"Na estrada dos louros, um facho de luz, tua estrela solitária te conduz". Se o próprio hino botafoguense reforça, nada mais justo que a torcida adotar o trecho e ir de corpo e alma, aos trancos e barrancos, rumo à Glória Eterna, conduzido pelo amor ao clube. A chance do sonhado título inédito da Libertadores deu motivo de sobra para pai e filho embarcarem em uma aventura por céu, terra e água até chegar ao Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, para torcer pelo Botafogo na final de sábado (30/11), às 17h, contra o Atlético-MG.
A chance de ser campeão levou Lenio Carneiro, empresário de 73 anos, e Lenio Carneiro Júnior, escritor e designer gráfico de 25 anos, a abraçarem uma viagem mirabolante com destino à Argentina. O pai deixou Goiânia, onde mora, de carro, com mais dois familiares para atravessar o Brasil, com paradas em Araguari (MG), Ponta Grossa (PR), Osório (RS) e Jaguarão (RS) até chegar a Montevidéu. Lá, encontrou o filho, que embarcou de avião de Brasília até Santiago, no Chile, onde ficou um dia e depois pegou voo para a capital uruguaia.
Nesta sexta-feira (29/11), a dupla segue de carro com os primos Carlos e Marcos Vinícius até a Colônia do Sacramento, sudoeste do Uruguai. De lá, pegarão uma balsa para atravessar o Rio Prata e, finalmente, chegar a Buenos Aires. "Peguei o voo mais barato, com milhas, por isso foi assim. Na volta, vamos todos na estrada, na segunda-feira, sentido Foz do Iguaçu (PR). A alegria dentro do carro dependerá do placar", brinca o escritor. "Não considero uma loucura, mas, sim, um pequeno sacrifício. Vale tudo pelo Botafogo. Já fui a outras decisões no Rio de Janeiro, mas esta é a mais emocionante", descreve o empresário.
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A família considerava a ida para a decisão desde quando o Botafogo avançou para a semifinal, contra o Peñarol, que terminou com goleada do Glorioso. No entanto, o martelo só foi batido depois da eliminação do River Plate. Na opinião da dupla, seria mais tranquilo ir para uma partida entre dois times brasileiros do que contra um time argentino, especialmente com a concorrência do dono da casa.
Ainda assim, independentemente do adversário e até mesmo do resultado da final, eles têm claro qual é a melhor parte do trajeto: estar em família. "Isso deixa tudo mais especial. Estar com o filho da gente, com os parentes e amigos, é muito bacana. Estou muito feliz de ter ele aqui comigo, porque somos botafoguenses de quatro costados", celebra Lenio. "Se não fosse o meu pai, acho que talvez eu nem seria botafoguense e nem viria para cá. Estamos com mais duas pessoas especiais, então é muito legal. Eu não gosto tanto de futebol, mas gosto do Botafogo, então vale a pena, é a maior loucura que já fiz pelo time", compartilha Lenio Júnior.
Com o clima de festa e a felicidade de estar em família, as dificuldades ficam em segundo plano. "É um desafio deixar o Brasil e entrar em um país desconhecido, que nunca tínhamos viajado de carro. Mas vamos vencendo as etapas, e está tudo ótimo", conta o pai. "Gastar todo o tempo da viagem de carro é difícil, mas é uma escolha ousada e que compõe a aventura total da Libertadores. Meu pai fala que está sendo tranquilo, mas é cansativo, ele não revela. Talvez o maior desafio ainda esteja por vir e seja o próprio jogo", imagina o jovem.
Depois de tanta aventura para chegar até o Monumental de Núñez, a expectativa só poderia ser positiva, mas o pai está mais confiante que o filho. "Acho que vai ser 2 x 0 para o nosso Fogão", palpita o patriarca. "Torço para ser 5 x 0, uma goleada, mas acho que vai ser 0 x 0 até a prorrogação e, depois disso, vai dar Botafogo, no tempo extra ou nos pênaltis", aposta Lênio Jr..
Quem sabe, após toda a estrada, pai e filho não cheguem aos louros e conquistem a sonhada glória eterna.
*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini
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