O Brasil está voltando aos poucos ao posto de personagem importante no automobilismo e pode somar mais uma grande conquista no futuro próximo. Gabriel Bortoleto, que irá representar o país na Fórmula 1 após sete anos de jejum brasileiro na categoria, lidera o campeonato de pilotos da Fórmula 2 e tem chance de garantir o título já neste fim de semana, durante a etapa no Qatar, com sprint às 13h20 deste sábado (30/11) e a corrida principal no domingo (1/12), às 9h20. Se conseguir o feito, ele se junta a Oscar Piastri, da McLaren, como únicos campeões da F2 e da F3 no ano de estreia.
Para fazer as contas pelo título, primeiro é preciso entender o sistema da categoria. São 39 pontos em disputa por etapa, distribuídos em 25 para a corrida principal (dez primeiros pontuam), 10 na sprint (oito primeiros pontuam), dois pontos para o piloto que fizer a pole position e mais um para quem cravar a volta mais rápida em cada prova.
No momento, Bortoleto, da Invicta, lidera com 169,5 pontos, contra 165 do francês Isack Hadjar, da Campos Racing. Ou seja, o brasileiro precisa somar 35 pontos a mais para confirmar o título antecipado. No entanto, a conta só é possível se ganhar as duas corridas e torcer para o adversário ficar zerado. Outra alternativa seria vencer a prova principal, ficar em segundo na sprint e fazer a pole, porém Paul Aron garantiu a posição de honra na classificação desta sexta-feira (29/11).
Gabriel marcou o segundo melhor giro na tomada de tempo, então larga em 2º na corrida principal e em 9º na sprint, já que o grid da bateria curta inverte a ordem de começo dos dez primeiros. Enquanto isso, Hadjar teve o desempenho contrário, largando em 9º e 2º, respectivamente.
Caso Bortoleto consiga a vitória nas duas corridas e o francês termine fora da classificação, o título é do Brasil. Se não conseguir, a decisão fica para a última etapa do ano, em Abu Dhabi, no próximo fim de semana (6/12 a 8/12).
Pressão pelo futuro
Favoritos ao título da F2, Bortoleto e Hadjar estão em cenários opostos quando o assunto é a tranquilidade fora das pistas. Enquanto o brasileiro já está garantido na Sauber e irá correr na Fórmula 1 na próxima temporada, Hadjar passou a maior parte do ano como um dos nomes cotados para assumir um assento na Racing Bulls, mas ainda é um caso incerto. No cenário atual, os titulares da equipe, Yuki Tsunoda e Liam Lawson, podem subir para a Red Bulls no lugar do contestado Sergio Pérez, o que abriria uma chance ao francês, mas tudo depende de uma possível demissão do mexicano.
Ainda assim, o desempenho positivo do argentino Franco Colapinto na Williams chamou a atenção da equipe de Milton Keynes, que pode considerá-lo para uma hipotética vaga. O sul-americano já sabe que tem os dias contados no time britânico, que havia acertado um contrato com Carlos Sainz para formar dupla com Alexander Albon em 2025, mas se destacou durante as sete corridas que participou.
Por isso, Hadjar ganhou uma pressão extra para as corridas finais na F2, precisando impressionar para ter a chance de um lugar na elite. Apesar de ser um dos principais nomes das categorias de base, o francês ainda amarga o fato de não ter um título de expressão, tendo sido vice-campeão duas vezes no kart (2016), além de terceiro lugar na Fórmula 4 francesa (2020) e na Fórmula Regional Asiática (2022).