos do Botafogo. A receita para o sucesso é bem simples: entrosamento e diferenças que se complementam. O angolano é um exemplo de sobriedade e autocontrole. Não faz questão dos holofotes e porta-se de forma elegante dentro e fora das quatro linhas. O xerife argentino representa a loucura e a rebeldia. Não tem medo de arriscar uma jogada mais arrojada. Estrangeiros, os dois tiveram o tempo necessário de adaptação ao futebol brasileiro após um início de trajetória claudicante. Em suma, é como se o Glorioso contasse novamente com Gonçalves e Gottardo, a histórica dupla de 1995.
Luiz Henrique no Botafogo até o fim do ano
Primeira grande contatação da era SAF, Luiz Henrique estava no Betis (ESP) quando o Botafogo, no início do ano, foi buscá-lo. Antes do Pantera vestir a camisa 7 do Alvinegro, especulava-se que o atacante ficaria somente até junho para, em seguida, reforçar o Lyon, coirmão da Eagle Holding, empresa do sócio majoritário da SAF alvinegra. O Glorioso seria, portanto, um “clube satélite”. Esta previsão, no entanto, não se concretizou. Aliás, em nenhum momento ele ameaçou deixar o Mais Tradicional enquanto o time estava avançando nas competições. O jogador assumiu o protagonismo, chegou à Seleção Brasileira, justificou o investimento e marcou gols decisivos nas duas conquistas.
Espera e convicção
O Botafogo do início de 2024 viveu uma novela em relação ao novo treinador. Tiago Nunes não conseguiu fazer o elenco superar os traumas de 2023 e foi demitido em fevereiro, após um frustrante empate com o Aurora por 1 a 1, em Cochabamba, na Bolívia, pela fase eliminatória da Copa Libertadores. O novo técnico do Glorioso, Artur Jorge, só chegou em abril. Até lá, a equipe ficou nas mãos de Fábio Matias. O interino mandou bem e preparou o colchão para o técnico português implementar suas ideias futebolísticas. Além disso, recuperou o vestiário e classificou o Alvinegro para a fase de grupos da competição internacional. Valeu a pena esperar o comandante bracarense.
Mental forte do Botafogo
Quem diria? Um time destroçado pelo psicológico demonstrou uma capacidade de superação extraordinária. O Botafogo passou longe de ser o cavalo paraguaio que refugou nos momentos cruciais. Houve pequenos gatilhos? Sim. Contudo, nos momentos mais complicados, o plantel sempre deu uma resposta à altura da demanda da torcida. A reta final ilustra este cenário. Três empates consecutivos e liderança perdida. E como reagiu o Mais Tradicional? Emplacou vitórias enormes sobre Palmeiras e Internacional, ganhou uma Libertadores com um jogador a menos e bateu o São Paulo no retorno ao Nilton Santos. Uma aula de como viver com o lado mental elevado.
Janela agressiva
Mandachuva do Botafogo, John Textor tirou o escorpião do bolso para o time não repetir as frustrações do ano passado. O clube alvinegro realizou uma janela assertiva, no início desta temporada. Em seguida, o empresário norte-americano cumpriu a promessa de ser agressivo no mercado, na metade da temporada. Apesar de forte, o plantel tinha algumas lacunas importantes. Faltavam laterais, um meia central e um centroavante. Mas o Glorioso soube atacá-las. Ficou, assim, com mais de uma opção por posição. Contratação mais cara da história do futebol brasileiro, o meia Almada, campeão mundial pela Argentina, representa bem esta postura do Glorioso.
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