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Rússia x Ucrânia: Brasileiros do Shakhtar pedem a Lula Acordo de Paz no G20

Em nome da trégua, Marlon Gomes e Pedrinho sugerem a Lula a inclusão da guerra de quase mil dias na pauta da Cúpula do G20 no Rio e testemunham ao Correio Braziliense como é jogar bola no fogo cruzado

Quando a 19ª Reunião da Cúpula do G20 começar, na próxima segunda, no Museu de Arte Moderna do Rio, a guerra da Rússia contra a Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro de 2022 estará a 48 horas de completar 1.000 dias. Engajados na paz na Ucrânia, dois jogadores do Shakhtar Donetsk, atual campeão da Premier League e da Copa da Ucrânia, clamam ao presidente anfitrião Luiz Inácio Lula da Silva e aos líderes das principais economias do mundo por um tratado de paz na Cidade Maravilhosa.

O atacante Pedrinho e o meia Marlon Gomes veem no G20 o atalho para um gol de placa: o combate à indiferença ao cotidiano bélico nos países do Leste Europeu. Dados do governo dos Estados Unidos apontam 115 mil mortes russas e 57.500 ucranianas, além de 750 mil feridos.

"Se eu pudesse fazer um pedido ao Lula, é que ele coloque em pauta no G20 o que acontece nessa guerra. Está morrendo muita gente inocente. Que ele tente conversar com os dois lados para selar a paz. Surgem sempre reuniões, mas nem sempre chegam ao acordo, até porque não é algo tão fácil. Que isso acabe, e possamos viver normalmente", reivindica Pedrinho em entrevista ao Correio Braziliense.

O discurso pela paz na Ucrânia é justificado pelo exercício da profissão em um ambiente de alta periculosidade. Pedrinho e Marlon moram sozinhos no hotel do Shahkhtar, em Lviv, na fronteira com a Polônia. Eles e os companheiros de time só saem para treinar e jogar pela Premier League (Campeonato Ucraniano), a Copa da Ucrânia ou a Champions League. Mandam jogos nacionais na capital Kiev, e internacionais em Gelsenkirchen, na Alemanha. As exibições da Liga dos Campeões são a única chance de ver a família presencialmente.

"O mais difícil é a distância e a saudade. Tenho um filho pequeno. É muito difícil ficar longe dele. As reportagens que saem daqui e chegam aí (no Brasil) são muito pesadas e preocupam. Nossa mente é um turbilhão de coisas. Nunca vivemos isso", testemunha Marlon Gomes ao Correio Braziliense.

Falta calor humano. Devido à guerra, o Shakhtar está exilado. A média de público do time em Kiev, onde joga o adversário Dínamo, é de 1.123 corajosos. Casa do Shakhtar, em Donetsk, a Donbass Arena, uma das sedes da Eurocopa de 2012, não recebe jogos desde um atentado em 2 de maio de 2014.

O Shakhtar dá todas as condições de trabalho aos sete jogadores brasileiros do elenco. Sob ataque, os jogadores se refugiam no bunker do hotel. Foi assim quando Pedrinho e a família escaparam no início do conflito, em 2022. Eles conseguiram entrar em um trem na estação de Kiev numa viagem de 14 horas até Lviv. Pegaram ônibus de lá até a Romênia e embarcaram de volta ao Brasil em um avião providenciado pelo governo.

"O Shakhtar nos dá total segurança, mas viver longe da família em situação de guerra é complicado. A família tenta entender que abdicamos de muita coisa agora para colher lá na frente", pondera Pedrinho.

Emocionado, Marlon conta como as crianças ucranianas tratam os jogadores de futebol dos times locais em tempos de escassez de entretenimento. "As crianças nos veem como super-heróis que levam alegria a eles e às famílias". testemunha.

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