Um grande ídolo merece ser lembrado. E o Ayrton, do Brasil, tem a trajetória tricampeã da Fórmula 1 narrada na série Senna, lançamento da Netflix desta semana. Trinta anos depois da morte do ícone do automobilismo, a plataforma adapta, pela primeira vez, a caminhada de um dos maiores protagonistas das pistas e um dos maiores esportistas da história do país.
Em seis episódios de aproximadamente uma hora, a minissérie acompanha a vida do piloto paulistano, que foi dominante nos circuitos da Fórmula 1 entre 1984 e 1994. A produção parte da infância e dos tempos de kart e chega ao trágico acidente que interrompeu de forma precoce a vida de Senna, aos 34 anos, em um 1º de maio em Bolonha, na Itália. Gabriel Leone interpreta o tricampeão mundial.
Para os fãs da alta velocidade, é uma obra que transporta, com maestria, a adrenalina e a tensão das corridas. Pela ótica de Senna, o público enxerga as brechas de ultrapassagem, as mudanças de marcha e os problemas eventuais dos carros das escuderias Toleman, Lotus, McLaren e Williams. Toda corrida, o piloto pede para que o cinto esteja o mais apertado possível para sentir o carro. Graças às escolhas de direção, o espectador consegue sentir a emoção do ídolo.
Os amantes da história e universo do automobilismo ganham ao ver de perto alguns dos grandes marcos da F1. Por algum tempo, Senna e a competição eram sinônimos. A disputa mudou para sempre graças à figura do tricampeão mundial. Uma simbiose estranha, por vezes injusta, mas que foi tema a nível global na virada da década de 1980 para 1990.
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A parte técnica também enche os olhos. O som dos motores, as rodas subindo nas zebras da pista, as gotas d'água subindo no asfalto quando os carros passam. A produção é de alto nível. Tudo é construído para ser sentido. Algumas vezes como um espectador de F1, outras como o próprio piloto.
Porém, para além de um retrato biográfico bem feito, é uma ode ao maior piloto brasileiro de todos os tempos, indiscutivelmente um dos presentes na prateleira mais alta do panteão da história da Fórmula 1. As fotos históricas são reproduzidas em cenas, as corridas especiais ganham tempo de tela e a emoção e o carinho do povo brasileiro é lembrado.
As memoráveis disputas com o rival francês Alain Prost, muito bem representado por Matt Mella, as remontadas de posições baixas do grid para o pódio e a habilidade na chuva esquentam o coração de quem acompanhou Senna, mas oferecem um detalhamento e uma novidade para quem apenas ouviu, leu ou assistiu às reportagens após a morte do ícone.
Em um Brasil que carece de grandes ídolos e vive dividido, trazer Senna de volta é uma mensagem de união. A inegável tristeza da partida da lenda se mistura com a intensa alegria que ele deu ao povo em uma história que o país precisava e o ídolo merecia que fosse contada.