ARTILHARIA

Atacantes não embalam e Brasileirão vive seca de goleadores

Mais de dois meses depois da lesão de Pedro, atacantes encontram dificuldade para assumir artilharia da elite nacional. Estêvão é quem está mais perto de tomar o posto, mas índice final deve ser o menor da história dos pontos corridos

A 32ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro acabou, ontem, com brigas acirradas em todos os setores da classificação. No entanto, a disputa pela artilharia — o prêmio individual mais valorizado entre os atacantes — está bastante fria, arriscando ter um dos menores índices da era dos pontos corridos iniciada em 2003. Restando seis partidas para o fim do torneio nacional, o lesionado Pedro, do Flamengo, ainda lidera a corrida dos goleadores, com 11 gols. 

Estêvão, do Palmeiras, desponta como o principal candidato a ultrapassar o inativo goleador rubro-negro. Chama a atenção Pedro manter o domínio entre os artilheiros do Brasileirão, mesmo passados exatos 67 dias da lesão no joelho sofrida pela Seleção Brasileira. O camisa 9 flamenguistas está congelando na liderança da disputa individual dos goleadores desde 1º de setembro, quando marcou o 11º dele no torneio nacional, diante do Corinthians. 

Desde então, não jogou mais pelo Flamengo. A frente permaneceu isolada por cinco rodadas. Contra o Fortaleza, Estêvão conseguiu alcançá-lo. A joia alviverde de 17 anos tem, ainda, a oportunidade de ser o artilheiro mais jovem da história do Brasileirão. Além do atleta do Palmeiras, pelo menos oito jogadores sonham em tomar o posto ocupado por Pedro: Hulk tem 10 gols; o vascaíno Vegetti, os são -paulinos Luciano e Lucas Moura, o corintiano Yuri Alberto, os palmeirenses Flaco López e Raphael Veiga, e Alerrandro, do Vitória, estão com nome.

Mesmo se assumirem a ponta da artilharia, dificilmente algum deles impedirá a atual edição do Brasileirão ficar marcada como a dos goleadores de baixa eficiência na era dos pontos corridos. Em 21 edições da Série A realizada com o modelo de disputa mais popular entre os campeonatos nacionais no mundo, excluindo a atual, a temporada com menos gols ocorreu em 2016. 

Naquele ano, três jogadores dividiram a artilharia da elite nacional, cada um com 14 bolas na rede. Diego Souza, do Sport, Fred, do Atlético-MG e William Pottker, da Ponte Preta, estão marcados na história como os artilheiros com média mais baixa de gols. Até hoje, o mais eficiente está registrado na temporada 2004. Na disputa, o atacante brasiliense Washington Coração Valente marcou 34 vezes pelo Athletico-PR. 

O torneio, porém, tinha mais equipes envolvidas e contava com 46 rodadas. No modelo atual, com 20 clubes jogando 38 vezes, Cano, do Fluminense, é o melhor: 26 gols. Estêvão precisaria de, pelo menos, quatro bolas na rede nas seis rodadas restantes para ir além dos 14. Isso significa um grande salto na média de gols da promessa. A atual está em 0,42 e é excepcional para um jogador de 17 anos em um torneio de ponta, como a Série A do Brasileirão. 

No entanto, é muito abaixo na tentativa de impedir a menor artilharia da história da elite nacional. Curiosamente, a temporada de 2024 não está entre os anos com menos bola na rede. Cada jogo do torneio tem, pelo menos, 2,44 comemorações por partida: são 775 em 319 compromissos até aqui. A de 2018 é isolada a menor, com 2,18. Além da lesão de Pedro — além de artilheiro do Brasileirão, o flamenguista também é o maior goleador do Brasil no ano, com 30 gols —, outros fatores explicam a baixa eficiência dos artilheiros na temporada da Série A. 

Os sistemas táticos de várias das equipes envolvidas dá menor protagonismo ao centro-avante na hora de colocar a bola na rede. Entre os nomes vivos na disputa, por exemplo, apenas quatro são homens de área: Vegetti, Flaco López, Alerrandro e Yuri Alberto. 

Mesmo fora de ação até, pelo menos, o segundo trimestre de 2025 — a recuperação, em média, varia de seis a 10 meses —, Pedro se coloca em um patamar distinto na prateleira dos atacantes no futebol brasileiro. Os demais esbanjam qualidade, mas ainda encontram dificuldades para não deixar a edição atual conhecida como a da seca de goleadores. Quem está em campo tem mais seis fichas para apostar em busca de bolas na rede para transformar, de vez, o cenário atual.

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