O "Rei do Rebaixamento", como ficou conhecido William Rogatto, foi localizado e detido pela Interpol em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, nesta sexta-feira (8). O empresário é acusado pelo Ministério Público do Distrito Federal de manipular diversas partidas do Candangão 2024. Os crimes aconteceram quando William exercia a função de gestor do Santa Maria.
Foi o senador Carlos Portinho (PL-RJ), o responsável por avisar a Polícia Federal (PF) da detenção. Portinho, membro da CPI no Senado, é um dos encarregados por investigar o escândalo de manipulação de resultados.
O senador esteve em contato com a PF para tornar possível a extradição de Rogatto para o Brasil. Um acordo de delação premiada também foi oferecido, assim como a apresentação das provas supostamente carregadas pelo antigo empresário.
Durante audiência acontecida no último dia oito de outubro, o ex-empresário confirmou ter se envolvido em 42 rebaixamentos em 26 estados brasileiros. Ele ainda confessou ter aliciado presidentes e dirigentes de clubes, assim como jogadores e árbitros de futebol. Por estar foragido do Brasil, os senadores envolvidos na CPI já haviam iniciado manobras para localizá-lo.
Manobras diversas
Durante a audiência acontecida em outubro passado, Rogatto disse ter faturado R$ 300 milhões com manipulações diretas em resultados de diversas partidas durante anos. As manobras culminaram em rebaixamentos de 42 equipes brasileiras, em todas as 26 unidades da Federação, além do próprio DF. William também atuou em em nove países além do Brasil, como a Colômbia, por exemplo.
O último caso envolveu o Santa Maria. O Águia acabou rebaixado à Segundinha depois de terminar a campanha na elite candanga de 2024 na última posição, com apenas três pontos. No meio do caminho, sofreu derrotas como um 6 x 0 diante do Ceilândia; 5 x 0 contra o Gama; e 7 x 1 frente ao Capital.
“Estou aqui para pedir desculpa para a presidente do Santa Maria e ao marido dela (Erivaldo Alves), que tem um problema de saúde gravíssimo. O Daniel nem teve o composto de entender isso e me fez chegar e aproveitar, porque eles não tinham dinheiro. Eu enganei a presidente (Dayane Nunes). Perdão por ter enganado ela (sic), mas era o meu trabalho. Eu sempre enganei os presidentes. O Daniel me fez chegar nesse clube, que eu fizesse. Facilitou os jogos. Digo os jogos que fiz sem problema com o apoio dele”, afirmou Rogatto.
“Eu sou a máquina que está oferecendo dinheiro mais fácil para o atleta e dando dignidade para o cara dar de comer à família dele. Será que eu sou tão errado assim? Fui um dos maiores. Se não o maior, um dos mais organizados. Eu já trabalhei e operei nas 26 unidades da federação e no Distrito Federal. Inclusive, no Distrito, foi onde eu bati de frente com um cara muito forte. Aí, a gente vai naquela luta de poder. Eu perdi e fiquei exposto. O presidente da federação (de Futebol do DF) foi o cara que mais me apoiou em tudo o que eu fiz”, acrescentou.
A suspeita por um envolvimento de Rogatto com o processo de manipulação de resultados chamou a atenção com as performances do Santa Maria nas partidas mencionadas. Portanto, ligou o alerta do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
O órgão aponta William como chefe do esquema. Ele teria influenciado nos resultados de, pelo menos, duas partidas. Com garantias de que auxiliaria na montagem de um plantel competitivo para o torneio local, Rogatto fez justamente o contrário, além de ter convencido os jogadores a integrarem o esquema. De acordo com o Ministério Público, dois jogadores do time candango são investigados por suposto envolvimento com a manipulação de resultados.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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