Refém do sistema tático com extremos, o técnico Dorival Júnior tenta classificar a Seleção Brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 e levá-la ao hexa de um jeito autoral. Jamais o país conquistou o título mundial com dois típicos pontas. Tite tentou em 2022 no Catar com Vinicius Junior e Raphinha. O sucessor dele insiste em aproveitar o vasto repertório de emuladores de Arjen Robben. O holandês, aposentado desde 2021, inspirou gerações.
Na campanha do bi, em 1958, o Brasil tinha um armador pela esquerda, a formiguinha Zagallo, e um ponta nato na direita, o driblador endiabrado Mané Garrincha. Em 1970, Rivellino criava aberto pela esquerda compondo o meio de campo com Clodoaldo e Gerson; e Jairzinho era um falso ponta na direita. Entrava em diagonal para fazer gols. Fez seis. Um em cada jogo na campanha do tricampeonato no México.
Em 1994, Carlos Alberto Parreira optou por dois volantes (Mauro Silva e Dunga) e dois meias (Raí depois Mazinho) e Zinho. Luiz Felipe Scolari dava poder aos alas Cafu e Roberto Carlos no sistema tático com três zagueiros (3-4-1-2) na conquista do pentacampeonato em 2002. Dorival Júnior está fechado com os pontas. Adotou o 4-3-3, 4-2-3-1 e variáveis dos dois modelos em todos os 13 jogos à frente da Seleção em 10 meses e 9 dias de trabalho. Formou-se no Brasil uma geração de pontas com o pé trocado: os canhotos pela direita e os destros pela esquerda. Todos driblam para o centro, passam a bola, cruzam ou finalizam.
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O planejamento do Brasil para conquistar o hexa é ter um discípulo do holandês Robben de cada lado do campo. Vinicius Junior é o extremo esquerdo. Tem Gabriel Martinelli e os híbridos Savinho e Rodrygo como concorrentes. Na outra banda, Raphinha, Luiz Henrique e Estêvão disputam aquele pedaço do campo.
"O plano é justamente fazer o que vem fazendo, respeitando todos os adversários, não renunciando às características principais que sempre foram jogadas de dentro do nosso país, buscando ser uma equipe ofensiva, tentando acuar o adversário a todo momento, pressioná-lo sempre que possível e jogando um futebol solto, vistoso, com alegria. Acho que isso talvez seja o maior desafio para que possamos chegar a um melhor momento do futebol brasileiro", projeta Dorival Júnior depois do empate com a Venezuela.
A fartura de pontas do Brasil contrasta com a escassez de meias. Raphinha, por exemplo, começou a ser adaptado ao papel de construtor nas vitórias contra o Chile e o Peru em outubro, e no empate da última quinta-feira contra a Venezuela. Falta ao Brasil o que sobra ao adversário de terça-feira na Arena Fonte Nova, em Salvador: os meias raiz.
O Uruguai se especializou na formação de enganches, os meias. Marcelo Bielsa não terá os lesionados Arrascaeta e De La Cruz nesta Data Fifa. Os dois maestros do Flamengo estão lesionados. A fartura permite à esquadra celeste delegar a organização do meio de campo a outros dois criadores: Federico Valverde e Rodrigo Bentancur. Ao contrário do Brasil, o Uruguai usa pontas sem pés invertidos: o destro Pellistri e o canhoto Maxi Araújo.
Enquanto o Brasil tem pontas em excesso e os improvisa como meias e até falsos noves, como Rodrygo, o Uruguai ostenta outro artigo raro na Seleção Brasileira: centroavante. A Seleção testou 10 jogadores como referências no ataque no ciclo para a Copa de 2026. No mesmo período, o Uruguai se despediu dos históricos Luis Suárez e Edinson Cavani e abraçou Darwin Núñez como homem-gol abastecido pelos pontas Pellistri e Maxi Araújo.
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