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Sucesso em 5 atos: entenda a boa campanha do Cavs no início da temporada da NBA

Franquia de Cleveland é líder isolada da Conferência Leste e detém o melhor recorde da liga, com 17 vitórias e apenas uma derrota; time está no ritmo para alcançar o recorde histórico do Warriors de 2015/16

O começo de temporada da NBA trouxe uma série de surpresas, mas uma em especial chama a atenção: o Cleveland Cavaliers. O desempenho da franquia de Ohio salta aos olhos do restante do campeonato, com 17 vitórias e apenas uma derrota, número mais que suficiente para liderar a Conferência Leste e disparar como o melhor recorde da liga até então. Mesmo longe do favoritismo, a equipe desponta como um dos times a serem batidos no caminho para o título e mostrou que veio para ficar.

Um quarto da temporada já passou, tempo suficiente para ter uma noção melhor do que esperar de cada time para o que vem por aí. Se manter esse ritmo, o Cleveland não apenas terá o melhor recorde da própria história, mas de toda a NBA, superando o Golden State Warriors de 2015/16, que teve 73 vitórias e 9 derrotas. Vale ressaltar, no entanto, que a equipe histórica de Stephen Curry e companhia perdeu pela primeira vez apenas no trigésimo compromisso.

Porém, o que explica um desempenho tão forte de um elenco que, mesmo com bons nomes, não é um dos super-times da NBA? O Correio reuniu cinco pontos para entender a campanha do Cavs. Confira a seguir:

Manutenção da base do elenco

Quem vê o melhor time da NBA em 2024/25 não imagina que o atual elenco esteve perto de ser implodido na pré-temporada. Com o desempenho abaixo do esperado no ano anterior, os rumores cresceram sobre possíveis trocas envolvendo grandes nomes, como Donovan Mitchell e Darius Garland, mas nada foi concretizado. Pelo contrário, o Cavs manteve a maior parte do plantel, com apenas três mudanças, todas em peças que são do fundo da rotação.

Assim, a aposta deu certo contando com a recuperação de atletas em baixa, como Garland, que retomou o nível próximo ao que lhe rendeu uma participação no Jogo das Estrelas de 2022, e novos nomes ganhando destaque, especialmente Ty Jerome. Após perder a maior parte da temporada passada com uma lesão no tornozelo, o armador de 27 anos ressurgiu e se tornou importante vindo do banco, contribuindo com 12.6 pontos por jogo.

No mais, Mitchell manteve o foco dos holofotes e é o cestinha do elenco, que conta com seis jogadores acima dos 10 pontos de média por partida. Isso porque Max Strus, se recuperando de lesão, ainda não estreou.

Mudança de técnico

A manutenção da base do elenco ser citado como ponto positivo passa muito pelo novo trabalho técnico em Cleveland. JB Bickerstaff foi demitido e trouxeram Kenny Atkinson, veterano da prancheta que atuou como assistente por Knicks, Hawks, Clippers e Warriors, além de ter sido principal no Nets entre 2016 e 2020. Um dos méritos do treinador de 57 anos foi solucionar o combo de armadores “baixinhos”, Garland e Mitchell, que pararam de ser uma deficiência defensiva e começaram a se entender melhor com a bola na mão.

Além disso, Atkinson expandiu a rotação e, assim, evita que os principais jogadores fiquem desgastados. São 10 atletas atuando por mais de 17 minutos por partida e quem tem mais minutagem é Mitchell, com 31. Ou seja, é pouco mais de dois quartos e meio por jogo.

Liderança estatística

As estatísticas não ganham jogos, mas podem explicar alguns resultados. Com o Cavaliers não é diferente. O time lidera a liga em eficiência ofensiva e é 10º na parte defensiva, o que o coloca como primeiro em net rating (cálculo da eficiência de uma equipe). Já no índice de true shooting (porcentagem verdadeira de arremessos), que calcula o quão eficiente um jogador é nos chutes, o time fica no topo com 63.3%.

Se o Cleveland como equipe figura no topo das estatísticas avançadas, os atletas também marcam presença na lista de jogadores. Em especial, vale ressaltar um ponto específico: o plus/minus. O índice dá o recorte do impacto de um jogador em quadra, mostrando se o time vence ou perde com ele em ação. No top-11 da NBA, considerando todos os jogadores, o Cavs emplaca quatro nomes, com Evan Mobley (4º), Caris LeVert (7º), Darius Garland (8º) e Donovan Mitchell (11º).

Evolução de Evan Mobley

Terceira escolha geral no draft de 2021, Evan Mobley é cercado de expectativas desde quando entrou na liga e sempre correspondeu. São quatro temporadas acima de 15 pontos e 8.3 rebotes de média em uma desempenho mais importante que os números. Nesta edição, no entanto, está ainda mais importante. O Cavs supera os oponentes por 9.9 pontos por jogo com o ala-pivô em quadra, muito em razão da defesa. Com instintos aguçados, elite na proteção ao aro, certeiro nas rotações e capaz de marcar todas as posições, Mobley certamente virou um forte candidato ao prêmio de Defensor do Ano.

 
 
 
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Dever de casa contra adversários mais fracos

É inegável que, de fato, o calendário foi bondoso com Cleveland no começo da temporada 2024/25. A equipe enfrentou muitos adversários modestos, como Wizards, Raptors (2x), Bulls (2x), Hornets, Nets e Pistons, além de pegar times melhores em má fase ou desfalcados, como foi contra 76ers, Bucks (2x) e Pelicans. Ainda assim, um dos deveres de quem quer ser campeão é saber se sobressair contra os piores, e isso o Cavs fez com excelência. No mais, também não é para descartar os resultados positivos contra outros postulantes ao título, como Knicks, Lakers e Warriors. A única derrota foi para o Celtics, atual detentor do caneco, e por apenas três pontos.

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