Belo Horizonte — A frieza do Flamengo para suportar a pressão de um Atlético-MG inflamado pela torcida serviu para garantir o pentacampeonato da Copa do Brasil. Na tarde deste domingo (10/11), a Massa Alvinegra incendiou a Arena MRV, embalada sob o mantra do “eu acredito”, mas esbarrou em um adversário calculista e maduro o suficiente para não se intimidar. Em jogo de trocas de comando, o rubro-negro freou o ímpeto do Galo, foi assertivo na hora certa e contou com gol heroico de Plata para soltar o grito de “é, campeão” em terras adversárias.
O sofrimento pareceu controlado ao longo dos 90 minutos, mas não foi fácil desde o início. O clima de pandemônio na final ganhou contornos com a festa pirotécnica realizada pela torcida atleticana na Arena MRV. No momento da entrada dos times em campo, um mosaico 3D com imagens do Galo observando a terceira conquista da Copa do Brasil foi exposto. Aos gritos de “eu acredito” — frase também exposta nas arquibancadas —, fogos de artifício, fumaça e bandeiras nas cores preto e branco tomaram conta do ambiente.
Com bola rolando, o Fla alternou posturas para construir a vitória. Quando tinha a bola no pé, assustava. Em outros momentos, o rubro-negro apostou na frieza diante de uma Arena MRV fervendo para se sobressair. O Atlético-MG precisava marcar e buscou espaços, mas as principais chances vieram em chutes de fora da área. O Galo partiu para um tudo ou nada desde o início da etapa final com substituições para deixar o time ofensivo, mas errou muito e não aproveitou as chances criadas. Melhor no jogo, o rubro-negro também pecou em finalizações, mas não perdoou em uma delas: Plata marcou no fim o gol do pentacampeonato da Copa do Brasil.
Controle rubro-negro
Mesmo com dois gols de frente, o Flamengo não mudou a postura de jogo com marcação alta, troca de passes e “cera” de Rossi. O Galo apostava na tranquilidade e troca de passes para furar a barreira rubro-negra. A primeira chance foi carioca: aos dois, Gerson recebeu em profundidade, mas Everson saiu bem e abafou. O Atlético-MG respondeu duas vezes: primeiro, Zaracho chutou fraco de fora de área, aos quatro. Com 12, após algum marasmo, Hulk colocou muito mais força em cobrança de falta e exigiu boa defesa em dois tempos de Rossi.
Após suportar o primeiro terço de bola rolando, o Flamengo viu o Galo ficar mais com a bola. Aos 18, em nova jogada trabalhada, Hulk novamente exigiu Rossi. O rubro-negro tentava manter a frieza para deixar o tempo passar e, aos 25, criou a melhor chance. Gerson deu passe de cinema para Wesley cruzar e Arrascaeta, livre, desviar por cima. A direita era a melhor opção rubro-negra e, com 27, Wesley criou nova jogada. A pelota rodou a área e achou Evertton na entrada da área. Bem posicionado, Everson jogou a finalização para escanteio.
Com espaço na intermediária, o Atlético-MG via nos chutes de longe uma alternativa. Aos 30, Arana tentou e errou. Havia, porém, uma dificuldade de evolução. Mesmo com a bola, o Galo não rompia a defesa rubro-negra. De tão frio, o Fla quase errou. Com 35, Pulgar saiu mal e Rossi se recuperou para impedir o gol de Paulinho. A blitz alvinegra se intensificou nos minutos finais. A pressão, no entanto, se resumiu a cruzamentos cortados pela sólida defesa rubro-negra. Outra vez propositivos, os cariocas não finalizaram, mas mantiveram o controle até o fim do primeiro tempo.
Fla mata o jogo
Sem cerimônia, Gabriel Milito e Filipe Luís alteraram táticas na largada da etapa final. O Galo voltou com Alan Kardec, enquanto o Fla trocou Gabi por Bruno Henrique. BH teve a primeira grande chance pós-intervalo. Aos seis, recebeu lançamento de Rossi e parou em Everson. Empurrado pela Massa, o alvinegro seguiu com a bola e no ataque. A tática de alçar bolas na área se manteve. Com mais poder ofensivo, algumas delas foram desviadas, mas nada capaz de estufar a rede da Arena MRV nos primeiros 15 minutos.
Ameaçado, o Flamengo reforçou a bola aérea defensiva com a entrada de Fabrício Bruno. Mas a pressão seguiu. Com 14, Hulk invadiu a área, finalizou e Rossi salvou. Aos 17, BH teve outra grande chance. Mas, ao tentar cavar, não encobriu Everson. O rubro-negro desperdiçou outras duas oportunidades de ampliar a frente. Os cariocas se aproveitavam bem da agonia atleticana e, com a bola no pé, conseguiam fazer o relógio passar com menor grau de sofrimento.
Nas arquibancadas, o som da torcida rubro-negra passou a ser ouvido com mais clareza com a proximidade do título. Com o Galo ansioso, as chances do Flamengo prosperaram. Aos 35, Alex Sandro recebeu livre na área, mas chutou mal e Everson fez milagre. Nada dava certo aos alvinegros. Nem uma bola quicando na frente do gol. Na sequência, o Flamengo definiu. Plata recebeu lançamento, puxou contra-ataque e deu toque de categoria para colocar na rede e garantir o pentacampeonato para o clube da Gávea.
Festa e confusão
O gol do título do Flamengo acirrou os ânimos na Arena MRV. Enquanto os rubro-negros em minoria vibravam de um lado, os atleticanos oscilaram gritos de apoio e ações descabidas. Muitos arremessaram objetos no gramado, forçando uma paralisação de quase 10 minutos. Com os ânimos mais calmos, o Galo seguiu em busca dos gols e deixou espaços. Aos 47, Wesley perdeu outra chance na cara de Everson. O jogo tinha dificuldades de seguir. Rossi reclamava de bombas e objetivos jogados próximos a ele.
O Fla ainda teve tempo de novo contra-ataque. Nesse, Saravia parou Bruno Henrique com falta e, como era o último homem, acabou expulso. David Luiz cobrou bem e Everson mostrou elasticidade para buscar no canto. Com o jogo com cara de pelada, Everson salvou outra de Wesley. Mas nem era preciso marcar outra vez. Se antes os gritos no estádio eram de "eu acredito", a festa alvinegra virou rubro-negra e terminou com festa embala pelo "é, campeão" dos cariocas.
Ficha técnica
- Atlético-MG 0 x 1 Flamengo
- Final — Copa do Brasil — Volta
- Local: Arena MRV
- Público: 44.876
- Renda: R$ 10.410.129,58
- Árbitro: Raphael Claus (Fifa-SP)
Atlético-MG
Everson; Lyanco (Saravia), Battaglia, Junior Alonso e Arana (Rubens); Scarpa (Alisson), Otávio (Alan Kardec), Alan Franco e Zaracho (Bernard); Hulk e Paulinho. Técnico: Gabriel Milito
Cartões amarelo e vermelho: Lyanco e Saravia (vermelho)
Flamengo
Rossi; Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Erick Pulgar, Evertton Araújo, Gerson e Arrascaeta (Fabrício Bruno); Michael (Plata) e Gabigol (Bruno Henrique). Técnico: Filipe Luís
Gol: Plata, aos 35 do segundo tempo
Cartões amarelos: Pulgar e Fabrício Bruno
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